A Revolução dos BRICs

A cúpula de Fortaleza atingiu resultados bem maiores do que os céticos, sempre críticos a uma política externa menos subordinada aos Estados Unidos, previam



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Em 2001, quando o economista Jim O’Neill, então no banco Goldman Sachs, criou o termo BRIC, referindo-se a Brasil, Rússia, Índia e China, nem ele próprio imaginava a dimensão da transformação econômica que ocorreria nos anos seguintes. Essas nações, que àquela época representavam 9% do PIB global, hoje somam 25%, quando se avalia o poder de compra de suas moedas. E uma aproximação geopolítica entre os quatro, tão distintos entre si, nem sequer havia sido cogitada por O’Neill.

Mas foi nesta semana, numa cúpula realizada em Fortaleza, que o bloco, encorpado pela África do Sul, emitiu os primeiros sinais de que pretende buscar objetivos comuns, ocupando um maior espaço na cena internacional. O passo mais importante foi a criação de um banco de desenvolvimento, com capital de US$ 100 bilhões, sede na China, presidência da Índia e o comando brasileiro no conselho de administração. Uma iniciativa saudada pelo próprio Fundo Monetário Internacional, que viu no Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) um instrumento complementar para enfrentar crises externas. 

Os resultados, portanto, foram bem mais significativos do que previam as vozes sempre críticas a uma política externa brasileira mais autônoma e menos subordinada aos Estados Unidos, que falavam num encontro que serviria apenas para fotos protocolares entre presidentes. E eles não se limitam ao NBD. No mesmo dia em que os chefes de Estado Dilma Rousseff e Xi Jinping se encontraram, a Embraer anunciou a exportação de 60 aeronaves para a China, o embargo à carne brasileira foi suspenso e a Vale obteve uma linha de crédito adicional de US$ 5 bilhões do banco de desenvolvimento chinês.

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Para os russos, cujo presidente, Vladimir Putin, vem sendo alvo de uma tentativa de isolamento internacional após a crise na Ucrânia, o encontro foi ainda mais importante e tratado pela mídia local como uma “união histórica”. Putin terá razões ainda maiores para se aproximar dos BRICS depois do incidente trágico da quinta-feira 17, quando um Boeing civil foi abatido por um míssil, na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, matando quase 300 pessoas. O Ocidente, naturalmente, tratará de apontá-lo como responsável pela tragédia, para colocá-lo como um pária internacional.

Agora, um dos desdobramentos possíveis será o início do comércio entre os BRICs, que já são detentores de grandes reservas internacionais, em suas próprias moedas, enfrentando a hegemonia do dólar. O encontro de Fortaleza serviu para mostrar que um mundo multipolar já é realidade e que uma nova ordem internacional está nascendo. Não por acaso, a Rússia defendeu abertamente um assento para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU. 

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