Banco Central vai punir o Santander?

Não são apenas os trabalhadores que exigem uma postura mais dura diante da ingerência ilegal do Santander nos assuntos internos do país. Até setores da mídia tradicional já propõem ações mais incisivas em defesa da economia nacional



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Em visita ao Rio de Janeiro no domingo (27), o presidente mundial do Santander, Emilio Botín, jurou que o banco é inocente no episódio da circular dirigida aos seus "clientes ricos" com previsões terroristas sobre a economia e com nítidos propositivos eleitoreiros – contra a reeleição de Dilma Rousseff. "Continuamos investindo e incentivando todo o mundo para que invista no Brasil", afirmou à Agência Brasil. Para ele, o texto que gerou tanta celeuma "não é do banco, mas de um analista", que escreveu "sem consultar seus superiores" e que já foi punido. Com esta resposta, o banqueiro espanhol – famoso pelas ligações com a seita conservadora Opus Dei – tenta encerrar o caso. Será que o Banco Central, responsável pelo sistema financeiro nacional, vai aceitar esta desculpa? Não caberia algum tipo de punição em defesa da economia nacional?

Segundo o jornal Estadão, a presidenta Dilma e o PT já aceitaram as justificativas do Santander e o escândalo caminha para o esquecimento. O objetivo seria evitar turbulências no sistema financeiro. Se depender da mídia privada, que sobrevive de milionários anúncios publicitários desta instituição, o caso será, de fato, rapidamente arquivado. O falido Estadão inclusive está pendurado em dívidas e hoje é comandado por banqueiros. Diante do risco do esquecimento, é muito importante a posição assumida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Sistema Financeiro (Contraf-CUT), que exige apuração rigorosa e punição exemplar do banco espanhol, famoso por suas estripulias no país.

Os crimes do banco espanhol

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"Não permitiremos que os atos terroristas de bancos, como o Santander, coloquem em risco a democracia, que foi duramente conquistada após muita luta e sangue nos últimos 50 anos", afirma Carlos Cordeiro, presidente da entidade. "Mais do que pedir desculpas, o Santander tem que passar a respeitar os clientes, os bancários e o Brasil, bem como mudar a sua gestão equivocada no País, onde o banco obteve 20% do lucro mundial no primeiro trimestre deste ano, mas os trabalhadores e os clientes não são ouvidos nem valorizados". Conforme ele lembra, somente no primeiro trimestre deste ano o Santander obteve um lucro de R$ 1,428 bilhão – a maior parte remetida para a sua matriz na Espanha.

No outro extremo, o banco demitiu 4.833 postos bancários entre março de 2013 e março deste ano, sendo 970 nos primeiros três meses do ano. "O Santander também fechou dezenas de agências nos últimos meses em todo o país e liderou em oito dos 12 meses de 2013 e em cinco dos seis meses de 2014 o ranking de reclamações de clientes no Banco Central... E agora, como se não bastasse, ele vem com esse terrorismo inaceitável, mostrando que está de costas para os esforços da sociedade para aumentar o crescimento econômico e social com distribuição de renda". Carlos Cordeiro lembra que o terrorismo do Santander viola as diretrizes fixadas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. "Vamos fazer uma denúncia para a OCDE, pois é inaceitável que o banco espanhol trate assim a economia e o povo brasileiro".

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Ingerência fere as leis

Mas não são apenas os trabalhadores que exigem uma postura mais dura diante da ingerência ilegal do Santander nos assuntos internos do país. Até setores da mídia tradicional já propõem ações mais incisivas em defesa da economia nacional. Em artigo publicado neste domingo (27), o site do Jornal do Brasil defendeu, abertamente, que o "Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Banco Central têm obrigação de intervir no Santander". O jornal lembra que a circular terrorista e eleitoreira do Santander não foi um fato isolado. "O banco de origem espanhola, cujo maior crescimento e consolidação econômica se deram durante a ditadura franquista, demonstra assim agir com base em sua origem histórica".

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Com base na legislação eleitoral em vigor (Lei 9.504/97) e também nos dispositivos do Banco Central que regulamentam as operações financeiras no país (Lei 4.595/64), o JB argumenta: "Se o nosso sistema constitucional assegura a livre iniciativa como pressuposto básico do nosso modelo econômico, claro está de outro lado que isso não permite que grupos econômicos participem e estimulem tendências no processo político, que é atribuição dos partidos políticos e dos eleitores e não de grupos financeiros... Esperemos que as autoridades envolvidas no assunto tomem as providências que a gravidade do fato reclama". Como o TSE e o BC irão se comportar? A conferir!

Publicado no Blog do Miro

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