A era Lula

A eleição de FHC como presidente do Brasil gerou um clima de euforia na direita, que superava o susto do fracasso do Collor e o favoritismo do Lula nas pesquisas.

A Folha de S.Paulo não deixou por menos: começou a publicar um caderno com o título de  A era FHC. Eram tempos novos, que soterravam os antigos. Acabava a URSS e, com ela, a esquerda, os sindicatos, os partidos, o Estado. E, claro, Lula e o PT, que não lhes deixavam dormir.

A Era FHC era a época do pensamento único, do consenso de Washington, do fim da polarização direita e esquerda, capitalismo e socialismo. FHC, vindo da oposição à ditadura, supostamente da social democracia, para a nova direita, neoliberal, de aliança com ACM, vinha para mudar tudo e superar os difíceis dilemas da direita.

Logo logo o governo FHC se revelou um reles governo neoliberal mais, similar aos de Menem, de Fujimori, de Carlos Andres Peres, entre outros governos no reio neoliberal latino-americano que eles havia instalado. O caderno da Era FHC foi desaparecendo, até que desapareceu, sem nem sequer uma errata da FSP.

Já a vitória do Lula não foi saudada como um momento realmente novo, único, na história do Brasil. Ainda mais que derrotava um dos queridinhos da FSP, o Serra que, segundo o the Economist, é “o melhor presidente que o Brasil nunca terá”. Clima funesto, se davam consta que o ciclo tucano tinha vida curta. Só  restava sabotar o novo governo e torcer para que não desse certo. Para que as palavras do Delfim Neto dessem certo: “Um dia o PT vai ter que ganhar, vai fracassar, e assim vamos poder governar o Brasil com calma”.

Só que o governo Lula deu certo, mais do que qualquer outro na história do Brasil. Começou uma verdadeira Era Lula, mesmo sem cadernos especiais da FSP.

Lula foi não apenas um presidente, eleito e reeleito, o primeiro líder sindical presidente do Brasil. Que elegeu e reelegeu sua sucessora, a primeira mulher presidenta do Brasil. Lula mudou a identidade brasileira, a forma dos brasileiros pensarem o país, se pensarem a si mesmos. Lula marcou a história brasileira não somente por ter lutado contra a fome e a miséria, a desigualdade e a exclusão social. Mas por ter erigido o povo brasileiro, pela primeira vez, em sujeito da  história, por ter demonstrado para os brasileiros que podemos ter uma sociedade melhor, menos injusta, soberana, respeitada no mundo, de que os brasileiros podem se orgulhar.

Por ter projetado no mundo à imagem do Brasil como país que luta prioritariamente contra a fome a miséria. Que é solidário com as lutas dos outros povos. Que busca resolver pacificamente os conflitos entre os países, entre todos.

Lula fez do Brasil um líder político mundial, um país respeitado, que passou a atrair a atenção do mundo. Ele mesmo, Lula, passou a ser o brasileiro mais conhecido no mundo.

E a vida política brasileira passou a girar em torno do Lula. Presidente, líder político, perseguido, preso, tudo o que diz ou faz, se torna o centro da vida política nacional. Impossível pensar o Brasil sem o Lula. Quem não compreende o Lula, não compreende o Brasil. A ponto que do destino do Lula depende o destino do Brasil.

A Era Lula começou quando ele dirigiu as greves mais importantes da história sindical brasileira. Continuou quando ele liderou a fundação do PT e da CUT, quando apoiou a fundação do MST. Quanto ele passou a se projetar como principal líder político brasileiro. Quando finalmente foi eleito presidente do Brasil e foi o melhor presidente da nossa história.

A Era Lula, porque ele já deixou marcas que não se apagarão nunca no nosso país e no nosso povo. O Brasil nunca mais será o mesmo, desde que o Lula surgiu como grande líder nacional. O passado recente, o presente e o futuro, são momentos da Era Lula, o período determinante da história contemporânea do Brasil.