O liberalismo suave de Marina Silva

O discurso de Marina contra a polarização entre PT e PSDB, seus cânticos contra a "velha política" e sua auto-projeção acima dos conflitos de classe fazem parte de um repertório cujo objetivo único é rejuvenescer as ideais carcomidas do neoliberalismo

O discurso de Marina contra a polarização entre PT e PSDB, seus cânticos contra a "velha política" e sua auto-projeção acima dos conflitos de classe fazem parte de um repertório cujo objetivo único é rejuvenescer as ideais carcomidas do neoliberalismo
O discurso de Marina contra a polarização entre PT e PSDB, seus cânticos contra a "velha política" e sua auto-projeção acima dos conflitos de classe fazem parte de um repertório cujo objetivo único é rejuvenescer as ideais carcomidas do neoliberalismo (Foto: Breno Altman)


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Resmungando contra a "velha política" e sinalizando para os distintos setores que se chocam contra o sistema institucional, à direita e à esquerda, a candidata do PSB prepara uma estratégia de restauração suave dos paradigmas neoliberais, na qual promete manter as políticas sociais dos últimos doze anos.

Seu programa apóia-se sobre um quarteto mágico de mudanças profundas: independência do Banco Central, desregulamentação dos créditos bancários, interrupção ou reforma do regime de partilha para a exploração do pré-sal e realinhamento com os Estados Unidos.

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A campanha eleitoral, aos poucos, vai expondo o significado dessas políticas, apesar de Marina e seus aliados preferirem a interdição do debate, em um esforço tresloucado para manter a disputa apenas no seu campo simbólico, entre o novo e o velho, entre a santa e a gerente.

O núcleo programático que oferece ao país, contudo, não deixa dúvidas quanto a seu caráter de classe e sua natureza doutrinária. Trata-se da mais ampla plataforma de empoderamento do capital financeiro desde os ano 90, garantindo-lhe uma supremacia institucional impensável até para os tucanos.

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O Banco Central, transformado em casamata juridicamente independente, passaria a funcionar como um enclave dentro do Estado, que controlaria a política monetária e cambial, além da supervisão e regulamento de todo o sistema financeiro.

Os bancos seriam progressivamente liberados de destinar créditos específicos, a juros mais baixos, como hoje acontece, por exemplo, com a política habitacional. Na prática, essas linhas especiais seriam operadas apenas pelos bancos públicos, reduzindo suas margens e os enfraquecendo como concorrentes.

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O BNDES perderia capacidade de financiamento, abrindo mercado para os bancos privados ocuparem esse espaço, com a possibilidade de atrair novas instituições internacionais para esse maná de juros e lucros.

A atração de capitais estrangeiros seria fortalecida pela liberalização do regime de partilha, com a Petrobrás perdendo o direito de operadora obrigatória de todos os campos e o fim da política de conteúdo local, como já foi anunciado pelo coordenador-geral da campanha de Marina, Walter Feldmann.

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A política internacional também mudaria, em direção ao campo de gravidade da Casa Branca, para acoplar a economia brasileira aos centros capitalistas mundiais, concebendo o desenvolvimento brasileiro como necessariamente dependente da cadeia produtiva e financeira das grandes corporações.

Estes temas estão abertamente presente no programa de Marina. Da mesma maneira que a burguesia foi buscar em Fernando Henrique Cardoso, há vinte anos, o nome que poderia reconstruir sua hegemonia política, a manobra agora tem como instrumento a ex-senadora e ex-ministra petista, diante do ocaso tucano.

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O discurso de Marina contra a polarização entre PT e PSDB, seus cânticos contra a "velha política" e sua auto-projeção acima dos conflitos de classe fazem parte de um repertório cujo objetivo único é rejuvenescer as ideais carcomidas do neoliberalismo e os grupos sociais que as defendem.

 

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