O retrocesso foi evitado. Agora é preciso avançar

Se a presidenta negociar a frio com essa gente, sem apoio popular, figuras como Renan, Collor, Eduardo Cunha e companhia, vão colocar a faca no seu pescoço



✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

As urnas falaram. Dilma Roussef e o PT ganharam um novo mandato e, por mais quatro anos, vão governar o Brasil.

Nas ruas viu-se um espetáculo de que já estávamos nos desacostumando: a militância petista com suas bandeiras vermelhas. Diante do risco da eleição de Aécio Neves, ela reapareceu e teve papel decisivo na vitória. É bom que não seja esquecida novamente.

continua após o anúncio

O resultado eleitoral livrou o país de um grande retrocesso. Mas é preciso que se diga: muitos eleitores sufragaram o nome de Dilma para evitar uma volta ao passado. O não quer dizer, no entanto, que estejam plenamente satisfeitos com o presente.

O que se avançou nos governos de Lula e Dilma foi muito importante. O Brasil continua com uma estrutura social injusta, mas, certamente, menos injusta do que há 12 anos. Mas isso é insuficiente.

continua após o anúncio

O retrocesso foi evitado. Agora é preciso avançar. O Brasil espera as reformas que foram prometidas e têm sido adiadas.

Espera por uma reforma política, que ponha fim ao predomínio do poder econômico nas eleições e na política brasileira e que constitui a fonte maior da corrupção.

continua após o anúncio

Espera por uma reforma tributária, que taxe as grandes fortunas, pese mais a mão nos impostos diretos e faça com que os ricos paguem mais, desonerando os pobres.

Espera por uma reforma agrária, uma urgência de 500 anos.

continua após o anúncio

Espera por uma democratização dos meios de comunicação de massa, especialmente os eletrônicos, pondo fim ao inconstitucional monopólio que existe no setor.

Essas e outras reformas mexerão com interesses dos poderosos. Mas isso não deve ser razão para postergá-las. Há um limite para que se avance sem contrariar interesses. Chega um momento em que é preciso tomar decisões, mesmo sabendo que haverá resistência. Como diz o ditado popular: ou o veado morre ou a onça passa fome.

continua após o anúncio

Além do mais, faz-se necessário reconquistar a classe média, ou parte substancial dela e melhorar a prestação dos serviços públicos.

Essas mudanças são urgentes e necessárias. E são demandas do povo brasileiro.

continua após o anúncio

Esse mesmo povo espera que Dilma não se transforme em refém da maioria conservadora no Congresso. Que, se necessário, recorra à sua participação direta, sob a forma de plebiscitos – demonizados pela mídia conservadora, mas previstos na Constituição – para livrar-se do jugo do Centrão e dos eternos donos do Legislativo.

A maioria do Congresso, formado por parlamentares de siglas sem definição política ou ideológica, vai querer cobrar seu preço para apoiar Dilma. Que ninguém se iluda - será um preço alto e indecoroso. Essa gente vai exigir cargos e vantagens no governo. Sabe-se bem para quê.

continua após o anúncio

Aceitando ou não a participação desses partidos numa coalizão governamental, Dilma não pode ficar refém deles. Ou então, não fará qualquer reforma substancial. E, além disso, estará sujeita a se ver diante de mais e mais episódios de corrupção. Nesse sentido, o estreitamento de laços com os partidos e setores progressistas e de esquerda é mais do que desejável. É uma necessidade. O PT precisa voltar para as ruas. O governo deve dialogar de forma permanente com os novos movimentos sociais e não fazer coro com a sua criminalização. Não ter medo das manifestações populares é atitude que se impõe.

Se a presidenta negociar a frio com essa gente, sem apoio popular, figuras como Renan, Collor, Eduardo Cunha e companhia, vão colocar a faca no seu pescoço.

Por isso, não há outro caminho: Dilma e o PT precisam mobilizar a sociedade, compartilhando com ela as grandes questões nacionais e buscando nela apoio para as reformas. Ou o Congresso é mantido sob pressão, ou o governo não realizará as transformações estruturais prometidas durante a campanha presidencial.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247