O futuro (incerto) de Joaquim

O atual presidente do STF só tem uma alternativa se quiser manter-se diante dos holofotes e não cair no ostracismo: concorrer a um cargo eletivo



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Apesar do suspense, tudo indica que o ministro Joaquim Barbosa se aposentará mesmo, precocemente, do Supremo Tribunal Federal. Para deixar a toga antes do prazo regulamentar, oficialmente ele alega cansaço, embora com pouco mais de 10 anos na magistratura, mas extra-oficialmente especula-se que o principal motivo é o seu desejo de ingressar na política, mesmo considerando-a um "jogo sujo", concorrendo a um cargo eletivo. Com o ego inflado pela exposição excepcional na chamada Grande Imprensa, durante o julgamento do chamado mensalão, o ministro Barbosa se viu de repente catapultado à condição de estrela, com projeção internacional, e até citado como possível candidato à Presidência da República. Passou, então, a comportar-se como tal, inclusive afivelando sorrisos na carranca de ministro durão ao ser assediado por pessoas do povo. A pesquisa de intenção de votos que o colocou entre os preferidos do eleitorado, para a sucessão da presidenta Dilma Rousseff, parece ter sido a gota que faltava para convencê-lo de um futuro promissor na política.

No último final de semana, porém, o presidente do Supremo afirmou, em entrevista à revista "Época", que não é candidato ao Palácio do Planalto. Conscientizou-se, provavelmente alertado por alguém, que sem a proteção do cargo de presidente do Supremo será um grande alvo para as críticas acerbas de todos os que discordam de suas decisões no julgamento do mensalão. Ele próprio disse, na entrevista, que não deseja expor-se "ao apedrejamento". E, obviamente, não terá mais a excepcional cobertura da Grande Imprensa porque, fora do STF, não atenderá mais aos interesses dos grupos políticos que dominam a Grande Mídia e que pretendem a derrocada do petismo. Então, pergunta-se, por que ainda quer deixar a toga se não deseja concorrer à Presidência da República?

Ele deixou aberta a possibilidade de concorrer ao Senado pelo Rio de Janeiro, conforme convite de pelo menos dois partidos, o que se confirmará caso deixe o Supremo dentro do prazo legal de desincompatibilização. No entanto, tudo leva a crer que o verdadeiro motivo da sua aposentadoria antecipada é a falta de ambiente na mais alta Corte de Justiça do país, pois com suas atitudes arrogantes e atos ditatoriais conseguiu incompatibilizar-se com a maioria dos seus colegas. E não pretende subordinar-se ao seu principal desafeto dentro do Supremo, o ministro Ricardo Lewandowski, que vai assumir a presidência da Corte e certamente está se preparando para devolver as humilhações de que foi vítima com a revogação monocrática de suas decisões. Depois da derrota no julgamento dos embargos infringentes, o ministro Barbosa sabe que vai passar a colher os frutos amargos que plantou pois, como disse Jesus, "a semeadura é livre, mas a colheita obrigatória".

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Diante desse panorama sombrio para quem gosta de ser incensado, o atual presidente do STF só tem uma alternativa se quiser manter-se diante dos holofotes e não cair no ostracismo: concorrer a um cargo eletivo. Se voltar atrás e decidir entrar na corrida presidencial, só terá a cobertura da Grande Mídia se os patrocinadores da candidatura do senador Aécio Neves entenderem que ele poderá beneficiar o tucano levando o pleito para o segundo turno. Caso contrário, ficará entregue à própria sorte apanhando mais do que a Geni, do Chico Buarque. De qualquer modo, somente no principio de abril próximo será possível vislumbrar-se o futuro do até então todo poderoso ministro Joaquim Barbosa, de triste memória no Supremo.

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