A preparação do golpe

Não podemos nem devemos permitir que interesses externos, defendidos por maus brasileiros preocupados apenas com os seus próprios interesses políticos e econômicos, destruam os avanços já conquistados

Não podemos nem devemos permitir que interesses externos, defendidos por maus brasileiros preocupados apenas com os seus próprios interesses políticos e econômicos, destruam os avanços já conquistados
Não podemos nem devemos permitir que interesses externos, defendidos por maus brasileiros preocupados apenas com os seus próprios interesses políticos e econômicos, destruam os avanços já conquistados (Foto: Ribamar Fonseca)


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O Brasil parece estar vivendo hoje um clima semelhante ao registrado às vésperas do golpe militar de 31 de março de 1964. E a manifestação que vem sendo convocada para o dia 15, a exemplo da Marcha com Deus pela Liberdade realizada naquele ano, pretende coroar esse clima, colocando o impeachment na marca do pênalte. Só ficará faltando mesmo o chute a gol, a cargo do Congresso Nacional, com o incentivo escandaloso da mídia oposicionista que, com  a sua  sistemática campanha  contra o governo, acredita já ter  preparado o espírito do povo para o golpe. E vai pressionar o atual presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, para aceitar o pedido. 

Existem, no entanto, três diferenças entre o golpe passado e o que se encontra em andamento: primeiro, os comunistas, que assombravam os americanos e serviram de pretexto para a derrubada do governo João Goulart, foram substituídos pelos petistas;  segundo, o golpe em marcha hoje  não tem a participação dos militares; e, terceiro, o seu principal objetivo, que antes era impedir o alinhamento do Brasil à União Soviética, hoje  é entregar o poder à direita, agora representada pelos tucanos, para colocar o nosso país a reboque dos Estados Unidos.  Em comum entre a situação  de 64 e a atual a possível orquestração americana e a efetiva participação da mesma mídia entreguista que apoiou o golpe daquele ano e que, hoje, escancarou-se como partido político. 

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O panorama atual, no entanto, criado pela mídia oposicionista  como preparação para o golpe – inconformada com a derrota do seu candidato tucano nas últimas eleições -  revela-se  muito  mais grave na medida em que, paralelamente à  derrubada da Presidenta, prega o ódio entre classes, que se reflete no comportamento agressivo de pessoas que se deixaram influenciar pelo noticiário tendencioso. As vergonhosas   agressões verbais ao ex-ministro Guido Mantega no Hospital Albert Einstein – hospital da elite brasileira – são  apenas uma pequena mostra do enorme perigo a que está exposta a sociedade, onde ninguém mais tem segurança, sobretudo os que defendem o respeito ao regime democrático e não compactuam com  nenhum movimento golpista.  

Depois desse episódio envolvendo o ex-ministro da Fazenda e do confronto entre ativistas pro e contra a Petrobrás, ninguém pode prever do que são capazes as pessoas que se deixaram contaminar por esse absurdo sentimento de ódio, disseminado também nas redes sociais, onde já houve até quem sugerisse  um holocausto dos nordestinos por terem garantido a  vitória de Dilma nas últimas eleições.  Não será exagero, portanto, diante desse quadro,  prever-se para breve linchamentos físicos nas ruas, a exemplo dos linchamentos morais que se tornaram rotina, com o retorno do dedurismo que marcou o período da ditadura.  

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Diante da estranha inércia da presidenta Dilma Roussef e do PT ante o massacre midiático, sem uma reação vigorosa capaz de se contrapor ao noticiário manipulado que vem fazendo a cabeça da população,  homens de bem deste país, intelectuais de renome, decidiram reunir-se para um alerta sobre a ameaça que paira sobre o Brasil. E lançaram um manifesto, ignorado por essa mesma mídia, em que lembram que  “o Brasil viveu, em 1964, uma experiência da mesma natureza. Custou-nos um longo período de trevas e de arbítrio. Trata-se agora de evitar sua repetição. Conclamamos as forças vivas da Nação a cerrarem fileiras, em uma ampla aliança nacional, acima de interesses partidários ou ideológicos, em torno da democracia e da Petrobras, o nosso principal símbolo de soberania.”

Na verdade, por trás de tudo isso está a cobiça estrangeira pelo nosso petróleo. A nossa mais importante  empresa estatal, a Petrobrás, que só não foi entregue ao capital estrangeiro no governo de Fernando Henrique porque  acabou o seu mandato – ainda assim ele quebrou o monopólio do petróleo – será   a primeira a ser sacrificada caso os golpistas tenham sucesso em sua empreitada. Só um cego não vê que a campanha de desmoralização e desvalorização da estatal tem justamente o objetivo de privatizá-la. Em seu manifesto, os intelectuais advertem: “Está à vista de todos a voracidade com que interesses geopolíticos dominantes buscam o controle do petróleo no mundo, inclusive através de intervenções militares. Entre nós, esses interesses parecem encontrar eco em uma certa mídia a eles subserviente e em parlamentares com eles alinhados”.

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Os brasileiros anestesiados por esse noticiário tendencioso, que estão servindo ingenuamente a interesses antinacionais compartilhando informações falsas nas redes sociais, portanto, devem acordar para o fato de que estão sendo manipulados pelos que desejam tomar o poder que  lhes foi negado nas urnas. Muitos agem de boa fé, imaginando que estão prestando um serviço ao Brasil – nas notas falsas que compartilham o  patriotismo é inteligentemente explorado pelos mentores – mas na realidade estão dando a sua contribuição para o retrocesso do país e a perda de um de seus maiores patrimônios – a Petrobrás. Todos queremos o saneamento da empresa, com o expurgo e punição dos que a roubaram, mas ela não pode ser penalizada pela ação isolada de funcionários corruptos. 

Não podemos nem devemos permitir que interesses externos, defendidos por maus brasileiros preocupados apenas com os seus próprios interesses políticos e econômicos, destruam os avanços já conquistados, levando o nosso país de volta à condição de colônia. E ninguém pode prever como terminará qualquer ação que contrarie a vontade popular manifestada nas urnas em novembro passado. Quem contribuir para um retrocesso, por menor que seja a sua participação, responderá pelos seus atos, em última análise, perante o tribunal da sua consciência, onde não existem joaquins nem sergios.  Como sentenciou Jesus: “A semeadura é livre, mas a colheita obrigatória”. 

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