Levy Fidelix, no mínimo um estulto

O posicionamento de Fidelix e de sua turma deve ser combatido e penalizado porque é a mais pura apologia à violência, ao ódio e à exclusão, posição inaceitável numa Nação democrática



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Levy Fidelix deveria receber o título de estulto do ano. Tentar confundir o eleitor afirmando que orientação sexual LGBT e pedofilia são aspectos de uma mesma questão é uma demonstração clara de má fé na tentativa de desmoralizar o segmento perante a sociedade. É mais que uma simples parvice, trata-se de maldade premeditada.

As declarações do candidato à Presidência da República pelo PRTB, feitas durante o debate promovido pela TV Record, no domingo à noite, deixaram boquiabertos até segmentos mais conservadores da população, e resultaram numa chuva de denúncias e pedidos de ações contra ele.

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"Aparelho excretor não reproduz", disse Fidelix. "Como é que pode um pai de família, um avô, ficar aqui escorado porque tem medo de perder voto? Prefiro não ter esses votos, mas ser um pai, um avô que tem vergonha na cara, que instrua seu filho, que instrua seu neto. Vamos acabar com essa historinha ", disse ele, referindo-se ao casamento LGBT. Eu vi agora o santo padre, o papa, expurgar - fez muito bem - do Vaticano um pedófilo."

Não satisfeito com as bobagens já ditas, logo depois acrescentou: "Então, gente, vamos ter coragem. Nós somos maioria, vamos enfrentar essa minoria. Vamos enfrentá-los. Não tenha medo de dizer 'sou pai, uma mãe, vovô', e o mais importante é que esses que têm esses problemas realmente sejam atendidos no plano psicológico e afetivo, mas bem longe da gente, bem longe mesmo porque aqui não dá."

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Fidelix não só tentou jogar na lama a moral LGBT quando misturou orientação sexual com parafilia (um transtorno mental) além de pregar claramente a segregação contra eles, ao sugerir que sejam tratados "bem longe da gente".

O estulto do ano conclamou o público a constranger aqueles que são diferentes da maioria. Ao enfatizar a palavra "enfrentar", ele deu a ela o sentido de intimidar os LGBTs, comportamento que pode funcionar como rastilho de pólvora, num país onde a situação de violência homofóbica é preocupante.

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O 2º Relatório Sobre Violência Homofóbica 2012, do governo federal, indica que o número de denúncias a respeito cresceu 166% em relação ao ano anterior, saltando de 1.159 para 3.084 registros.

O posicionamento de Fidelix no debate recebeu oportuna resposta da sociedade: uma imediata reação nas redes sociais e organizações de defesa dos direitos homossexuais e órgãos públicos que se organizaram para apresentar denúncia coletiva e incriminá-lo por suas declarações.

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A primeira resposta veio da Ouvidoria de Direitos Humanos, ligada à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, ao apresentar ao Ministério Público Federal denúncia coletiva sob acusação de incitação ao ódio e discriminação por orientação sexual e identidade de gênero. A iniciativa foi tomada depois que 300 pessoas recorreram à Ouvidoria pedindo providências.

A OAB também se posicionou. A Comissão Especial de Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil já protocolou na Procuradoria-Geral Eleitoral e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um pedido requerendo a cassação da candidatura de Fidelix.

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A alegação - correta - de que o candidato fez incitação ao ódio e à segregação durante o debate rendeu promessas de ações na justiça por parte de partidos políticos como o PSOL e o PV, do Coletivo Feminista de Lésbicas de São Paulo, entre tantas outras entidades.

É bom lembrar que quem prega o preconceito, o ódio e a segregação, pode receber de volta com a mesma moeda. Se não se cuidar Fidelix pode ter o mesmo destino de seu companheiro de partido, o ex-senador Luiz Estevão, atualmente cumprindo pena em São Paulo, apesar de morador de Brasília desde a juventude.

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No último sábado, um grupo de ativistas organizou uma manifestação diante da casa de Fidelix, o que pode voltar a se repetir uma vez que o endereço está sendo amplamente divulgado pelas redes sociais.

Ao que tudo indica, o candidato pelo PRTB não está preparado para conviver com o resultado da lambança que fez. Diante da insistência da imprensa para explicar suas declarações, ao final do debate na TV com os demais candidatos, ele foi curto e grosso: "Chega, esse negócio está me enchendo o saco".

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A polêmica no debate e na internet gerou uma positiva aproximação entre militantes LGBT e a presidente Dilma Rousseff. Recebidos por ela em São Paulo, antes de um comício, e depois em Brasília, na última sexta-feira, Dia Internacional do Orgulho Gay, organizações de todo o país apresentaram reivindicações e conheceram as principais políticas do Governo Federal de promoção da cidadania LGBT, já em curso.

Dois dias antes do encontro, o Governo Federal lançou o Sistema Nacional de Promoção de Direitos e Enfrentamento à Violência contra Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (Sistema Nacional LGBT),com o intuito de combater os determinantes econômicos, sociais, culturais e ambientais da violência que atingem a população LGBT.

O Sistema prevê a criação do Comitê de Gestores e Gestoras LGBT, com cerca de 35 membros, colegiado que congregará todas as coordenações LGBT de estados e municípios.

No mesmo dia o Ministério da Saúde divulgou uma outra belíssima iniciativa: a partir de agosto passou a ser obrigatório o registro dos casos de violência por homofobia atendidos na rede pública de saúde nos estados de Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, experiência que se estenderá a todos os demais estados brasileiros a partir de janeiro de 2015.

Portanto, enquanto o governo da presidente Dilma toma medidas progressistas a respeito da questão LGBT, forças retrógradas agem na direção contrária. Fidelix faz parte desta corrente e encontrou no tema uma maneira de buscar seus cinco minutos de fama.

Figura insignificante politicamente, o candidato tem potencial de votos quase imperceptível. É a segunda vez que se candidata a Presidência da República tendo alcançado da primeira vez 0,06% dos votos. Como candidato a governador obteve igualmente inexpressiva votação, prova de que suas idéias não agradam os eleitores.

Ao contrário do que defendem alguns, liberdade de expressão não é falar o que se quer. O posicionamento de Fidelix e de sua turma deve ser combatido e penalizado porque é criminoso, visa excluir e não integrar; é a mais pura apologia à violência, ao ódio e à exclusão, posição, portanto, inaceitável numa Nação democrática.

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