No corredor da morte com o brasileiro abatido a bala

A execução de Marco Cardoso Moreira, depois de longo e sofrido corredor da morte, é sinal do fracasso de um Estado ante as drogas que apodrecem e matam



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O mundo dividido e dilacerado acompanhou as pressões pela desistência do governo da Indonésia em executar a pena de morte imposta a Marco Archer Cardoso Moreira.

Eu esperava que repentinamente o presidente Joko Widodo se incorporasse do bom senso que se ergueu no mundo inteiro, principalmente do governo brasileiro e indultasse Marco, enviando-o para julgamento e penalização no Brasil, onde não temos condenação à morte. Mas não, alegando promessa e compromisso de campanha, Widodo manteve a execução à morte.

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Acompanhei emocionalmente com o coração nas mãos o condenado e irmão brasileiro até seu estertor à bala.

Coloquei-me a seu lado. Acompanhei seus passos nas celas e corredores por onde caminhou até à morte.

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Vi um homem ora abalado terrivelmente com a possibilidade da morte provocada por um Estado que o julgou e o condenou a não mais viver, ora esperançoso que o governo da Indonésia fosse acometido de compaixão e o perdoasse.

Assisti ao vídeo no qual me olhou na cara e falou que errou feio, que cometeu crime grave. Escutei-o dizendo que se arrependeu. Disse que gostaria de voltar ao Brasil e mostrar à juventude que as drogas levam à prisão ou à morte, inescapavelmente.

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Vi a dramaticidade do homem diante da morte e a disposição de que faria de tudo para escapar desse triste fim.

Vi também o sofrimento de seus parentes, envoltos em vergonha, ameaças e dor pelo luto imposto pelas leis de um Estado que se julga dono da vida e da morte de seres humanos errantes moralmente.

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Até que insensível ao sofrimento de todos e surdo aos apelos do mundo o Estado Indonésio deu dois tiros no peito de Marco, que tremeu, perdeu os sentidos e morreu.

Vi que todas as possibilidades da redenção de um homem se foram e viraram literalmente cinzas de um cadáver e do arrependimento pelos erros, incinerados e carregados num pequeno recipiente. O Estado deus matou um homem que errou sem lhe dar possibilidade de correção.

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Vi no drama de Marco, por outro lado, a grave injustiça dos que traficam, vendem e correm riscos ao transportar drogas que destroem relações, família, sonhos e que matam, simplesmente porque desejam ganhar dinheiro.

Vi em Marco o egoísmo assassino dos que traficam e vendem drogas que causam dependência e morte em escala de epidemia, sem se importar com sonhos e possíveis heróis desviados da rota da missão de ajudar a humanidade a ser melhor.

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Vi no Marco a inconsequência de alguém que, apesar de ser profissional e prestigiado, não mede as consequências da destruição dos outros e que se excita com os riscos da própria vida. Pura estupidez e desumanidade. Diabólico!

Vi no rosto de Marco os que são flagrados e condenados pelo delito de somente pensar em si, mesmo que milhões de jovens sejam destruídos pelas drogas.

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Na cara de Marco estampavam-se milhões de mães envelhecidas precocemente pela perda de seus filhos ainda promissores e inteligentes porque os traficantes são estúpidos e perversos.

Logo após a queda da União Soviética a Rússia foi tomada por poderosos traficantes de drogas, ligados aos interesses internacionais, que tudo fazem para ganhar dinheiro destruindo vidas humanas.

Aqui no Brasil amplos setores do judiciário, dos parlamentos, do mercado e da polícia são reféns e agentes do tráfego de drogas, o mesmo que seduz e pressiona pessoas com ameaças terríveis que, como Marco, serão vítimas de algumas punições e até pena de morte em algum lugar do mundo.

Enquanto a execução de Marco nos dá um sabor de fracasso humano, os traficantes que o produziram patrocinam campanhas eleitorais e infestam o tecido social do mundo.

A execução de Marco Cardoso Moreira, depois de longo e sofrido corredor da morte, é sinal do fracasso de um Estado ante as drogas que apodrecem e matam.

A rendição ao trafico e morte de Marco representa a impotência mundial atropelada por gigantesco banditismo que acumula trilhões de dólares com o crime e com a destruição de vidas preciosas.

Somos cercados por todos os lados e hipocritamente pelos criminosos do tráfico de drogas. Nenhuma família é inerme dessa nefasta ação diabólica.

Pena que matar o Marco, que se proporia a nos contar tudo o que soube a respeito da trama mundial da destruição pelas drogas, nos deixa uma sensação de que continuaremos sem saber quem o levou de fato ao crime e à morte.

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