Copa do Brasil: esta Nação jamais será a mesma!

Futuros estudiosos da antropologia do futebol no Brasil saberão, sem dúvida alguma, reconhecer o impacto desse esporte em nossa vida cultural, econômica e social como delimitada em dois tempos - antes e depois da Copa do Brasil 2014



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A arena da Amazônia é de uma beleza e perfeccionismo de encher os olhos! Uma arquitetura arrojada, um design refinado e uma bela cidade. Essa é a receita para ter esse novo templo do futebol.

O futebol, a paixão nacional, até cinco anos passados se celebrava somente em três ou quatro estados brasileiros: Rio, São Paulo, Porto Alegre e Salvador. Com esta Copa 2014 a paixão brasileira do mundo esportivo foi democratizada de forma única e inigualável.

A autoestima do "resto do Brasil", tendo que ser sempre visto como lugares do futebol-refugo, sedes de times menosprezados como de "várzeas", agora está engalanado:

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1. Quem iria imaginar que Manaus um dia sediaria jogo oficial de Copa do Mundo reunindo duas campeãs do mundo de futebol com a tradição de Itália e Inglaterra, somando as duas equipes 5 títulos mundiais?

2. Quem imaginaria, também, que um dia o México enfrentaria os Leões Camaronenses no moderno altar do futebol brasileiro que é a sofisticada Arena das Dunas em Natal?

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3. E, em meio a um dos mais belos cenários do mundo, no coração do pantanal matogrossense, alguém sonharia em colocar um jogo de Copa do Mundo em Cuiabá, como esse em que o Chile, contando com a impressionante torcida de 20.000 compatriotas que vieram de seu país, daria uma lavada de 3 x 1 na Austrália?

4. Agora, pense bem, você que ora me lê: será que em fins do século XX alguém seria insano a ponto de imaginar que as seleções campeã (Espanha) e vice-campeã (Holanda) da Copa 2010 se enfrentariam na belíssima Fonte Nova de Salvador, em jogo da Copa 2014 e que o vice daria um chocolate saboroso de 5 x 1 na campeã do mundo?

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5. Somente um delirante incorrigível, tão insuportavelmente quanto aqueles desbravadores modernos que, ainda nos 1950, vieram à solidão deste Planalto Central, ousaram transferir a capital federal do Brasil da sempre festejada cidade do Rio de Janeiro, poderiam quase 50 anos depois imaginar que Brasília sediaria partida oficial de Copa do Mundo reunindo Suiça e Equador em um dos mais imponentes monumentos ao futebol mundial - o Estádio Nacional Mané Garrincha?

E pensar que há semanas ainda ouvia queixumes vindos do sudeste e sul Maravilha criticando a Copa do Brasil por se atrever a realizar uma Copa da Inclusão no Brasil: como construir arenas e estádios tão bonitos, modernos e imensos em cidades periféricas como Natal, Manaus, Curitiba e Cuiabá?

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Certamente são aqueles mesmos que há pouco mais de uma década se negariam a promover a mais formidável inclusão social do Brasil. A receita deles era infalível: primeiro precisamos fazer crescer o bolo e, só então, teremos algo para dividir com o restante do país. E foi isso que gerou esse Brasil assustadoramente desigual, onde uns parecem ser mais brasileiros que outros em termos de direitos, qualidade de vida, educação, saúde, mobilidade e segurança.

Com o futebol se deu o mesmo. Bons jogadores só os que brilhassem no Maracanã e no Morumbi. Futebol-arte só aquele do eixo carioca e paulista. Todos os demais seguiam a perversa casta regionalista do esporte: Rio Grande do Sul com o Grêmio/Internacional; Pernambuco com Náutico/Santa Cruz/Sport; Minas Gerais com o Atlético/Cruzeiro; Bahia com o Bahia/Vitória. Depois os times paranaenses, capixabas, paraenses, pernambucanos, potiguares, manauaras, catarinenses.

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Esta Copa do Brasil 2014 trouxe esse legado intangível, esse sentimento de pertencer à brasilidade, essa percepção que não há imprensa-contra, vândalos-mascarados e nem alas vips de Itaquerão - com seu habitual preconceito e ojeriza às massas sofridas de brasileiros anônimos - capazes de impedir que flua por todo o país o sangue vital e generoso do Brasil.

Como, por justiça, deveria ter sido desde todo o sempre.

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Este legado - a autoestima rejuvenescida de brasileiros que vivem em Manaus, Cuiabá, Natal, Fortaleza, Recife, Brasília, Curitiba, Salvador - com seus rostos felizes, orgulhosos de serem reconhecidos no mundo todo, de sentir que os olhos, coraçōes e emoçōes de mais de 1 bilhão de seres humanos, ao longo de 90 minutos por partida da Copa, se dirigem às suas cidades, a seus estados, às suas origens ancestrais e... ais seus belos templos do futebol.

Futuros estudiosos da antropologia do futebol no Brasil saberão, sem dúvida alguma, reconhecer o impacto desse esporte em nossa vida cultural, econômica e social como delimitada em dois tempos - antes e depois da Copa do Brasil 2014.

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Concluo estas reflexões tomado por esta emoção brejeira e saborosa a me dominar intensamente. Descubro-me, assim, cada vez mais responsável pela felicidade do todo. E é isso o que somos: guardiões da felicidade e do bem-estar de todos. Porque o que traz felicidade à parte passa a trazer felicidade ao todo.

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