Terceirização é neoescravismo: a abolição da abolição da escravatura

Se, de uma hora para outra, os Congressistas votassem uma nova lei restaurando a escravidão no país, o que você faria? Aceitaria? Ficaria inerte, indiferente? Pois é exatamente isso que está ocorrendo

Se, de uma hora para outra, os Congressistas votassem uma nova lei restaurando a escravidão no país, o que você faria? Aceitaria? Ficaria inerte, indiferente? Pois é exatamente isso que está ocorrendo
Se, de uma hora para outra, os Congressistas votassem uma nova lei restaurando a escravidão no país, o que você faria? Aceitaria? Ficaria inerte, indiferente? Pois é exatamente isso que está ocorrendo (Foto: Lula Miranda)


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Se, de uma hora para outra, os Congressistas votassem uma nova lei restaurando a escravidão no país, o que você faria? Aceitaria? Ficaria inerte, indiferente? Pois é exatamente isso que está ocorrendo, diante de nossos olhos impassíveis e incrédulos, nos dias que correm.

Pode até lhe parecer exagerado, num primeiro momento, mas, acredite em mim, o PL 4330 representa um retrocesso só comparável à instituição de um novo ciclo escravagista no país.

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Difícil de acreditar? Vamos aos fatos e argumentos.

Por décadas, convivi, e ainda convivo, com processos de terceirização da chamada atividade-meio em diversas empresas. Essa em si já é problemática e deletéria. Como se não bastasse, políticos conservadores a soldo de capitalistas escroques e adoradores do lucro fácil querem implantar, também, a terceirização da atividade-fim em todas as empresas, seja grande, pequena ou média; pública ou privada.

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Esta proposta, cá entre nós, é absurda, infame e indecente. Não sei nem como tiveram o despudor e o despautério de sugerir algo dessa natureza. Chega a ser até difícil de acreditar numa coisa dessas. Os abolicionistas devem estar se revirando no túmulo.

Esclareço: não lhes escrevo isso porque essa é a minha opinião; porque eu acho isso ou aquilo, porque "ouvi dizer" ou porque estou apenas dando um mero "pitaco" – como alguns fazem. Faço esse diagnóstico com a autoridade de quem tem no currículo mais de 30 anos de experiência como economista e administrador; dez anos como sindicalista e oito como palestrante, estudioso e consultor na área de qualidade total, reengenharia e produtividade. Outra: não sou nenhum "garotão". Portanto, respeitem ao menos meus cabelos brancos!

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Nessas minhas décadas de experiência como economista e administrador, pude conviver e verificar, na prática e in loco, os malefícios da terceirização da chamada atividade-meio [segurança, limpeza, contabilidade, folha de pagamento, tecnologia da informática etc.] – em empresa públicas e privadas. Veja bem: não estou nem falando em experiências esdrúxulas, todas deletérias, fracassadas e ruinosas, de se terceirizar a atividade-fim. Na verdade, lembro-lhes, os congressistas pretendem terceirizar todas as atividades.

Qual o resultado desta "panaceia", que, insisto, políticos corruptos e achacadores, associados a administradores preguiçosos e incompetentes, agora dizem ser a "salvação" das empresas e da nossa competitividade?

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Vale uma pequena pausa para um "parêntesis" para reiterar o assombro.

[Eu fico pasmo com um negócio desses: é como se, de repente, dissessem para nós que a salvação está em servir ao "coisa ruim". Que o caminho da nossa salvação é a nossa ruína. Um negócio absurdo e até custo a acreditar que uma proposta indecente como esta tenha prosperado, após mais de uma década escondida/engavetada nos buracos negros do Congresso. Sim, tinha que ficar escondida mesmo, pois se trata de uma proposta indecente/infame! Deus me/nos livre!]

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O resultado dessa panaceia é a precarização do trabalho e dos serviços prestados. Sim, porque não é só o trabalhador (e sua família) que se estrepa não: o consumidor final daquele produto ou serviço, fabricado ou prestado por um terceirizado, também é prejudicado, posto que é um produto ou serviço de qualidade ruinosa. E, no médio e longo prazo, o próprio empresário sai prejudicado, pois a tendência é que sua lucratividade caia numa curva decrescente até o fechamento do negócio.

Sem falar, claro, no quanto é prejudicial aos trabalhadores [inúmeros trabalhos do DIEESE já traduziram isso em números e percentuais], aos sindicatos e às centrais sindicais. Com a terceirização, no longo prazo, a representação dos trabalhadores tende a se extinguir. No longo prazo, os trabalhadores deixarão de ter direitos e serão tratados como mão de obra semiescrava.

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O problema é que, no longo prazo, estaremos todos mortos. Mas é esse tipo de sociedade que desejamos deixar como legado para os nossos filhos e/ou netos?

A terceirização, eu pude testemunhar nesses anos todos de indesejável convívio, é, além de deletéria, criminosa; pois é inconstitucional. Na verdade, é utilizada, no caso das empresas públicas, nas fundações e autarquias, pelos políticos corruptos, pelos governantes e gestores públicos incompetentes, reitero uma vez mais, para burlar a nossa Constituição cidadã que determina a realização de concurso de acesso para a ocupação de cargos públicos.

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E por que a Constituição traz em seu bojo essa exigência? Para proteger a coisa pública e garantir a lisura e a qualidade dos serviços públicos e a boa utilização de nossos impostos.

Não precisa nem dizer que essas empresas terceirizadas prestam um serviço porco e que fornecem propinas aos partidos políticos e aos congressistas conservadores/achacadores, que ainda têm a desfaçatez, a cara de pau, de propor uma INFÂMIA dessas à luz do dia.

Ou precisa?

Chega a ser impensável, inacreditável... Não é mesmo?

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