Marin ultrapassa artilharia da Folha em assembleia da CBF

Com documentos, presidente da entidade obtém aprovação unânime das contas de 2012 em  reunião com as 27 federações de futebol do País; José Maria Marin mostra ITBI de prédio comprado pela CBF, no centro do Rio, em agosto do ano passado, com avaliação de preço feita pela Prefeitura: R$ 72 milhões; valor é superior em R$ 2 milhões ao apontado por reportagens do jornal da família Frias e pelo UOL como o superfaturado; entrou claudicante e saiu fotalecido; Marin, como Zagalo, poderia dizer: 'Vocês vão ter de me engolir'

Marin ultrapassa artilharia da Folha em assembleia da CBF
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247 - Na prática, pela unanimidade dos votos das 27 federações de futebol profissional do País, o presidente da CBF, José Maria Marin, venceu na tarde desta terça-feira 16 uma queda de braço iniciada contra ele pelo sítio UOL e o jornal Folha de S. Paulo, ambos propriedades da família Frias. Acusado de ter pilotado a compra de um prédio para a CBF, no centro do Rio, no ano passado, de modo superfaturado, num salto de R$ 39 milhões para R$ 70 milhões, segundo reportagens publicadas nos dois veículos, Marin apresentou na assembleia da entidade documentos que apontaram para um negócio comercial sem artifícios ilegais.

A maior prova apresentada por Marin foi o documento de ITBI – Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis – com a avaliação do preço final do prédio feita por técnicos da Prefeitura da cidade. Ali foi registrado o valor de mercado de R$ 72 milhões, com o recolhimento do imposto correspondente a esse montante. Em título forte, às vésperdas da assembléia, a Folha fez um acusação direta a Marin, em reportagem exclusiva assinada pelos enviados especiais ao Rio Leandro Colon e Martín Fernandez, além de Sérgio Rangel: "Marin comprou sede superfaturada para a CBF". A ênfase afirmativa pode ser motivo de ação civil a ser movida por Marin contra a publicação dos Frias, à luz dos documentos revelados por ele agora. Ele acredita ser alvo de uma campanha orquestrada.

Além do ITBI com o valor de mercado do imóvel, Marin apresentou pareceres de três grandes imobiliárias que atuam no centro do Rio de Janeiro, todas elas com estimativas de preço semelhantes ao indicado pela Prefeitura. Os papeis, ao contrário das folhas da Folha, mostram que não houve superfaturamento.

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As denúncias da Folha tiveram base em indicações do deputado federal Romário, notório desafeto de Marin. O ex-camisa 11 da seleção campeã da Copa do Mundo de 1994, no entanto, foi convocado nesta terça pelo Supremo Tribunal Federal, onde tem foro privilegiado, a apresentar suas próprias provas para a acusação contra Marin. A mostra de documentos tem de ocorrer rapidamente, sob pena da denúncia se voltar contra o próprio Romário, por falsa acusação.

Na assembleia de hoje, todos os presidentes votaram a favor das contas de Marin em 2012, num gesto expressivo de apoio à continuidade da gestão dele à frente da entidade. Obediente a um estatuto que dá plenos poderes ao colegiado de federações, é só pelo voto contrário dessas entidades que Marin pode ser defenestrado do cargo. A partir do resultado da reunião desta, não há indícios de que isso vá ocorrer. Em outras palavras, Marin ganhou apoio político e força legal para continuar no cargo até o fim do seu atual mandato, que ultrapassa a Copa do Mundo de 2014, a ser realizada no Brasil.

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No campo político, o presidente da CBF, que foi deputado estadual da Arena, nos anos 1970, em São Paulo, e tornou-se, na década seguinte, vice-governador de São Paulo sob Paulo Maluf e, em seguida, governador do Estado, também vem sendo fustigado. O colunista Juca Kfouri, da Folha e do UOL, foi o primeiro a levantar que Marin havia feito, em pronunciamentos na Assembléia Legislativa, ataques ao então comando de jornalismo da TV Cultura. O chefe da redação era o jornalista Vladmir Herzog, morto sob tortura no Doi-Codi paulistano dias após discursos do próprio Marin e do então presidente do Corinthians, também deputado, à época, Wadih Helou.

O presidente da CBF se defendeu dizendo que não objetivou apontar o dedo para Herzog e atrair a repressão sobre ele. Afirmou, em entrevistas, que nunca escondeu ser um político de feitio conservador, aliado dos governos militares. Neste sentido, mais tarde, Marin chegou a discursar com elogios ao notório chefe de torturas delegado Sérgio Paranhos Fleury. Hoje, Marin alega que apenas participava da sustentação política dos governos daquele período. O certo é que, neste momento, ele superou a artilharia desferida contra ele especialmente pelos jornais da família Frias, lembrando, entre seus amigos, que também a Folha deu sustentação ao regime militar. Ao conseguir explicar aos presidentes de federações que comprou legitamente o prédio no centro do Rio para a CBF, Marin deu sua volta por cima e fortaleceu-se solidamente para continuar à frente da entidade. Mais que um gol, efetuou uma goleada, até aqui, de 27 a zero.

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