A cultura da desinformação

"Ditabranda", "porrada necessária", a desinformação é a pauta de nossa imprensa. Ainda tentaram um hipócrita mea-culpa para atenuar responsabilidades jamais julgadas



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O golpe civil-militar de 64 está completando 50 anos. Vários veículos têm feito sua análise do momento vivido. O que poderia estar contribuindo para uma melhor compreensão da história do país, mais a confunde.

Como aprender com o passado se o presente deturpa a verdade? "Ditabranda", "porrada necessária", a desinformação é a pauta de nossa imprensa. Ainda tentaram um hipócrita mea-culpa para atenuar responsabilidades jamais julgadas. O discurso contra a impunidade é esquecido quando convém. Ele tem lado.

Não há como relativizar o que foi desumano. Como justificar o abominável? Exceção à TV Brasil que abordou o tema com muita profundidade.

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Mas, hoje, não se usam mais tanques nas ruas. Na tentativa desesperada de reaver o comando do governo, que pelas urnas parece difícil no momento, oposição e mídia conservadoras abusam da desinformação.

Nossa história diz que todo governo de cunho trabalhista foi golpeado. A democracia sempre foi posta como coadjuvante. E o PT, em seu terceiro mandato consecutivo, ainda não aprendeu. Volta e meia parece se equilibrar na corda bamba.

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As esperanças de uma 'Lei da mídia' e reforma política, estratégicas no processo da democratização do país, parecem perdidas.

Desde o primeiro governo Lula, o Ministério das Comunicações foi usado em troca da governabilidade. A pasta sempre teve um titular descomprometido com a concentração do setor. Não é usando o controle remoto que encontraremos a pluralidade tão necessária à democracia, como pensa a presidenta Dilma.

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Quando o governo se viu nas cordas, quase nocauteado pelas surpreendentes manifestações de junho do ano passado, Dilma Rousseff aplica um contragolpe certeiro: a reforma política – o outro pilar que traria enorme sustentação ao regime democrático. Mas, inexplicavelmente, nunca mais usou. Perdeu a chance da iniciativa do combate. E, já que o Congresso também se mostra inerte – o que não é surpresa -, cabe, então, à sociedade, comprar essa briga.

Como disse, magistralmente, o ministro do Supremo Tribunal Federal e futuro presidente do TSE, Dias Toffoli, "o financiamento das candidaturas, desde o cargo de vereador até o presidente da República, foi capturado pelas empresas. O setor privado capturou a democracia no Brasil." E continua, "as pessoas não estão estimuladas a participar dos partidos. No Brasil os partidos não têm democracia interna. O financiamento de partidos e campanhas eleitorais por pessoas jurídicas é uma deturpação da democracia."

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Tá explicado porque o deputado Eduardo 'teles' Cunha (PMDB-RJ) está no terceiro mandato.

Voltando ao primeiro pilar - democratização da mídia -, realço as palavras do Papa Francisco em sua crítica aos pecados da imprensa:

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"Hoje o clima midiático tem suas formas de envenenamento. As pessoas sabem, percebem, mas infelizmente se acostumam a respirar da rádio e da televisão um ar sujo, que não faz bem. É preciso fazer circular um ar mais limpo. Para mim, os maiores pecados são aqueles que vão na estrada da mentira, e são três: a desinformação, a calúnia e a difamação. A desinformação é dizer as coisas pela metade, aquilo que é mais conveniente. Assim, aquele que vê televisão ou ouve rádio não pode ter uma opinião porque não possui os elementos necessários."

Essa foi a forma que o Papa encontrou para dizer que a Globo é o Cramunhão.

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A melhor maneira de lembrar o triste episódio de 64 e nos livrarmos, de vez, de seus fantasmas, seriam as execuções das reformas da mídia e política.

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