A Bahia quer explicações

Ao atribuir o atual colapso financeiro à crise internacional de 2008, o governador Jaques Wagner subestima os baianos. Quando se nega a reconhecer as verdadeiras causas do desastre, o faz para não confessar a sucessão de equívocos da sua gestão



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As recentes análises de especialistas sobre a situação financeira do Estado da Bahia, que revelam um quadro de crise sem precedentes, despertam a preocupação dos baianos atentos à baixa qualidade dos serviços públicos prestados e ao futuro da nossa terra.

Apesar de estudos técnicos demonstrarem o desequilíbrio das contas públicas, configurado na incapacidade de planejamento e controle financeiro e orçamentário nos últimos seis anos, o governo do PT tenta omitir a realidade ao divulgar que isso se deve aos efeitos da crise internacional, originada nos Estados Unidos, em 2008.

Ao atribuir o atual colapso financeiro a um fato ocorrido há cinco anos, o governador Jaques Wagner subestima os baianos. Quando se nega a reconhecer as verdadeiras causas do desastre, o faz para não confessar a sucessão de equívocos, má utilização dos recursos e falta de atitude que têm marcado a sua administração.

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Caso contrário, como admitir que as secretarias do Planejamento e da Fazenda não tenham projetado a tempo os efeitos, nas receitas estaduais, das desonerações tributárias concedidas pelo governo federal para evitar a desaceleração econômica do País? No plano administrativo, quais razões de interesse público justificaram a criação de secretarias, órgãos e de mais 1.500 cargos comissionados?

As contradições entre as necessidades da sociedade e as prioridades do governo ficam evidentes quando se observa a soma de recursos destinados a alguns itens de despesa nos últimos cinco anos, a exemplo das viagens oficiais que consumiram R$ 611 milhões, e a contratação de serviços terceirizados e locação de mão de obra, que, somados, comprometeram R$ 20 bilhões do erário.

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Cinco anos após a crise norte-americana, as despesas de custeio continuam crescendo mais que as receitas correntes. Nesse período (2008-2012), enquanto as receitas correntes aumentaram 51%, os gastos com consultoria evoluíram 210%, a locação com mão de obra 153% e os serviços contratados a terceiros 89%.

O Governo do Estado, ao exceder os gastos em custeio e estourar o déficit previdenciário, reduziu significativamente sua capacidade de investimento. Calculadas por meio do crescimento dos recursos destinados às funções de governo, as prioridades da administração petista até o exercício de 2012, em 1º e 2º lugares, foram gastos em Comunicação e com a Copa do Mundo. Menosprezadas, saúde e educação ficaram em 11º e 15º lugares, respectivamente.

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Resultado dessa falta de prioridade e desordem administrativa e financeira: não há condições para negociações salariais justas com professores e policiais, os fornecedores ameaçam suspender os serviços, as obras que dependem de recursos estaduais foram paralisadas, e o governo foi forçado a recorrer a operações de empréstimos nacionais e internacionais, aumentando a dívida pública em R$ 3,7 bilhões, entre 2010 e 2013.

O Governo do Estado já passou de todos os limites. Temos a pior saúde preventiva do nordeste, a terceira pior educação pública do país e a segurança pública com os piores índices de todo o Brasil, enquanto as despesas com publicidade atingiram 149 milhões, em 2012, e compromete R$ 1,8 bilhão com a PPP do estádio da Fonte Nova. Os gastos crescem sem critérios e a máquina pública funciona apenas na propaganda.

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Se não bastasse esse quadro preocupante, recentemente foi constatada que uma conta retificadora de ativos do Governo do Estado no Banco do Brasil, uma conta contábil que deveria zerar o seu saldo ao final do dia, tem sistematicamente virado o dia com saldo negativo acima de um R$ 1 bilhão, chegando, em alguns dias, a absurdos R$ 3 bilhões. Essa conta configura empréstimos ilegais, sem a devida autorização da Assembleia Legislativa, o que contraria a resolução 043/10 do Senado Federal, demandando dos órgãos fiscalizadores, nos âmbitos estadual e federal, uma posição urgente e proativa, com a seriedade correspondente à gravidade da situação.

Problemas fiscais, descontrole nos gastos, irregularidades contábeis. A Bahia, que não merece e nem aceita mais essa série de erros e omissões aguarda e cobra as explicações devidas dos responsáveis.

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