“A derrota lhes subiu à cabeça” e o “bolivarianismo” de hospício

A mania desses senhores agora, FHC e Aécio Neves na "vanguarda", entre ondas ciclotímicas de depressão e euforia, é anunciar a "desordem" e o "fim do mundo", ou "esculachar" e maldizer os petistas, numa espécie de neomacartismo fuleiro e hipócrita

A mania desses senhores agora, FHC e Aécio Neves na "vanguarda", entre ondas ciclotímicas de depressão e euforia, é anunciar a "desordem" e o "fim do mundo", ou "esculachar" e maldizer os petistas, numa espécie de neomacartismo fuleiro e hipócrita
A mania desses senhores agora, FHC e Aécio Neves na "vanguarda", entre ondas ciclotímicas de depressão e euforia, é anunciar a "desordem" e o "fim do mundo", ou "esculachar" e maldizer os petistas, numa espécie de neomacartismo fuleiro e hipócrita (Foto: Lula Miranda)


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O senador Humberto Costa, líder do Partido dos Trabalhadores, foi quem resgatou essa genial tirada, espécie de aforismo acachapante, já utilizado, há muito, dentre outros célebres frasistas, por Mino Carta, e que agora dá título a este artigo. Essa expressão, sem dúvida uma grande sacada, por si só é eloquente, já diz tudo.

Costa é um pernambucano "retado", um "cabra bom da muléstia"[sic] – como se dizia antigamente nas pequenas cidades do interior do Nordeste. Sem favor algum, é um quadro do petismo de inestimável valor. É daqueles parlamentares que honram o partido ao qual pertencem e dignificam o Parlamento.

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Já outro pernambucano, o também senador Jarbas Vasconcelos...

Mas este outro já se despede da Casa Alta do Congresso para, desgraçada e estrategicamente (uma vez que, provavelmente, não conseguiria se reeleger senador), assumir um mandato de deputado federal, que conseguiu a despeito da sabedoria do eleitorado pernambucano – que, vale lembrar, deu mais de 70% dos votos a Dilma Rousseff em detrimento do candidato da oposição, que, como se sabe, malogrou.

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A derrota decerto lhes subiu à cabeça.

Jarbas Vasconcelos, por esses dias, em seu discurso de despedida no Senado, fez menção a um suposto "bolivarianismo", logo ele, justo ele, veja você, um coronel do passado, longevo no poder, inimigo dos ideais progressistas em Pernambuco representados à época por Miguel Arraes, mas finalmente derrotado pelo neto deste, o precocemente falecido Eduardo Campos, com a ajuda de Lula e do PT – haja paciência para tanto ressentimento e destempero golpista da oposição.

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Suposto "bolivarianismo" este que vem assombrando "de mentirinha" a oposição e repercutindo ad nauseam em suas caixas de ressonância e alto-falantes, estrategicamente instaladas em veículos da grande mídia de negócios e negociantes, e nos colunistas rola-bostas que levam, diligentemente, excrementos e excrescências das mais variadas aos ouvidos e cabeças de seus leitores fiéis – mais fiéis do que leitores, diga-se.

Nem seria o caso de se dar ao trabalho de explicar o óbvio: que o tímido reformismo de centro-esquerda dos petistas está, literal e ideologicamente, a quilômetros de distância do autêntico e autoproclamado "revolucionário" bolivarianismo – termo originário e inspirado na figura de Simón Bolívar, mítico herói e libertador da AL, e não uma referência à Bolívia do presidente Evo Morales, como chegam a pensar alguns incautos, faça-se, portanto, a devida distinção.

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Seria, estou seguro, mera perda de tempo tentar explicar ainda que a realidade da Venezuela, do Equador e da Bolívia não tem nada a ver com a brasileira etc. Que não tem nada a ver conosco, nem nos diz respeito, esse tal de bolivarianismo, difuso e incerto, que serve como inspiração a autênticos socialistas e a populistas em alguns países da América Latina.

Tal esforço seria como ensinar grego a uma vaca que se banha, bovina e displicentemente, no raso e poluído brejo das almas. Seria mais ou menos o mesmo, aproveitando o espírito natalino, que ensinar ciência política a uma vaquinha de presépio. Dizendo melhor, como ensinar política a um leitor da revista Veja.

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E não é que eu esteja querendo me colocar contra ou a favor do tal bolivarianismo, essa nem é a questão que se apresenta. Apenas não perco meu tempo debatendo-me com fantasmas ou discutindo questões e fenômenos que não me dizem respeito, diretamente, nem ao meu país. Tampouco fico vendo sombras e assombrações nas paredes do claustro da ignorância em que se escondem, e de onde se manifestam, os críticos do tal "bolivarianismo" que "ameaça" o Brasil e aflige parte da nossa classe média – burra, cheirosa, iletrada e, por vezes, ridícula.

Lembro aqui, à guisa de ilustração, o caso emblemático/exemplar de um herdeiro de uma dessas famílias que se acham donas do Brasil, feliz proprietário de um desses oligopólios de mídia, que foi fotografado, recentemente, em uma daquelas pífias manifestações pelo impeachment da presidente Dilma, empunhando um cartaz onde se podia ler, com todas as letras: "FORA, VENEZUELA!".

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Como assim, "Fora, Venezuela!"?! O que tem a ver a Venezuela com a realidade do Brasil?! Absolutamente NADA. Nada, repito.

Ademais, não devemos, ao menos, regra basilar da civilidade e da convivência pacífica entre nações, respeitar a soberania de um país, nosso vizinho? E olhe que aquele indivíduo, flagrado na manifestação, cartaz e "tonteria" em punho, é um legítimo representante da parte mais conservadora, reacionária de nossas elites. E, o que é pior, "se acha". Acha-se o senhor da razão. Apesar de, aparentemente, já tê-la perdido, junto com o bom senso.

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Como se depreende desse caso paradigmático, as nossas elites prosseguem exibindo as suas vergonhas e idiossincrasias em público, sem pudor ou constrangimento algum. Vergonha alheia!

Tenho vergonha das nossas elites. Cada dia mais.

Mas a derrota parece lhes ter de fato subido à cabeça e se convertido numa espécie de insanidade – ou ansiedade política.

A mania desses senhores agora, FHC e Aécio Neves na "vanguarda" [da vã desdita], entre ondas ciclotímicas de depressão e euforia, é anunciar a "desordem" e o "fim do mundo", ou "esculachar" e maldizer os petistas, numa espécie de neomacartismo fuleiro e hipócrita – mas sobre esse tema conversaremos numa próxima ocasião.

Haja Rivotril!!!

N.A. Adverte-me um leitor que a frase que estampava o cartaz empunhado por um dos herdeiros de um grupo de mídia de SP na verdade dizia: Foda-se, Venezuela! E não "Fora, Venezuela" conforme afirmado aqui. Ou seja: a coisa foi pior, e ainda mais deplorável.

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