Birra de menino mimado

A falta de maturidade de Aécio Neves deverá lhe proporcionar uma grande decepção, porque o impeachment não depende apenas do seu desejo, mas de base legal

A falta de maturidade de Aécio Neves deverá lhe proporcionar uma grande decepção, porque o impeachment não depende apenas do seu desejo, mas de base legal
A falta de maturidade de Aécio Neves deverá lhe proporcionar uma grande decepção, porque o impeachment não depende apenas do seu desejo, mas de base legal (Foto: Ribamar Fonseca)


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Aconteceu o inesperado: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lançou um balde de água fria na disposição do seu pupilo Aécio Neves de formalizar o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Como consequência os ânimos se arrefeceram, pois outras lideranças tucanas, como os governadores Marconi Perillo e Geraldo Alkmin e o senador José Serra, também se manifestaram contrários ao pedido. Lideranças oposicionistas menos expressivas, como Roberto Freire, Agripino Maia etc, que andam a reboque do PSDB, igualmente perderam o entusiasmo. E tudo indicava que o impeachment seria esquecido, pelo menos até o surgimento de um fato novo que reacendesse as esperanças dos que sonham com o poder.

O líder da bancada tucana na Câmara Federal, no entanto, deputado Carlos Sampaio, decidiu ignorar o líder maior do seu partido e prometeu formalizar o pedido de impeachment. Um dos mais raivosos opositores do governo e o mais fiel escudeiro do senador Aécio Neves, Sampaio não se conforma em ver seu chefe deprimido por estar fora do Palácio do Planalto e, por isso, pretende agradá-lo de qualquer maneira. E comportando-se como meninão amuado, fazendo beicinho por ter perdido seu brinquedinho, parece convencido de que batendo o pé e fazendo birra conseguirá os dois terços necessários para apear Dilma do poder. Sua falta de maturidade, porém, deverá lhe proporcionar uma grande decepção, porque o impeachment não depende apenas do seu desejo, mas de base legal.

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Enquanto isso o senador Aécio Neves deverá esforçar-se para restaurar seu prestigio dentro do partido, pois ficou isolado diante da posição de outras lideranças tucanas, contrárias ao pedido de afastamento da Presidenta. Ele precisará, portanto, afastar-se do raivoso Sampaio e ignorá-lo – ou dissuadi-lo da iniciativa – para não apenas evitar uma divisão no partido como, principalmente, garantir sua escolha como candidato tucano nas eleições presidenciais de 2018, já que existem outros aspirantes de peso. Se não descolar-se do deputado, o senador mineiro corre o risco de também ser visto como imaturo por suas posições radicais, o que não é bom para suas pretensões presidenciais. Afinal, o povo não mais aceita políticos raivosos que babam de ódio quando criticam seus adversários.

Paralelamente, a Operação Lava-Jato, até então a esperança da oposição de derrubar Dilma, vem perdendo forças por conta dos desacertos do juiz Sergio Moro que, movido por sua impetuosidade no esforço para justiçar os petistas, foi obrigado a voltar atrás na prisão da cunhada do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari. E poderá ver também outras de suas decisões revogadas pelo Supremo Tribunal Federal, que não tem visto com bons olhos a maneira como o magistrado vem conduzindo o inquérito. Na verdade, juristas de renome têm condenado as decisões de Moro que, na visão dos meios jurídicos, não tem revelado maturidade suficiente para conduzir, com o necessário equilíbrio e isenção, investigações da importância da Lava-Jato.

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Ao mesmo tempo o Congresso Nacional também vem caindo vertiginosamente no conceito popular. Recente pesquisa durante uma manifestação em São Paulo constatou que 73% dos entrevistados não confiam nos partidos e 70% não confiam nos políticos. A aprovação, pela Câmara Federal, do projeto da terceirização decepcionou grande parte da população que, temendo o pior, já não esconde seu arrependimento por ter votado em alguns parlamentares. Para completar, o desentendimento entre o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, e o presidente do Senado, senador Renan Calheiros, tende a enfraquecer o PMDB e o Legislativo, com inevitáveis repercussões na votação das matérias. O bate-boca entre os dois lembra aquele velho dito popular segundo o qual "dois bicudos não se beijam".

O fato é que, além do posicionamento contrário ao impeachment de destacados líderes oposicionistas, a divisão do Parlamento também inviabilizará qualquer tentativa de afastamento da Presidenta. O raivoso deputado Carlos Sampaio, portanto, tende a ficar falando sozinho, porque até mesmo nas ruas o impeachment perdeu força. O povo parece ter concluído que não será com a saída traumática de Dilma que os problemas do país serão resolvidos, até porque ela não governa sozinha. Afinal, ela está fazendo o que precisa ser feito: reajustando a economia, combatendo a corrupção e recuperando a Petrobrás. O resto é esperneio de quem está fora do poder porque não consegue conquistá-lo no voto.

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