Sobre helipópteros, jatinhos e aeroportos

O jatinho não tinha seguro, não foi declarado nas despesas do candidato ético e honesto, pertenceu a um usineiro falido e agora estava sem dono



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As eleições começaram a esquentar com o escândalo do HeliPóptero, a aeronave apreendida pela Polícia Federal no Espírito Santo, no ato do desembarque de meia tonelada de cocaína.

Em solo, a aeronave era aguardada por alguns automóveis que logo foram recheados de tabletes de pasta base pronta para o refino. O flagrante aconteceu em um sítio na cidade de Afonso Cláudio, no Espírito Santo. Poucas horas antes, o mesmo HeliPóptero teria feito um pouso próximo a Cláudio, pobre cidade mineira onde a família de Aécio tem fazenda.

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Tudo acabou em esparrela. De propriedade do deputado Gustavo Perrella, o HeliPóptero desapareceu do noticiário da mídia velha. A justiça também deu de ombros, fazendo cara de paisagem tanto para a carga quanto para a descarga.

O caso tinha potencial para fazer a campanha de Aécio não decolar. Da torre de comando ouviu-se a ordem: abafa. E puft, o helipóptero sumiu.

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Quando parecia que tudo estava lindo e límpido, como um céu de brigadeiro, surge, agora nas Minas Gerais, uma pista de pouso, pavimentada pelo governo mineiro na gestão de Aécio Neves pela bagatela de 14 milhões de lascas, dinheiro do contribuinte.

O aeroporto público fica nas terras que já pertenceram ao tio-avô de Aécio, e é próximo à fazenda da família onde o senador gosta de descansar. O aeroporto que o então governador Aécio mandou pavimentar ao preço de 14 milhões de lascas é cercado e trancado; as chaves - olha o cheiro de maracutaia no ar - ficam nas mãos de Quêdo, tio de Aécio.

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O próprio senador admite que pousou lá algumas vezes, embora ninguém poderia pousar na pista nova, porque o tal aeroporto não tinha liberação da Anac para funcionar.

Descobriu-se depois que além desse em Cláudio, Aécio reformou outro aeroporto, em Montezuma, norte de Minas, onde Aécio e a irmã tem uma empresa agropecuária.

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No ar, a campanha de Aécio parecia perder altitude e, por prudência, preparava-se para aterrissar. Aí, veja a mão do destino, a aeronave de Eduardo Campos mergulhou de bico em um terreno habitacional em São Paulo.

Morre Eduardo. Quando Aécio se preparava para arremeter surge, do nada, uma cândida candidata, abraçada a um cadáver, uns órfãos e uma viúva.

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E dessa vez foi o tucano que mergulhou de bico.

Eduardo, morto, é elevado ao panteão dos estadistas. De uma hora para outra, o cara que não saía do terceiro lugar nas pesquisas se tornou o político mais competente do Brasil: ético, estrategista, conciliador e republicano. E toda essa adjetivação gruda em Marina, sua herdeira.

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O velório vira um comício. Marina coloca o cotovelo sobre o caixão e pousa pra foto, em seguida selfies, punhos cerrados, palavras de ordem, distribuição de santinhos e muitos sorrisos. Já no cemitério, um instituto faz uma pesquisa de Boca de Túmulo.

Comovido pelo pesadelo, o país diz que quer a sonhática.

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Marina decola, céu de brigadeiro, Deus lá em cima, sorrindo e acenando pra ela como quem diz: essa é a minha garota.

Mas aí, filho do homem, não mais que de repente, vemos o mesmo santo Deus de cabelo em pé.

Com mil diabos, parecia dizer agora, a nave que levava Dudu e que muitas vezes levou Marina, a cândida candidata, está envolta em nebulosas transações.

O tempo fechou.

O jatinho não tinha seguro, não foi declarado nas despesas do candidato ético e honesto, pertenceu a um usineiro falido e agora estava sem dono.

Alguém se apressou em dizer que os donos seriam uns cabras que não têm grana suficiente para comprar a tal aeronave. Parece que são laranjas de alguém (de quem?), parece que há vestígios de caixa dois, ocultação de patrimônio e tentativa de ludibriar a Justiça Eleitoral.

Eduardo está morto. Viva, e muito viva, Marina pode ter que dar explicações sobre esse cabrito que voa, ou que voava.

Marina anda cercada de gente rica, há uma banqueira sempre a seu lado e um cabra dono de uma exitosa empresa de cosméticos. E andam, Marina e seus amigos milionários, dizendo que não vão desistir do Brasil.

A frase é de fácil interpretação: um idiota disse em '89 que se Lula vencesse as eleições, 800 mil empresários deixariam o Brasil. Era um blefe, claro. E partiram do blefe à ameaça, essa mesma gente, faca nos dentes, agora diz que dessa vez não vai desistir do Brasil.

Mas você sabe, entre partidas e chegadas, subidas e descidas ainda há muita coisa no ar.

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