Sai a Kombi, entra o Gripen

O Brasil fez a escolha certa na compra dos caças e tem a oportunidade de fazer renascer a indústria de defesa



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Foi sintomático. No mesmo dia em que confirmou a exigência de que as montadoras só vendam veículos com airbags e freios abs em 2014, o que pode preservar milhares de vidas no trânsito, o governo anunciou a compra, para a Força Aérea Brasileira, de 36 caças Gripen, por US$ 4,5 bilhões. A primeira decisão sacramenta o fim da Kombi, um carro amado por nostálgicos, mas que, no mundo civilizado, não apresenta condições adequadas de segurança. A segunda traz para o Brasil uma indústria de ponta, que pode fazer renascer o setor de defesa no País. Ou seja: na destruição criadora do capitalismo, descrita pelo economista Joseph Schumpeter, o obsoleto dá lugar ao moderno.

Tudo isso acontece na cidade de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que é o coração da indústria nacional e também berço do sindicalismo que levou o torneiro mecânico Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República e um outro operário, Luiz Marinho, à prefeitura da cidade. Nessa conquista, que traz 1,8 mil empregos para o município, onde a Scania, parceira da Saab, fabricante do Gripen, já está instalada, a ação de Marinho foi fundamental. "Lobista" assumido da proposta sueca, ele foi a Estocolmo, chegou a pilotar os aviões e, quando tudo parecia decidido em favor dos franceses do Rafale, comprou uma briga pública com o então ministro da Defesa, Nelson Jobim, que era recebido em castelos na França.

Marinho nunca escondeu sua posição por uma razão simples. A oferta sueca era, no seu entendimento, a que mais trazia benefícios para sua cidade – sobre isso, não há dúvida – e também para o País. No pacote do Gripen, além dos empregos, numa fábrica que irá produzir 80% da aeronave no Brasil, estão ainda previstos um generoso financiamento e, sobretudo, a transferência da tecnologia na inteligência dos caças. Bem mais do que os americanos do F-18 pareciam dispostos a entregar – além disso, a relação de confiança com os Estados Unidos ficou e ainda está seriamente abalada desde o episódio da espionagem denunciada por Edward Snowden, ex-agente da NSA.

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Em relação aos franceses, que foram os mais explícitos lobistas, a derrota tem um sabor de vinagre. A despeito dos passeios em castelos, das viagens a Paris, dos litros de champanhe e vinhos preciosos gastos no lobby pelo Rafale, havia um problema de fundo: além de mais caro, o caça francês, simplesmente, não vinha tendo sucesso no mercado internacional. E por mais que presidentes franceses, como Jaques Chirac, Nicolas Sarkozy e François Hollande estendessem o tapete vermelho aos presidentes brasileiros, a "grandeur" francesa já não seduz como antigamente.

Por último, a compra dos caças é também uma decisão corajosa da presidente Dilma, que representa um momento de afirmação do País. Não custa lembrar que esse processo foi iniciado ainda no governo FHC. A indecisão durou mais de 13 anos e atravessou os dois mandatos do ex-presidente Lula. Hoje, com grandes reservas internacionais e novas riquezas, como o petróleo do pré-sal, o País tem a obrigação de equipar o setor de defesa e de proteger seu patrimônio. Nesse novo Brasil, sai a Kombi, entra o Gripen.

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