Goldman, nada a perder

Tucano expõe mais uma vez sua condição de homem público que, como uma criança, "fala o que pensa" ao emitir opiniões baseadas em distorções de números da economia e de fatos do atual contexto político brasileiro

Tucano expõe mais uma vez sua condição de homem público que, como uma criança, "fala o que pensa" ao emitir opiniões baseadas em distorções de números da economia e de fatos do atual contexto político brasileiro
Tucano expõe mais uma vez sua condição de homem público que, como uma criança, "fala o que pensa" ao emitir opiniões baseadas em distorções de números da economia e de fatos do atual contexto político brasileiro (Foto: Roseli Martins Coelho)


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O nível de agressividade da campanha eleitoral de 2014 foi estabelecido pela atuação do candidato do PSDB já nos primeiros debates da televisão. Sem hesitação, Aécio vociferava frases como "seu governo acabou", "sua política econômica fracassou", "vamos livrar o Brasil do PT", além de frenéticas acusações de corrupção. Desnecessário evocar o já agora memorável episódio do "leviana" que ele cuspiu na face de Dilma, muito provavelmente motivado pelo desespero diante da possibilidade de ver fatos nada edificantes de sua vida expostos ao eleitorado.

Aos resultados da eleição que deu a vitória à candidata do PT, seguiu-se um período de fuga da realidade de líderes partidários que apoiaram Aécio. A cada semana a confusão coletiva adquiria novos elementos graças ao espaço privilegiado que a mídia tradiconal dá aos escândalos de corrupção e à ênfase nas análises catastrofistas sobre resultados da economia brasileira. Nesse contexto, Goldman vem mostrando disposição para colaborar com as ilusões de tucanos que ainda se recusam a aceitar a derrota.

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Alberto Goldman nunca foi protagonista no cenário político brasileiro, mas como figurante ele construiu uma trajetória razoavelmente sólida no PMDB, alimentada sobretudo pelo seu passado de integrante de partido da esquerda. Goldman estava no PMDB na primeira eleição democrática para o Governo do Estado de São Paulo, que elegeu Montoro em 1982, e na eleição seguinte, na qual Orestes Quércia saiu-se vitorioso. Entretanto, a campanha eleitoral para governador de 1986 foi marcada pela deslealdade de um grupo de filiados ao PMDB que, ao invés de trabalhar pelo candidato oficial do partido, passaram a divulgar o nome do PTB, Antonio Ermírio de Moraes, que estava em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais. Quércia venceu a eleição e tratou logo de asfixiar, em termos de cargos na máquina do estado e de postos de visibilidade no partido, aqueles que tinham apoiado Antonio Ermirio.

Desse imbróglio surgiu um típico partido de "origem parlamentar", conforme o termo consagrado da Ciência Política para definir organizações criadas por políticos que já exercem cargos no parlamento e, obviamente, procedem de outros partidos. As explicações oficiais do PSDB para a saída do velho PMDB e para a fundação de uma nova legenda giram em torno de alegações de fisiologismo por parte de Quércia. O triste episódio de deslealdade da campanha de 1986 jamais foi mencionado publicamente, e se transformou em assunto proibido para os todos os integrantes do partido. Na década de 1990, o PSDB iniciou sua fase de organização poderosa graças à superposição da máquina partidária com a burocracia estatal de estados e do governo federal.

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Na direção do PSDB de São Paulo estão alguns dos políticos mais conhecidos do cenário brasileiro e que, não por coincidência, pertencem ao grupo que em 1988 fundou o partido. Não é o caso de Goldman, que manteve-se como um nome regional. Ele não saiu do PMDB junto com Fernando Henrique, Montoro, Serra e outros "autênticos", tendo permanecido na área de influência de Quércia no velho partido até meados dos anos 1990. Mas durante o segundo governo Fernando Henrique Cardoso, Alberto Goldman abandonou as fileiras do PMDB e passou resolutamente para o PSDB. Até hoje não foram esclarecidos os motivos que levaram um quercista de longa data a migrar para uma organização que era considerada, por Quércia e sua círculo mais próximo, como o principal inimigo.

Talvez por ser um "tucano tardio", ou por ser um nome de curto alcance eleitoral, Goldman vem atuado como porta-voz daqueles que estão no pântano do golpismo ao não reconhecer a derrota para o PT. Durante a campanha eleitoral Goldman já havia demonstrado que é um político que não tem nada a perder ao xingar Lula de "canalha" e "imbecil". Confirmou essa condição logo nos dias seguintes ao resultado da disputa quando expressou opiniões preconceituosas sobre o voto de nordestinos e pobres.

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Agora, na difícil fase de aceitação da derrota porque passa o PSDB, Goldman expõe mais uma vez sua condição de homem público que, como uma criança, "fala o que pensa" ao emitir opiniões baseadas em distorções de números da economia e de fatos do atual contexto político brasileiro.

A sua eloquência vem sob a forma de vitupérios que compõem fileiras de ameaças de "impeachment" e profecias de crises terminais para o próximo governo. É a clássica tarefa que exige total desapego em relação à própria reputação. Serve perfeitamente para Goldman.

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