A toca da raposa

É só lá, em seu sombrio esconderijo, que estão as provas irrefutáveis de seu caráter predatório e sanguinário: muita sujeira por todo lado

É só lá, em seu sombrio esconderijo, que estão as provas irrefutáveis de seu caráter predatório e sanguinário: muita sujeira por todo lado
É só lá, em seu sombrio esconderijo, que estão as provas irrefutáveis de seu caráter predatório e sanguinário: muita sujeira por todo lado (Foto: Lula Miranda)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Você conhece a toca da raposa ou ainda está embevecido com a beleza da sua plumagem?

Só quem já adentrou o covil de uma raposa pode ter a real dimensão do caráter predatório daquele animalzinho aparentemente tão indefeso, "bonitinho" e "delicado". E "sonso".

continua após o anúncio

É só lá, na sua casa, onde o bicho se refestela sossegado, depois do repasto, que se pode ter contato direto com a verdadeira natureza desse animal que, visto assim de longe na mata, bem que poderíamos escolher para ser o animal de estimação dos nossos filhos pequenos.

É só lá, em seu sombrio esconderijo, que estão as provas irrefutáveis de seu caráter predatório e sanguinário: muita sujeira por todo lado, e pilhas e mais pilhas de esqueletos de filhotes de pequenos animais indefesos, como pássaros e aves.

continua após o anúncio

Mas não se assuste: esta é a sua natureza.

Aliás, bem a propósito, é isso que nos ensina uma mais ou menos moderna e contemporânea história que acaba de nos chegar das Minas Gerais.

continua após o anúncio

Prestemos, pois, bastante atenção nas lições que nos chegam do bom povo das Minas Gerais, terra do meu poeta preferido: Carlos Drummond de Andrade.

Havia, num pequeno distrito de um pequeno município de Minas, dizem que nas proximidades de Cláudio ou Tiradentes, uma jovem sitiante, muito bela e de raros dotes e formosura, por todos cobiçada, que, muito embora alertada, todos os dias, pelo caseiro do seu sítio de que era, sim, a pequena e matreira raposa a responsável pelo inexplicável sumiço dos pintinhos do seu galinheiro, bem como de alguns pássaros, de rara beleza e mavioso canto, que, à noite, como que num piscar de olhos, desapareciam de suas gaiolas, que por sua vez amanheciam ensanguentadas e tombadas no piso da enorme varanda da casa, destruídas.

continua após o anúncio

A jovem e bela sitiante recusava-se, terminantemente, a acreditar que animalzinho tão singelo, simpático e aparentemente indefeso fosse capaz de tamanha fúria e destruição. Dizia para todos, um tanto aflita, que aquilo certamente era obra de lobisomem ou, quem sabe, da mula-sem-cabeça.

- Cruz-credo! – costumava exclamar, benzendo-se.

continua após o anúncio

Sim, é bem verdade, muitos, não só a formosa sitiante dessa nossa singela história contada pelo povo do interior, ainda preferem acreditar na força dos mitos e crendices a se render à força dos fatos e à evidência da realidade.

A jovem, bela e formosa sitiante já estava às beiras do desespero, e já começava a desconfiar, novamente, em seu íntimo, que a culpa já não era apenas do lobisomem e da mula-sem-cabeça, mas dos seus próprios empregados, dos trabalhadores. Crescia dentro dela a certeza de que eram eles que, ladinos e traiçoeiros, matavam as suas pequenas aves para matar sua insaciável fome e/ou cobiça.

continua após o anúncio

Até que um dia o caseiro localizou a toca onde se acoitava a "indefesa" raposa e assim a sua patroa pôde ver com os próprios olhos as provas irrefutáveis da natureza medonha daquele animal: montes e mais montes de plumagens e penas de pequenas aves e pássaros, carcaças e cabeças de pássaros e pintinhos, pedaços de gaiola e todo o tipo de imundície.

E você, prezado leitor? É do tipo que já reconhece uma raposa, e seu potencial destrutivo, só de vislumbrá-la, ligeira, matreira esquivando-se entre seus inúmeros disfarces e mentiras?

continua após o anúncio

Ou é daquele tipo que, incrédulo, precisa ser levado pelas mãos até a toca da raposa para conhecer in loco o seu potencial lesivo/destrutivo?

O povo de Minas Gerais já conhece bem a história e o covil dessa raposa.

O povo mineiro já aprendeu a identificar quem é a raposa, quem são os pássaros e os pintinhos, quem é a sitiante tão desejada e quem são os caseiros nessa singela metáfora da realidade de um país chamado Brasil.

E você?

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247