The Economist e outros engolem em seco

Após torcida declarada por Aécio, revista reconhece dianteira de Dilma e admite que o candidato terá uma difícil tarefa pela frente pra conseguir reverter esta tendência



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A revista The Economist vem sinalizando abertamente já há algum tempo sua preferência por Aécio Neves. Na edição da semana passada, estampou uma Carmen Miranda com bananas podres e cachos de uvas pela metade na cabeça, ao lado de uma manchete que mais parecia panfleto de propaganda eleitoral que título de reportagem: O eleitor deve livrar-se de Dilma Rousseff e eleger Aécio Neves. Por que o Brasil precisa mudar?

Voters should ditch Dilma Rousseff and elect Aécio Neves, no original, mostra que o desrespeito é proposital. A palavra ditch, considerada gíria em inglês, pode ser traduzida como get rid of, se ver livre de; drop, deixar cair; ou abandon, abandonar.

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Por que será que tenho a impressão que o mercado internacional fica feliz com a possibilidade de Aécio se eleger e que faz tudo para influenciar seus pares da imprensa internacional a agir neste sentido? Porque, obviamente, esta é uma guerra declarada, onde o vale tudo impera.

Se a imprensa brasileira não está preocupada em esconder que Aécio Neves é o seu candidato preferencial porque os defensores do capital internacional estariam ?

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Os marqueteiros do candidato também não estão preocupados em esconder a trama do apoio ao candidato feito em ação coordenada com seu material de campanha.

Muito pouco tempo depois da reportagem da The Economist, na quinta-feira,16, um panfleto da campanha de Aécio Neves super colorido, em verde, azul, amarelo e vermelho com a imagem da Carmem Miranda enxovalhada, já lotava as redes sociais com a frase: deu na The Economist, seguida da ufanista manchete de apoio a Aécio.

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A frase deu na The Economist - dirigida a um potencial eleitor de elite como um trunfo e com o sentido de que se deu na The Economist é porque é verdadeiro e importante - foi escrita sob medida para ser absorvida pela síndrome de vira latas que parte da elite brasileira carrega, aquela visão estúpida de que ingleses e americanos são melhores, mais importantes e mais competentes do que nós.

Na verdade, a competência que a história comprovou a respeito deles é que são capazes de tudo para defender seus interesses econômicos: forjar motivos para iniciar guerras, invadir nações, apoiar golpes, bombardear cidades indefesas, matar homens, mulheres e crianças e depois negar tudo em nome dos direitos humanos, da democracia e da liberdade.

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Esta semana uma outra reportagem da revista The Economist trata das eleições no Brasil. Tanto na primeira como na segunda, o repórter, qualifica Aécio como político de centro-direita. Neste ponto tenho que concordar, mas suponho que a denominação não tenha agradado ao candidato pois ela em nada o ajuda para tirar votos de Dilma Rousseff.

Como não poderiam deixar de reconhecer, sob pena de ficarem desacreditados diante de fatos incontestáveis, o título da última matéria Dilma edges ahead que quer dizer Dilma toma a dianteira, foi dada mas em letras bem menores que a manchete de Aécio.

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Inconformados com a realidade acrescentam na primeiríssima linha da reportagem a frase: O Brasil está em cheque.

A revista afirma que depois de Aécio ter estado por um triz na dianteira de Dilma, ela pulou quatro pontos a sua frente, segundo pesquisa do Data Folha, do dia 20.

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Constata que a quatro dias das eleições a mudança talvez seja apenas uma questão de tempo porque a campanha de Dilma, "tão cínica quando formidável, tem incansavelmente e injustamente criticado o Sr Neves de querer cortar programas sociais e governar apenas para a elite rica".

Na primeira reportagem, praticamente já comemoravam a vitória de Aécio. Qualificavam de "impressionante sua equipe de conselheiros liderados por Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, e homem respeitado pelos investidores" e pregavam o retorno ao que chamam de políticas macroeconômicas sólidas.

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Agora, aqueles que enxergavam em Aécio a possibilidade da volta do neoliberalismo no Brasil estão apreensivos.

Se na matéria anterior afirmavam que as leis trabalhistas brasileiras são inspiradas em Mussolini, numa clara alusão à necessidade de sua flexibilização –obviamente com medidas contra os interesses dos trabalhadores – agora são obrigados a admitir que "tudo indica que o PT tomou de assalto a dianteira, e que Aécio terá uma difícil tarefa pela frente pra conseguir reverter esta tendência".

Ao contrário de alguns colunistas que defenderam Aécio desde o princípio mas que começam a demonstrar desânimo diante das dificuldades, a militância petista não abandona a luta.

Quando na noite de domingo as urnas indicarem quem será o(a) presidente do Brasil teremos chegado ao fim de um período em que o povo brasileiro, assim como sua imprensa, demonstraram que não estão maduros o suficiente para viver democraticamente uma disputa política.

Radicalizou-se sem se aprofundar. Nos aproximamos mais da posição de fanáticos religiosos, ou torcedores de futebol, que viam como inimigos, qualquer adversário político, ou pessoas com pontos de vistas diferentes dos seus.

No lugar de enxergar a disputa como uma oportunidade de troca de informações e de reflexão sobre o destinos do país, participando com idéias e argumentos que em muitos momentos poderiam ser complementares, muitos espalharam a discórdia, a intolerância e até mesmo a violência e o ódio.

O que se vimos nestes poucos meses foram amizades abaladas ou desfeitas, famílias ou companheiros de trabalho reféns de pontos de vistas distintos, mas sem avançar.

Reconhecidos como cordatos, nós brasileiros, na verdade, nos igualamos a qualquer ser humano que basta ser contrariado para mostrar suas garras.

Muitos pregam a tirania do PT, mas essa tirania está dentro de todos nós e esta eleição é uma bela oportunidade para questionarmos a crença de que "quem não concorda comigo num ponto, está contra mim em tudo".

Uma Nação democrática é aquela onde se buscam soluções de consenso, onde o povo participe ativamente de sua construção e não apenas se degladie pelas redes sociais.

Neste ponto a militância petista está de parabéns. Ela não deixa suas bandeiras em casa. Ela vai a luta e sabe o porquê de não abandonar a batalha até que o último voto seja contado.

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