Os políticos, os eleitores e o bordel!

Nossos parlamentares estão realmente mais para verdadeiros atores do que para aqueles que cuidam da cidade, dos interesses da população e que sabem conduzir nossos destinos na direção correta



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"Os homens são tão simples e tão inclinados a obedecerem às necessidades imediatas que um enganador jamais terá falta de vítimas para suas fraudes". Maquiavel

O político que não tem muitos votos é porque não é bom, não sabe mentir ou representar bem? Esta é uma indagação que vale uma profunda reflexão, mas a despeito desta realidade tão contundente podemos dizer que existem muitos fatores que podem impedir algum candidato de obter os votos desejados para alcançar êxito em uma eleição, dentre estes está o econômico.

Para falar sobre esta questão vamos partir do "posto mais baixo" na política, ou seja, o vereador e também qual deveria ser o seu papel? De onde originou este termo a palavra vereador? Qual a sua etimologia e o seu significado? Vereador é função de quem cuida das veredas, do caminho, um condutor, semelhante a um guia.

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A palavra "vereador" vem do verbo verear. Significa "pessoa que verea", isto é, pessoa que tinha a incumbência de vigiar pela comunidade, bem-estar e sossego dos munícipes. Hoje, significa o membro da Câmara Municipal, o legislador municipal.

Mas se fizermos um trocadilho com a palavra vereador teremos outro significado bem diferente. Vere = verdadeiro. Actor = ator. Nitidamente este seria o significado mais aceito em nossa sociedade, porque ele é o mais praticado nas eleições, pois nós sabemos que quem vence nas eleições é quem sabe melhor representar e parecer ser.

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Nossos parlamentares estão realmente mais para verdadeiros atores do que para aqueles que cuidam da cidade, dos interesses da população e que sabem conduzir nossos destinos na direção correta.

Estamos em época de eleições e os políticos saem a "caça" dos votos e o principal argumento que utilizam é que vão defender nossos interesses e conduzir as cidades, os estados e o país na direção correta. Mas antes de falar sobre esta busca pelos votos, qual é o significado da palavra candidato?

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Candidato vem do latim candidatus, isto é vestido de branco(candidus), puro, sincero, inocente, honestidade, idoneidade moral. Mas será que nossos candidatos tem estes atributos?

Na Roma antiga se alguém descobrisse que o candidato não fosse puro a população poderia jogar lama nas suas vestes brancas que eles usavam para buscarem os votos. Imaginem se esta moda antiga pegasse no Brasil. Será que teríamos algum candidato limpo ou todos estariam enlameados?

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Em nosso país é possível perceber que a política é desconfigurada completamente do seu escopo, mesmo porque os nossos candidatos não são candidus, mas estão mais para verdadeiros atores que representam muito bem um papel, porem defendem apenas os interesses do grupo que patrocinaram as suas campanhas.

Todos nós sabemos do terrível e atroz jogo de bastidores que ocorre para alguém ser ungido em uma campanha por certos grupos em nossa sociedade, por isso não é o suficiente ser candidato somente para ser eleito no Brasil.

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Nós temos plena consciência o quanto é caro uma campanha e como os marqueteiros são bem pagos para elegerem um candidato, mesmo que ele seja desonesto se o marketing for bem feito o parecer ser vale mais do que o ser.

OS marqueteiros conseguem pegar uma pessoa desconhecida, desonesta, sem folha de serviço prestado a sua cidade ou estado e o elegem a qualquer cargo. Será quem são as propostas que realmente fazem a diferença ou é o dinheiro quem manda na política?

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Mas é interessante tentar entender como isto ocorre? Será que os candidatos que são eleitos são os bons e os que não conseguem são ruins ou não sabem mentir e representar?

É muito fácil falar mal dos políticos, xingá-los, dizer que eles são corruptos, embusteiros, verdadeiros atores, criticá-los, falar que não fazem nada etc. Mas este tipo de discurso é muito amador e sem profundidade, coisa de gente tacanha, porque não tem resultados práticos. Isto é semelhante a uma oração sem ação.

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Este é um discurso simplista, pois se formos honestos veremos que os políticos refletem exatamente o que desejamos que os mesmos façam quando vão a procura dos votos.

Vamos analisar onde entra o papel dos eleitores, dos coordenadores de campanha, cabos eleitorais e dos marqueteiros.

Será que nós eleitores conseguimos votar nos candidatos pelas propostas que são apresentadas a nós ou nosso voto tem outras formas de conquista-lo?

Como nós agimos quando um candidato vem dialogar conosco e pedir o nosso voto?

1º O nosso voto tem preço monetário, mesmo porque não perguntamos ao mesmo sobre suas propostas? Não queremos saber sobre sua vida pregressa e nem a qual grupo ele(a) está ligado, mas apenas se ele(a) tem chances de ganhar.

2º Votamos apenas em candidatos que falam bem, mas precisa ser o que desejamos ouvir, mesmo que não seja possível cumprir. Talvez seja por isso que os verdadeiros atores nunca dizem não aos nossos pedidos de cargos e favores, mas também não cumprem.

3º As relações em nossa sociedade gira em torno do fator econômico, será que na política seria diferente? Ou seja, tudo é precificado, inclusive o voto. Um voto de deputado varia em torno de R$ 70.00 (setenta reais) à R$ 160.00 (cento e sessenta reais) ou mais. Estes são valores que são publicados em épocas de eleições.

4º Não votamos nos candidatos pobres, sem recursos e feios, porque eles não "inspiram" confiança e estão "querendo" ficar ricos com a política. Para percebermos isto basta com honestidade observarmos os candidatos que apoiamos nestas eleições.

5º A política de resultados que elege os candidatos somente são feitas por grupos poderosos, mídia, grupos corporativos, igrejas, empresas multinacionais, empreiteiras que doam para os principais candidatos "sem nenhum interesse".

6º Nós votamos somente no candidato bonitinho com carinha de anjo que aparenta ser bem intencionado que sabe falar as belas palavras, mesmo que seu caráter seja duvidoso e tenha um passado reprovável.

7º Temos a tendência do voto útil, mesmo porque não votamos em "perdedores", ou seja, votamos sempre em quem está na frente, mas passado dois meses das eleições não lembramos mais quem foram os nossos candidatos. Será que isto é política consciente que faz a diferença?

Neste instante fica evidente que ainda somos muito ingênuos e hipócritas, pois é como se estivéssemos dentro de um bordel e fizéssemos discursos de moralidade.

Nós eleitores, não preocupamos em saber a origem daquele dinheiro utilizado para comprar os votos dos eleitores, se vem do crime organizado, se é de uma empreiteira que vai se beneficiar se aquele candidato for eleito ou quem está por detrás e qual a sua intenção.

Já os profissionais que vivem de política votam e apoiam exclusivamente os candidatos se perceberem que seus interesses serão contemplados, mas o primeiro é o econômico, porque é da política que eles vivem.

Neste instante, considero que nossos candidatos não são candidus, mas sim verdadeiros atores como se estivessem mesmo em um bordel que precisam representar para agradar o cliente e fazê-lo sair satisfeito.

Nossos políticos, apesar de saberem de toda esta realidade se tornam reféns de uma estrutura em que a verdade não tem espaço, pois o que vale é o jogo de interesses e não defender os interesses da população.

Enquanto nós eleitores não melhorarmos nossa forma de escolher os candidatos teremos péssimos políticos que vão sempre fazer este jogo que a muito tempo vem prejudicando nós mesmos e as futuras gerações.

Neste contexto de relações promíscuas estamos sendo conduzidos por homens e mulheres que são sem escrúpulos. Mas também qual tem sido o nosso comportamento na hora de votar?

Talvez devêssemos repensar quais critérios estamos utilizando para escolher nossos candidatos, porque o discurso que nenhum político presta não cola mais e também não traz os resultados esperados, porque também fazemos parte deste jogo de interesses.

Infelizmente política no Brasil não é levada a sério, pois fazemos discurso de moralidade, mas estamos mesmo é dentro do bordel compactuando com as mesmas práticas que expressam o descaso que temos com a educação de qualidade, com a segurança, com a dignidade das pessoas, com políticas públicas que beneficiem a todos, com a sustentabilidade, com a redução de impostos, e assim as perspectiva de um futuro melhor fica limitada porque nós somos imediatistas.

Será que conseguiremos votar diferente nestas eleições ou vamos continuar frequentando o bordel e fazendo um discurso de moralidade?

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