O ódio de classe

Se é verdade que o Partido dos Trabalhadores traiu seus ideais de classe, por que a elite estilou tanto ódio contra o PT e sua candidata?

Se é verdade que o Partido dos Trabalhadores traiu seus ideais de classe, por que a elite estilou tanto ódio contra o PT e sua candidata?
Se é verdade que o Partido dos Trabalhadores traiu seus ideais de classe, por que a elite estilou tanto ódio contra o PT e sua candidata? (Foto: Joana Ribeiro)


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E agora esquerdas radicais, o que as teorias que iluminam as sua práticas políticas em nome da revolução lhes dizem sobre o ódio de classe presente nesta eleição presidencial 2014?

Se é verdade que o Partido dos Trabalhadores traiu seus ideais de classe, por que a elite estilou tanto ódio contra o PT e sua candidata?

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Penso que os sinais claros de uma disputa de classe que apareceram nesta eleição devem levar aos partidos de esquerda a repensarem sua performance política e voltar-se para o grande desafio de casar na prática cotidiana da vida partidária teoria e prática.

Acusar o PT de traidor da classe trabalhadora e pedra de tropeço para o trabalho de base e avanço da esquerda não podem daqui pra frente justificar esta dificuldade de vivenciar na prática o que se busca na teoria, nem, muito menos, esconder a crise de paradigmas para um reposicionamento das esquerdas, não só no Brasil, mas no mundo.

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A meu ver, com os resultados desta eleição e dos desdobramentos após a mesma, quem tem de fato um projeto político para o Brasil deve repensar seu conteúdo programático e somar forças, debatê-lo com a classe trabalhadora, mesmo com todas as dificuldades que temos para se fazer debates nesta sociedade líquida, como já apontou há anos o pensador Zigmout Bauman. Nela tudo é líquido, tudo passa, tudo se liquefaz, tudo se adapta, inclusive os princípios, valores e, infelizmente, os ideais de uma nova sociedade.

Indubitavelmente, há 12 anos o Partido dos Trabalhadores não fez política de base e virou correia de transmissão do seu governo e gestor de políticas públicas. Os líderes de linha de frente do partido, beneficiários diretos e indiretos das benesses do poder, renunciaram seu papel de fortalecer a sociedade através do debate político e do trabalho de base para, fortalecer o partido e assim, como um dos representantes da sociedade política, juntamente com outros partidos de esquerda e movimentos sociais, debaterem, junto com toda a sociedade organizada, o projeto em curso, gerido pelo seu governo.

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A base do partido assistia feliz ao seu governo por ver a vida do povo melhorar, apesar da insatisfação e de uma certa angústia que o modelo de governo de coalizão vai gerando na política em cada cidade.

A inversão de prioridade visivelmente demonstrados em todas as ações dos governos Lula e Dilma que levaram a uma melhoria da qualidade de vida das camadas historicamente excluídas, a elevação do Brasil como nação soberana perante a comunidade internacional, tanto como potência econômica, como política e o fortalecimento do Estado brasileiro, sem o devido fortalecimento político e cultural, trouxe à tona neste eleição, as fraquezas do modelo de governo, os perigos e os riscos que correram e estão correndo a classe trabalhadora que não foi elevado politicamente para compreender e defender o projeto em curso com a eleição de Lula e Dilma.

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A força do governo de coalizão e suas obras neutralizaram a oposição em todos estes 12 anos de governo do PT, levando ao seu enfraquecimento e a quase morte do DEM, mas não à sua renúncia de defesa "de classe" que para tal, usou como instrumento político os meios de comunicação, utilizada historicamente como ferramenta da elite e transformada em partido de oposição ao governo.

A mídia fez poderosamente aquilo que os partidos de oposição ao governo não poderiam fazer, para não se queimarem diante dos seus eleitores, vindo de forma odiosa e virulenta para cima da candidata e até da presidenta Dilma nesta campanha.

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As esquerdas radicais ficaram 12 anos dizendo que o PT traiu a classe trabalhadora e dado à crise de ideologia e de utopia, fruto do massacre do capitalismo sobre o ser humano em todas as suas dimensões e de fato pela revolução social e política que o PT com todos os seus limites, conseguiu realizar neste país, não conseguiram mobilizar a sociedade em torno dos seus projetos revolucionários.

Os movimentos sociais não conseguem arregimentar bandeiras e ações que unifiquem, encantem e tragam a sociedade para debaterem nem o projeto que está aí e muito menos conseguiu construir um debate utópico em torno de um novo projeto.

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O grito das ruas, com todos os questionamentos e dúvidas sobre sua natureza, foi um fenômeno do povo, sem sombra de dúvida, mas que pela forma, hora e pelo choque gerado em todas as institucionalidades, não deu em nada, apesar da tentativa de Marina capitanear para si este povo mobilizado pelo mesmo, mas foi iludida pela elite que a elevou e no momento certo deu-lhe o nocaute necessário, se não para a sua morte política, pelo menos será muito difícil, ela se projetar como uma via alternativa em 2018.

O partido dos Trabalhadores não teve tempo de fazer política, porque durante o seu governo, seu papel foi administrar políticas públicas, infelizmente.

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E a mídia foi entrando de forma subliminar nas mentes e nos corações da classe trabalhadora, que elevada materialmente pelos governos do PT, não conseguiu sentir-se classe, posicionar-se como classe e muito menos defender como classe, um projeto claramente de classe em construção no país.

E agora PT? E agora movimentos sociais? E agora partidos de esquerdas? Estamos ou não implantando gradativamente no Brasil um projeto de classe?

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