Um crime de lesa-pátria

Deixar a indústria naval brasileira afundar pode ser pior do que perder o grau de investimento

Deixar a indústria naval brasileira afundar pode ser pior do que perder o grau de investimento
Deixar a indústria naval brasileira afundar pode ser pior do que perder o grau de investimento (Foto: Leonardo Attuch)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

De uma maneira simplificada, a economia pode ser encarada por duas lentes: a dos que observam prioritariamente seus aspectos financeiros e a dos que preferem enxergar fatores ligados à produção. A grosso modo, é isso que separa monetaristas e fiscalistas dos chamados desenvolvimentistas.

Na vida real, as duas dimensões da economia se completam, uma vez que não há desenvolvimento possível sem um mínimo de ordem no campo fiscal. No Brasil de hoje, a ênfase do discurso político vem sendo colocada no corte de despesas – assim como faz ‘uma dona de casa’, como salienta o governo Dilma Rousseff.

continua após o anúncio

No entanto, é preciso cuidado para não se render cegamente a esse discurso e permitir que conquistas importantes dos últimos anos sejam perdidas. O exemplo mais gritante, de um setor que grita por socorro, é a indústria naval, numa crise que tem como epicentro a empresa Sete Brasil, controlada por bancos e fundos de pensão.

Criada logo após as grandes descobertas do pré-sal, a Sete nasceu para se beneficiar e também beneficiar o País de uma de suas vantagens comparativas. Como a Petrobras acabara de se tornar uma das empresas com mais reservas de petróleo provadas no mundo, nada mais natural do que desenvolver uma indústria de apoio ao setor de óleo e gás no Brasil. Em vez de alugar sondas de perfuração no exterior, por que não construí-las por aqui?

continua após o anúncio

Foi assim que, contratada pela Petrobras, a Sete subcontratou estaleiros em várias regiões do País, atraindo investimentos internacionais de empresas como Samsung, Jurong e Hyundai, entre outras, em parceria com empreiteiras nacionais. O problema: como as construtoras foram atingidas pela Lava Jato, o BNDES não libera um financiamento de US$ 5 bilhões que daria oxigênio à Sete. Com isso, os estaleiros estão parando. Não apenas parando, mas também, obviamente, demitindo.

Nos últimos dez anos, a indústria naval brasileira saiu do ponto morto e foi a quase 200 mil empregos.

continua após o anúncio

Caso nada seja feito para evitar seu naufrágio, todo o esforço dos últimos anos para criar uma política de conteúdo nacional no setor de petróleo terá sido em vão. E dentro de alguns anos, quando os preços do petróleo se normalizarem, a Petrobras terá voltado a alugar a sondas no exterior. Para a credibilidade do País, deixar a indústria naval afundar pode ser ainda pior do que perder o grau de investimento.

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247