Aécio é a nova Marina

Com Aécio, os analistas voltam a supervalorizar a força da sua candidatura preferida. É o mesmo autoengano que fez de Marina a salvadora da oposição

Com Aécio, os analistas voltam a supervalorizar a força da sua candidatura preferida. É o mesmo autoengano que fez de Marina a salvadora da oposição
Com Aécio, os analistas voltam a supervalorizar a força da sua candidatura preferida. É o mesmo autoengano que fez de Marina a salvadora da oposição (Foto: Guilherme Scalzilli)


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O exagero em torno da "surpreendente" votação de Aécio Neves amplifica o modesto triunfo de superar Marina Silva, candidata frágil e sem estrutura partidária. Também contribui para ofuscar a vexatória derrota do ex-governador em Minas Gerais.

Repetindo o "furacão Marina", a grande imprensa agora constrói um Aécio de mitologia esportiva, lutador incansável e habilidoso que dribla obstáculos rumo ao pódio. Os discursos da superação e da virada substituem o da esperança novidadeira que há pouco dominava as referências à pessebista.

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Com Aécio, os analistas voltam a supervalorizar a força da sua candidatura preferida. É o mesmo autoengano que fez de Marina a salvadora da oposição, dando-lhe um favoritismo ilusório que no final das contas só a prejudicou.

Os 33% do mineiro foram inesperados apenas sob a ótica das pesquisas. É o aporte histórico do oposicionismo nos anos petistas, que oscilou na direção de Marina e retornou a Aécio no embalo das definições estaduais, particularmente em São Paulo. O cenário atual parece o de 2006, quando Lula venceu José Serra com certa facilidade.

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Há um desmesurado respeito pela dianteira paulista de Aécio. A vantagem de Dilma no Nordeste foi duas vezes maior. A base federal elegeu governadores em 10 estados, acumulando 15 milhões de votos que podem migrar dos vencedores para Dilma. O PSDB recebeu o mesmo contingente em São Paulo e no Paraná, mas só ganhou ali.

A estratégia petista acertou ao favorecer um segundo turno contra Aécio. Ele não é tão competitivo quanto Marina seria. A sombra dos anos FHC, o repertório escandaloso dos tucanos e os episódios constrangedores do próprio candidato fornecem um volume de material negativo que jamais teria equivalente na ex-senadora. Os vídeos em que Aécio figura, digamos, confuso, ilustram o tamanho do problema.

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A polarização PT x PSDB favorece Dilma. Primeiro graças à comparação entre os governos federais de ambos os partidos. Segundo porque, neutralizado o cabo-de-guerra da corrupção, os tucanos são associados a plataformas impopulares (privatizações, desemprego, arrocho) que o eleitor repudia de forma quase inercial.

O apoio formal de Marina soa irrelevante. Nem mesmo as poucas centenas de sinceros adeptos da Rede migrarão para Aécio automaticamente. Boa parte da militância do PSB simpatiza com o lulismo ou repudia a herança do PSDB. Esse grupo é bem maior do que um terço dos votos que Marina recebeu, parcela suficiente para eleger Dilma.

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Não se trata de amenizar as dificuldades do PT, mas de impedir que seus militantes incorporem o alarmismo da mídia tucana. Sabíamos desde o início que a disputa final seria acirrada, e contra esses adversários. A imprevisibilidade histérica é uma criação propagandística para moldar a campanha ao perfil de Aécio Neves.

O factoide sedutor da novidade ruiu com Marina e desmoronará também com Aécio. Basta a coordenação petista seguir o roteiro combativo das eleições passadas. Não há razão para pessimismo. Não, pelo menos, entre os adeptos de Dilma Rousseff.

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