Pior do que o impeachment é a resignação

Diante do espetáculo na arena política, com requintes de crueldade, a oposição parece não querer realmente um impeachment, uma manobra brusca, que finde o ciclo do PT no governo brasileiro, mas sim uma morte lenta ao partido

Diante do espetáculo na arena política, com requintes de crueldade, a oposição parece não querer realmente um impeachment, uma manobra brusca, que finde o ciclo do PT no governo brasileiro, mas sim uma morte lenta ao partido
Diante do espetáculo na arena política, com requintes de crueldade, a oposição parece não querer realmente um impeachment, uma manobra brusca, que finde o ciclo do PT no governo brasileiro, mas sim uma morte lenta ao partido (Foto: Luiz Antonio Adriano)


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Há mais de 20 anos a palavra impeachment não ressoava tão forte nos bastidores políticos e nas cordas vocais dos cidadãos brasileiros. A possibilidade de impedir a presidente de exercer sua função reverbera também nas páginas da mídia, ora apresentada de forma superficial pelos simples manifestantes; ora embasada por juristas, repletos de leis e artigos.

Impeachment, sob muitos contextos e concepções, tornou-se sinônimo de solução para recolocar o país em uma ordem a qual, de fato, procura-se há mais de 500 anos. No entanto, no jogo político, onde a semântica dança conforme a língua viva do povo, o significado de impeachment é bem mais complexo, recebendo amplitude de duração muito maior do que apenas o encerramento de um ciclo.

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Nas touradas não se mata o touro subitamente, com um golpe. Na arena, o toureiro exibe seu manto vermelho, dança com o touro e, pouco a pouco, lentamente, segue espetando suas lanças no animal, enquanto a massa delira com o espetáculo da morte por resignação completa: motora e moral.

Em política também se mata como em tourada.

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As forças oposicionistas estão fazendo sangrar lentamente o governo. Primeiro dominando o Congresso Nacional, travando as pautas, deixando de fora das comissões os membros do partido vigente e jogando para as massas cada nova lança que se espeta no corpo da governabilidade. E o touro dá sinais de estar perdendo forças, não concatenando mais os passos.

Como as pernas fracas de um touro, o desenvolvimento econômico já não consegue avançar e parece que não terá força para contra investir nos toureiros. O governo se encontra em posição muito difícil, já que para cobrir um rombo financeiro, vê-se obrigado a adotar medidas em que tem de pegar as lanças do toureiro oposicionista espetadas em seu corpo e arremessá-las no corpo do povo. Com esse cenário, o governo se vê coagido, uma vez que não é possível conciliar ajuste fiscal com manutenção da opinião pública. Recessão e popularidade, assim como numa arena, não há espaço para touro e toureiro. Apenas um será o vencedor.

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Diante do espetáculo na arena política, com requintes de crueldade, a oposição parece não querer realmente um impeachment, uma manobra brusca, que finde o ciclo do PT no governo brasileiro, mas sim uma morte lenta ao partido, arrastando as discussões por meses, para que cada parte do corpo governamental seja dissecado.

Pior do que um impeachment abrupto é sangrar até morrer, parte de um espetáculo para que todos vejam a sua resignação completa.

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