Marina como solução? Apenas se esta for a vontade de Deus

Seu discurso vazio de encontro com a "nova política" mais caberia ao palhaço "Tiririca" para nos fazer sorrir. O sistema está posto e não há como quebrá-lo



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Acontecimento no mundo dos fatos, como é a morte de uma celebridade, costuma promover a imediata atenção da sociedade com repercussão para uma lógica quase sempre paranoica e não inteligível. Mortos-vivos ressurgem hiperativos de suas tumbas e sem qualquer funcionalidade cognitiva palatável tornam-se a solução para todos os males, amém.

Eduardo Campos, que enquanto vivo carregava o papel de figuração na corrida eleitoral, em seu post-mortem foi capaz de conferir protagonismo a até então sua vice nesta corrida maluca. Longe de figurar personificando "Penélope Charmosa", Marina Silva inverte a lógica do que a sociedade costumava abraçar na política.

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Marina Silva é a maior expressão da falta de carisma que se pode servir como paradigma para qualificar comparativamente um alguém como "sem graça". Acreana, alfabetizada só aos 16 anos, possuidora de um discurso monotemático pautado em suas experiências com o meio-ambiente, nas demais pautas faz uso das artimanhas dos clichês e dos plebeísmos como formas de não demonstrar suas inconsistências de conteúdo.

Com posicionamentos que muito a aproxima de uma fundamentalista, deixa, de certo modo, o Estado laico em apuros. Já defendeu que gays e lésbicas não formariam uma família, posicionamento que vai de encontro com a ideia de tutela das diversidades, de isonomia de gêneros, democracia das minorias, e como não poderia ser diferente, representa o pensamento diametralmente oposto ao proferido pelo Supremo Tribunal Federal quando interpretou o ordenamento pátrio à luz da irradiante normatividade constitucional.

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Nesta mesma senda, também é contrária a adoção de crianças por casais homossexuais, já disse que gays seriam doentes e que Feliciano seria um injustiçado pela sociedade, que se estaria combatendo pela legalização do aborto e do casamento gay massacrando os evangélicos, no que segundo a candidata representaria uma "inversão de valores".

Aliás, o PSB que tinha por projeto a criminalização da homofobia, com a entrada de Marina Silva o projeto não faz mais parte das ideias do partido. E olha que ao se tornar uma presidenciável havia declarado que seria, sim, a favor da criminalização da homofobia como primitivamente defendia o partido, mas após levar um "arrocho" do pastor Malafaia, que segundo ele, a se manter nesta linha que não seria de Deus, a candidata perderia o apoio da igreja, que retratou-se, e não mais criminalizará a homofobia, "em nome de Deus!".

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Em verdade, mais perdida que "cega em tiroteio", passa a candidata a contar com o baixo discernimento cultural da sociedade para diferençar o joio do trigo, com o fator morte do figurante Eduardo que lhe trouxe quase lúdico protagonismo diante da sociedade, e porque não, do seu Deus homofóbico.

Fala que o mundo vive uma "crise civilizatória", mesma crise que teria alcançado o Brasil, e ao mesmo tempo denota-se amasiada com posições religiosas de cunho fundamentalista de exceção, de exclusão das minorias nos termos da "vontade de Deus".

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Procurando uma lógica razoável quando a sociedade escorraça as ideias discriminatórias de Feliciano, e agora enxerga Marina Silva como solução entre as medíocres "opções do mercado", encontrar-se-á com muito boa vontade a lógica (substantivo), já a adjetivação da razoabilidade revela-se frustrada pela mais absoluta impossibilidade da qualificadora.

Ao que está a transparecer foi a oposição, na figura do Aécio Neves, o grande prejudicado desta corrida, como se tivesse levado um chega para lá de um retardatário e dado adeus à disputa. Para situação, mesmo considerando a inequívoca possibilidade da derrota de Dilma, o PT de certa forma permanecerá no poder. Marina carrega em seu peito a estrela do PT, suas raízes são petistas, apenas de lá saiu para alçar voos mais altos como este que "Deus" lhe confiou fazer (nos termos de sua religiosa visão). Em verdade, ter-se-á mais do mesmo.

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Seu discurso vazio de encontro com a "nova política" mais caberia ao palhaço "Tiririca" para nos fazer sorrir. O sistema está posto e não há como quebrá-lo. O modus operandi das trocas de favores pela vitória na campanha com empreiteiras e demais "doadores" perseveram, o que continuará a gerar licitações arranjadas e obras superfaturadas como parte da conta. As trocas de favores para ganhar apoio no parlamento continuarão a ocorrer sob pena de ingovernabilidade. O loteamento do Estado, seu aparelhamento, continuará a ser a "toque de caixa", aliados sempre encontrarão um cargo de confiança, um cargo em comissão como forma de pagamento pelo apoio prestado. Enfim, a "nova política" ficará no discurso e restará também frustrada por absoluta impossibilidade, só que da promessa.

O Partido dos trabalhadores, de forma sagaz, já articula com a possibilidade da derrota de Dilma. Trabalha incessantemente na busca de apoio, e nisso Lula tem papel fundamental, para que consiga eleger a maioria no parlamento. Conseguindo manter esta maioria, com Dilma ou Marina estaremos geridos pelo PT. Não é demais lembrar que, sem o parlamento não se governa, que nos relembre Collor de Mello, e Marina não precisará esforçar-se para aplicar a seu favor mais um clichê, desta vez aquele que diz que "o bom filho à casa torna" ou se preferirem "a volta dos que não foram".

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A ideia que promove de dizer que irá discutir as questões sociais mais complexas por meio de plebiscitos pode caracterizar um gestor covarde que apenas não quer se indispor com as maiorias delegando responsabilidades, e não um gestor que procura o debate com a sociedade como é comum publicizarem. Vale notar, que plebiscito é forma de se praticar democracia direta sim, e que em regra é muito bem-vindo aos sistemas mais democráticos, porém não pode ser utilizado como forma de deliberadamente não tutelar as minorias. A leitura da democracia como a vontade das maiorias é simplória por limitada, quando pode ser usada por regimes autocráticos como forma de exterminar as minorias. Quando se tem um gestor que influencia sua gestão com os dogmas mais ortodoxos da igreja isso pode a democracia ganhar ares de inquisição, apenas nos termos do século XXI... Como questão secundária, vale lembrar o custo de um plebiscito.

Termina-se nos termos de Marina Silva, portanto, finda-se na última moda neste país estranho, de gosto duvidoso, mas conclamando as força de Deus...

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