A escolha tem que ser entre gestões, projetos e líderes

O que salta aos olhos é que Marina é pura velha política, pois os "oligarcas dela" são os que apoiaram e apoiam a agenda velha e a agenda que ela declara é, exatamente, a velha agenda neoliberal

O que salta aos olhos é que Marina é pura velha política, pois os "oligarcas dela" são os que apoiaram e apoiam a agenda velha e a agenda que ela declara é, exatamente, a velha agenda neoliberal
O que salta aos olhos é que Marina é pura velha política, pois os "oligarcas dela" são os que apoiaram e apoiam a agenda velha e a agenda que ela declara é, exatamente, a velha agenda neoliberal (Foto: Leopoldo Vieira)


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Há 60 anos tombava Getúlio Vargas, um dos maiores líderes da nossa história. Getúlio que chegara ao poder, pela primeira vez, como disse em sua Carta-Testamento, liderando uma revolução vencedora, numa frente ampla dos tenentistas e nova classe média urbana querendo moralizar a política; os movimentos sindicais em busca de direitos trabalhistas; e oligarquias dissidentes querendo mais do que um Brasil refém do dilema "saúvas ou não saúvas?". O Getúlio, com e por esta aliança e projeção de futuro, da Justiça Eleitoral e do Código Eleitoral, do voto secreto e do voto feminino, que institucionalizaram - já democratizando - a nascente democracia brasileira; da CLT, que deu o passo que faltava à Abolição; da Petrobrás, que assegurou o monopólio soberano para extração e refino do petróleo; da Eletrobrás, para iluminar as casas, as ruas e a produção dos brasileiros; da Companhia Vale do Rio Doce e Siderúrgica Nacional, para fazer dos nossos minérios ativos do desenvolvimento; do IBGE, para saber como eram e como viviam os compatriotas e, enxergando-os, alcançá-los com a proteção do Estado; da primeira conferência nacional de que se tem registro; para escutar o povo na elaboração das políticas públicas.

Lembrar e comemorar Getúlio, líder de alianças para um projeto político, estrategista da gestão, é muito importante neste período da campanha eleitoral quando Marina Silva é forjada como um símbolo de renovação da política.

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Marina reclama de Collor e Renan, mas está com Heráclito e Bornhausen, com a diferença de que os primeiros foram parte de um Congresso Nacional que aprovou, nos últimos doze anos, leis para expandir políticas sociais, emprego, salário, crédito, integração sul-americana, menos desmatamento, incentivo à indústria. Os dela se somaram à resistência a este processo. Marina, que não tem partido, diz que quer governar sobre os partidos, com Lula e FHC, mas sem Lula e FHC a quererem.

O primeiro porque é o legado vivo do partido preferido dos brasileiros, mais votado ao Congresso Nacional, dirigente dos maiores municípios e maior montante orçamentário, que, em três governos à frente da República, realizou o sonho brasileiro de combinar crescimento com distribuição de renda.

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O segundo, prócer do Plano Real, muito menos. "A recíproca é verdadeira", respondeu FHC à ilação de que ela governaria com franjas do PT e PSDB. "No mandato do Aécio eu gostaria muito de ter a aliança da Marina", declarou na saída da reunião da Comissão Global de Políticas sobre Drogas. Aécio Neves nem em sonho acalenta o desejo de, num golpe só, se rifar e rifar o seu partido: "irá prevalecer o software original", retrucou ao "convite" da líder da Rede.

A presidenta Dilma não fugiu à polêmica que tende a crescer como um dos temas centrais deste primeiro turno, que é a o da gestão pública. Para Marina, o Brasil não precisa de um "gerente", apenas de um líder com visão estratégica. Dilma foi ao cerne da polêmica: "Essa história de que não precisa (de gerente), de que o País não precisa de ter um cuidado na execução das suas obras e uma obrigação de entregá-las é uma temeridade. Ou é quem nunca teve experiência administrativa e, portanto, não sabe que é fundamental para um país com a complexidade do Brasil dar conta de tudo".

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Este é um debate da maior importância neste momento, pois diz respeito às qualidades da liderança que o Brasil escolherá para além do projeto político que representa.

Sobre isso, o ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, no Facebook, deu uma boa pista de por que Marina não acha que o país precise de um presidente que se preocupe com a gestão:

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"Marina foi boa ministra. Mas em cinco anos não visitou o CNPQ para resolver a falta de acesso de pesquisadores a parques nacionais. No MMA, fomos ao CNPQ e avançamos a parceria com a Ciência, para pesquisadores poderem promover estudos em parques. Marina defendeu a Biodiversidade. Mas não conseguiu unir governo e o Grupo de 77 países e aprovar o pagamento para o uso sustentável da Biodiversidade. No MMA, presidimos pelo Brasil o Grupo dos Países Megabiodiversos e fechamos o acordo. Minha sucessora, a ministra Izabella Teixeira teve papel de destaque na aprovação deste pagamento na Convenção da Biodiversidade realizada em Nagoya. Marina defendeu uma Política de Clima. Mas não uniu Universidade, Embrapa e Ministérios da Ciência e Tecnologia para aprovar a lei. No Ministério do Meio Ambiente (MMA), conseguimos articular a sociedade: Brasil foi o primeiro país emergente a ter Lei do Clima! Marina defendeu a Amazônia. Mas licenciou usinas do Rio Madeira sem condicionantes ambientais para Saneamento, Biodiversidade, Prevenção de Incêndios. No MMA, exigimos isto! Marina defendeu seringueiros. Mas licenciou a BR-Cuiabá-Santarém sem antes implantar parques. Resultado: aumentou o desmatamento no entorno."

O guru de Marina, Eduardo Giannetti, disse que o programa da Rede nada tem em contradição com o do PSDB e ninguém menos do que André Lara Resende aterrissou na campanha dela. Mas Giannetti disse o que disse por convicção ou oportunismo? Lara Resende aterrissou na campanha por convergência ideológica ou para garantir a afirmação de Giannetti?

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O que salta aos olhos é que Marina é pura velha política, pois os "oligarcas dela" são os que apoiaram e apoiam a agenda velha e a agenda que ela declara é, exatamente, a velha agenda neoliberal. Só que sem capacidade de gestão e crença nela, sem partido, sem base social, só com palavras ao vento, restará a radicalização do "toma lá, dá cá" como método de governo, em substituição ao "planejamento" e à "participação social" vigentes.

Desde a Proclamação da República, enfrentam-se no Brasil projetos políticos associados à afirmação da soberania nacional e independência ou a associação subalterna com o capital internacional. Por isso que o Brasil segue polarizado entre "trabalhismo" e "udenismo". A nossa agenda é esta, é o trabalhismo brasileiro do século XXI. A do PSDB, de FHC, Serra e Aécio é a volta ao passado neoliberal num mundo ainda economicamente mais comprimido. A de Marina, contudo, absolutamente, não sabemos...

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