O governo Dilma tem salvação?

Seu governo perdeu o caminho de casa e se encontra terrível e perigosamente embriagado pelo neoliberalismo e sem comando



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A última pesquisa sobre o governo Dilma e o Congresso Nacional, Câmara e Senado mostra queda livre e rápida de prestígio desses poderes políticos da República. A maioria do povo brasileiro demonstra perder assustadoramente a esperança nas ações políticas de cima para baixo.

O que aconteceu? Quais as causas para tanta neblina no caminho iniciado em 2002 com o governo Lula?

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Uma das causas, sem dúvidas, é a crise do regime capitalista em nível mundial, da qual o Brasil se preservou até fins de 2012 com as políticas compensatórias de preservação dos salários e da renda.

Bolhas imobiliárias bancárias estouram nos Estados Unidos, jogando milhões de estadunidenses no desemprego e nas ruas, literalmente. O poderoso império aumentou seu poder de ódio e de destruição do mundo, espalhando guerras e derrubando governos democráticos por toda a parte, alvejando os países donos de riquezas do subsolo. O seu alvo agora é a América Latina e, acentuadamente, o Brasil, rico em água, mata atlântica e petróleo.

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Sob tensão quase insuportável, o governo Dilma iniciou em 2011 a mudança de rumos, desviando a rota original do desenvolvimento com empregos e distribuição de renda. De lá para dá sinais de cooptação pelo neoliberalismo lesa Pátria, destrutivo do Estado soberano e investidor, para ceder espaços para o mercado monopolista, rentista, concentrador de renda e de riquezas, com forte conotação anti-desenvolvimentista e gerador de caos social.

Sinais brutais de mudança de rumos começaram em 2011 com as subas seguidas de juros, em descontinuidade à política antiemprego adotada pelo governo e pelo Banco Central. Pioraram com a constante desindustrialização desmerecendo nossas empresas nacionais em troça de importações a porteiras abertas, marginalizando trabalhadores, comércio e as máquinas brasileiras. Tudo para favorecer os empregos e as rendas lá fora do Brasil em desconsideração aos nossos trabalhadores e ao nosso bem estar interno.

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Nas eleições, de campanha acirrada marcada pelo ódio, pelo machismo, pelo fundamentalismo fascista e por tremendos preconceitos contra nordestinos, pobres, negros e indígenas, com morte inexplicável num avião sem dono de um dos candidatos à presidência, o povo foi às ruas e às urnas com Dilma nos braços para reelegê-la com o objetivo de que a Presidenta honrasse sua promessa de não ferir os direitos trabalhistas nem que a vaca tossisse, como a própria prometeu, defendendo os empregos, os salários e, sobretudo, aprofundasse as reformas mais importantes para os avanços do País e da maioria do povo.

O que aconteceu? O que a Presidenta fez ao montar o seu governo e ao iniciar o ano de 2015?

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A Presidenta colocou nos ministérios da Economia e da Agricultura inimigos do projeto iniciado por Lula e abraçado entusiasticamente pelo povo.

O senhor Joaquim Levy, convocado para comandar a economia do País, é um fanfarrão do mercado monopolista internacional. Até funcionário do FMI foi. No Banco Central permaneceram os amigos do mercado rentista e desorganizador da produção.

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Outros ministérios são ocupados por pessoas fracas, professorais e arrogantes, que não convencem e não fazem nada para ajudar o País.

Os deputados elegeram um malandro listado na Lava Jato para presidir uma parte importante do poder legislativo. Depois se ofendem quando o ex-ministro da educação, Cid Gomes, critica esses deputados vigaristas que torcem pelo quanto pior melhor.

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O PMDB, cuja cabeça “pensante” sempre esteve ao lado das piores soluções para o Brasil, é totalmente vacilante e oportunista. Durante o desgoverno de FHC apoiou os golpes contra as estatais vendidas e entregues aos marginais nacionais e internacionais. Apoiou o descalabro daquele governo e ajudou a golpear arranjando o segundo mandado para o neoliberal FHC, usando, inclusive, jagunços e bandidos no congresso daquele partido para ameaçar quem ousasse contrariar a reeleição do governante que mais contribuiu para quebrar e corromper o Brasil. O homem que presidia e preside o dinossauro que comporta em seu ventre aventureiros, corruptos, sujos, direitistas provindos da ditadura e dos partidos mais cruelmente reacionários até gente boa como Roberto Requião, Senador pelo Paraná, tinha e tem como presidente o gelatinoso Michel Temer, atual e perigoso vice-presidente.

Então o governo Dilma se encontra em terrível situação. Não falo da ex-guerrilheira e honesta pessoa da Presidenta, cuja história honra as lutas na América Latina. Mas seu governo perdeu o caminho de casa e se encontra terrível e perigosamente embriagado pelo neoliberalismo e sem comando. Lembro-me, com isso, do machão, gritão, fanfarrão e autoritário Luiz Felipe Scolari, entregou o jogo da seleção do Brasil ao País que pariu Adolfo Hitler e levou o mundo ao holocausto, inclusive agora ao preferir os bancos para quebrar os Estados soberanos, como o fez com a Grécia.

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É isso que temo!

Há salvação para o governo da querida Presidenta Dilma? Se há, qual?

Numa conjuntura como essa sempre há indicativos de saídas e de salvação.

A própria Presidenta ensaiou uma saída logo após saber dos resultados das urnas, na noite de 3 de outubro de 2014. Ofereceu as mãos em diálogo no discurso emocionado e demorado.

Porém, a vencedora não disse a quais interlocutores estendia o convite para dialogar. A plateia que lotou o auditório naquela noite começou a se inquietar com os “segredos” da vitoriosa e a desconfiar de que o convite se estenderia a pessoas erradas.

E estendeu. Convidou para comandar a economia do maior País da América Latina, dono da maior petrolífera do mundo, para onde os olhos de todo o continente e do mundo olhavam atentos, um inimigo do desenvolvimento, dos empregos, dos direitos sociais e da Nação. O senhor Joaquim Levy é uma raposa convidada com requinte para cuidar de nosso galinheiro. Pior, com tudo entregue às suas mãos, inclusive com o Banco Central como ferramenta para destruir a economia nacional. Para ajudá-lo na proteção das negociatas marginais a Presidenta entrega o Ministério da Agricultura e Abastecimento a uma inimiga do abastecimento interno, da agricultura e, principalmente, da reforma agrária. A “dona” Kátia Abreu é “um tapa” na cara do MST e na de todos os movimentos sociais, que ajudaram a Presidenta a se reeleger. “Dona” Kátia privilegia o poderoso agronegócio, um verdadeiro entrelaçamento de bancos gigantescos com os interesses internacionais, em desrespeito à economia interna e planejada do País.

Mesmo assim, em respeito à história da Presidenta Dilma, lutando contra toda a maré violenta da mídia e de setores do empresariado, da direita e do imperialismo internacional, fomos às ruas no dia 13 de março, de onde não devemos sair jamais, para denunciar a agenda do inferno e pedir que a Presidenta Dilma retorne ao caminho original, para avançar.

Até agora, nada. Nenhuma resposta. Dá a impressão de que não escutou a Nação e seus trabalhadores. E isso é ruim para a Presidenta e para o Brasil.

Outra solução é a que emerge das manifestações de 15 de março, uma das maiores bagunças, em forma de falta de respeito, de machismo, de nazifascista, de preconceitos eivados de ódio e divisão. O movimento foi totalmente esvaziado de autoridade pelo modo como se organizou e pelos seus manifestantes, totalmente descomprometidos com a democracia e com o País. Que autoridade têm os que pregam golpe militar, ditadura, com pessoas nuas em total exibicionismo prostituto, com outras trajando roupas do Tio San, outras ainda provocando para histerias marciais e perseguindo a mídia não dominante? Os tais promoveram arruaça pregando impeachment da Presidenta, sem saber o que é isso, em total afronta à constituição.

As piores soluções são as propostas pelo play boy perdedor das eleições no segundo turno do ano passado. O incendiário que apesar de velho, não saiu mentalmente da adolescência, comprometido com o golpe e até com o sepultamento da democracia ao clamar pela extinção de partidos arraigados com as transformações sociais.

O play boy chorão pousa de moralista, mas não explica seu envolvimento com o tráfego de drogas simbolizado no helicoca preso numa fazenda em Minas Gerais nem os escândalos com o aeroporto construído para uso familiar com dinheiro público nem a grande quantidade de dinheiro do povo entregue à irmã para administrar rádios privadas em Minas.

Acaba de sair a notícia que demonstra cabalmente o cinismo do play boy: “Além de o PSDB ter sido o maior beneficiado dos doadores para campanhas eleitorais com contas secretas no HSBC, o senador Aécio Neves foi também o candidato à presidência que mais recebeu”, denuncia o portal GGN, do jornalista Luís Nassif; “esta última informação foi omitida dos jornais”.

Por último, menciono o simulacro de solução inventado por um grupo que acha que a saída mais decente é a Presidenta e o vice-presidente renunciarem, retirando-se pela porta da frente do Palácio do Planalto.

Esse grupo, que pousa de nacionalista e democrático, que não tem nenhuma força significativa no Brasil, não explica como analisa o fato de o imperialismo perseguir a Presidenta Dilma da mesma forma que atenta contra a Venezuela, a Argentina, a Bolívia, a Colômbia e todos os Países que seguem o caminho dos não alinhados e não cabresteados por Washington.

Portanto, a proposta da renúncia em troca de eleições limpas, com debate real de projetos de governo, num País sem regulamentação da mídia, sob o comando da Rede Globo, sem espaço para efetivamente se pensar nacionalmente, é pura ilusão e engodo oportunistas.

Penso que o governo Dilma tem salvação se objetivamente ela fizer reforma ministerial, trocar os ministérios da economia, da agricultura, incentivar o crescimento e recuperar o poder de compra e de consumo do povo brasileiro. Com isso os juros têm que baixar imediatamente, em vez de subir. Chega de encher as burras dos banqueiros em detrimento do povo e do Brasil.

Os investimentos devem acontecer maciçamente nas empresas públicas e privadas, principalmente nas comprometidas com o desenvolvimento, com os empregos e com os salários.

A grave realidade exige que essas medidas têm que ser rápidas.

O caos já se iniciou na educação, na habitação, na saúde e na mobilidade social. As universidades públicas já não recebem verbas e as demissões são em números assustadores. O SUS também não recebe recursos para a compra de remédios emergenciais.

Como diz o cientista político André Singer, os recursos para o orçamento do governo devem vir da produção com empregos e não do arrocho fiscal. Este é receita neoliberal, cuja política o povo brasileiro despreza.

Mas a Presidenta tem força na sua base de sustentação para arriscar, ousar e avançar?

Não. Não tem. Sua base gelatinosa não é suficientemente forte para medidas ousadas e coerentes com a Presidente que veio da cadeia por causa da luta por justiça social e com os gritos que sobem da sociedade. O Congresso Nacional também não lhe dará suporte para as mudanças. Lá estão 400 achacadores – como muito bem denunciou o ex-ministro Cid Gomes. Eles não veem nada além das pontas obtusas de seus narizes carcomidos de chantagens pessoais.

Tanto para os achacadores quanto para os golpistas que querem impeachment, e os outros que propagam a renúncia da Presidenta, que precipitaria o País no abismo totalitário e na incerteza, valem as palavras do ex-presidente João Goulart, pronunciadas em março de 1964, assombrosamente atuais: “A democracia que eles querem é a democracia para liquidar com a Petrobras; é a democracia dos monopólios privados, nacionais e internacionais, é a democracia que luta contra os governos populares”. “Democracia para esses democratas não é o regime da liberdade de reunião para o povo: o que eles querem é uma democracia de povo emudecido, amordaçado nos seus anseios e sufocado nas suas reivindicações.”

Portanto, a base da Presidenta Dilma é o povo brasileiro, organizado nas várias entidades do movimento social e os que também não são organizados.

É esse povo que tem que se levantar na salvação do governo Dilma. É a sociedade brasileira que tem que exigir pacifica e organizadamente avanços e retomada do caminho justo deste governo.

O ex-presidente Lula equivocadamente convoca as lideranças do seu PT para se reunir no final de março. Ora, a crise não pode esperar que a burocracia daquele partido se mexa. É preciso agir depressa.

O movimento dos sem teto indica o que se deve fazer, sem esperar que os burocratas se desamarrem de seus gabinetes. É preciso mobilizar o povo na pressão pelas mudanças prometidas. No dia 18 de março o MTST boicotou estradas de 13 estados. Com o movimento exigiu a realização da 3ª etapa do programa Minha Casa Minha Vida. Mais, as pressões apontam para necessidade de que as construções não sejam mais pelas empreiteiras corruptas, mas pelo próprio povo. Na pauta das lutas o MTST inclui o pleito pela retirada do arrocho fiscal, que é prejudicial aos investimentos no programa de moradias.

O coordenador do movimento, o filósofo Boulos, afirmou que “a ação de hoje é um recado. Há uma insatisfação popular com o atraso nas políticas públicas, particularmente de moradia, e com o ajuste fiscal. Até o momento não houve sinalização do governo no sentido de atender. Ocupamos ministérios na semana passada e os andamentos para nós estão muito lentos. Por isso as ações tendem a continuar até que haja respostas concretas”.

Esse é o exemplo correto. Todos os seguimentos são chamados a se organizar e a fazer sua parte para arrancar esse governo das amarras perigosas dos oligopólios e dos monopólios nacionais e internacionais indecentes.

A coragem para governar não vem apenas da história e da honra da Presidenta, muito menos de sua base, boa parte, apoiada dos achacadores de plantão nem das cúpulas burocráticas, mas do povo que ousadamente reivindica seus direitos à cidadania.

A pressão nacional tem subir até o ponto de uma greve geral com a paralisação absoluta do País.

Golpe nunca!

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