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Marcos Coimbra

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

88 artigos

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Ilude-se quem vislumbra vida curta de Bolsonaro no governo

Sociólogo Marcos Coimbra, do Vox Populi, avalia que Jair Bolsonaro está à disposição para fazer o serviço sujo do ultraliberalismo; "A variável crucial é o comportamento da maioria. À oposição, cabe a responsabilidade de esclarecê-las, mostrando os descalabros que o governo comete e lhes oferecendo outra opção"

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Chegará o dia em que a maioria da sociedade vai querer vê-lo pelas costas, mas não é agora

É estranho constatar que alguém tão completamente desprovido de qualidades quanto Jair Bolsonaro ocupe o cargo de presidente da República. Muita gente nem acredita.  

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Não sem razão, pois é mesmo chocante que ele tenha vencido uma eleição majoritária no Brasil, país que, até há pouco tempo, era saudado mundo afora pelos avanços sociais.  

Não apenas vencido, mas que faça o lastimável governo que, dizem alguns, chefia.

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A incredulidade levanta duas suposições.  

A primeira é que ele talvez não seja o completo idiota que parece – por trás das aparências se esconderia um espertalhão.  

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A segunda é que o tamanho de sua incompetência fará com que sua permanência no cargo seja breve.  

É extraordinário, mas permanece a dúvida a respeito da incapacidade mental de Bolsonaro (e, por extensão, daqueles que orbitam em seu entorno), apesar de ele estar no cargo há quase seis meses.  

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O tempo deveria ser suficiente para um veredicto.  

Na oposição, muita gente ainda imagina que o ex-capitão e alguns de seus companheiros se fingem de burros e malucos para assim disseminar a confusão e dificultar a compreensão do que fazem.  

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Bolsonaro, os patéticos filhos, os ridículos ministros, os desmiolados inspiradores, todos estariam acumpliciados no estratagema.  

A algaravia que fazem não passaria de uma cortina de fumaça para confundir os cidadãos, enquanto realizam seus objetivos políticos e perseguem as metas de sua agenda econômica.

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A dificuldade em aceitar que o bolsonarismo é exatamente o que vemos, que nada existe por debaixo dos panos e que os incompetentes parecem ser incompetentes porque o são (assim como os idiotas), talvez decorra de um equívoco a respeito da última eleição.  

A vitória de Bolsonaro não é prova de sua sagacidade e superioridade em relação aos derrotados.  

Ele não venceu por ser, de alguma maneira, “melhor” que esses, o que, por motivos evidentes, os deixaria arrasados. Pior do que Bolsonaro ninguém quer ser.

Não cabe, no entanto, tirar essa lição do resultado eleitoral de 2018.  

É fato que o ex-capitão venceu, mas isso não quer dizer que tenha sido uma vitória limpa ou legítima.  

Ao contrário, ela só veio em razão de uma sucessão de golpes, a começar pela proibição da candidatura de Lula, promovida por ninguém menos que um bolsonarista, futuro ministro do dito-cujo.  

Os derrotados perderam porque ele trapaceou, fugindo do debate democrático e se escondendo atrás de uma suspeitíssima junta médica. Ganhou porque arranjou aliados para financiar ilegalmente uma guerra suja nas redes sociais para destruir a imagem do candidato petista.

Ninguém precisa inventar que Bolsonaro foi competente para não se sentir incompetente.  

Vencer o pleito não o tornou melhor do que antes. Continua a não passar de um medíocre, cercado de medíocres, fazendo um governo medíocre. Para dizer o mínimo.  

A segunda suposição é que um governo tão ruim quanto o de Bolsonaro só pode ter vida curta. Que alguém vai tirá-lo de cena em breve para limpar o Palácio do Planalto e arrumar a bagunça.

Várias opções para essa função de higienização foram cogitadas desde a posse. De todas, a principal aponta para os militares, pois o vice é um general do Exército. Mas há quem aposte que o Congresso, pelas mãos do presidente da Câmara, ou o “mercado” (incluindo seus porta-vozes na mídia), decretando sua desconfiança definitiva no governo, poderiam abreviar o pesadelo.  

Equivoca-se quem pensa assim, por três motivos. O primeiro é o mais evidente: Bolsonaro e os bolsonaristas estão encantados com o poder e só deixarão seus postos quando forem enxotados.  

Pelo segundo motivo, é remota a hipótese de que sejam forçados a sair a curto prazo.  

A maioria da opinião pública por enquanto considera prematura a destituição de Bolsonaro, pois, de acordo com o senso comum, “ainda é cedo”: para aqueles com baixo interesse por política e pouco informados, seis meses são insuficientes.  

Chegará o dia em que a maioria da sociedade vai querer vê-lo pelas costas, mas não é agora.  

O terceiro é óbvio: aqueles que o colocaram lá supõem que ele ainda tem serventia.  

Não se iludem com o personagem, mas acreditam que podem dele se aproveitar. Bolsonaro está à disposição para fazer o serviço sujo do ultraliberalismo, mesmo que canhestramente, a seu modo.  

A variável crucial é o comportamento da maioria. À oposição, cabe a responsabilidade de esclarecê-las, mostrando os descalabros que o governo comete e lhes oferecendo outra opção, sem permitir que a crítica seja apresentada como fruto de qualquer rancor pela derrota eleitoral.  

Bater boca com Bolsonaro é jogar o jogo que ele quer, pois é a única coisa que ele sabe fazer.

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