Um monumento ao delator ou ao criminoso?

É o caso de se perguntar se o delator merece receber um prêmio, por ajudar a passar a limpo a corrupção eleitoral no Brasil, ou os políticos que se envolveram na falcatrua e morreram, antes de serem denunciados, processados e presos?



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Tratado com toda distinção, ora como doutor, ora como vossa excelência, o ex-diretor da área de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa prestou o seu depoimento na CPI que investiga o desvio de dinheiro nos contratos bilionários das maiores empreiteiras do país com a estatal petrolífera. Costa foi aguardado com muita expectativa, pelos parlamentares da comissão, porque foi o primeiro delator premiado a colocar a boca no trombone e, a partir daí, começaram as prisões, denúncias e convocações dos envolvidos pela Polícia Federal e o juiz Sérgio Moro.

0 ex-diretor fez seu ato de contrição perante os deputados e senadores. Disse que estava arrependido, que reconhecia a sua responsabilidade civil e penal pelos ilícitos e manifestou preocupação com o sofrimento dos seus familiares. Mas confirmou - um a um - os nomes das empreiteiras envolvidas no escândalo, o valor das quantias distribuídas aos políticos e declinou o nome de cada um deles, com o seu respectivo partido.

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Quando interrogado porque citava nomes de políticos já mortos (Janene, Sérgio Guerra e Eduardo Campos), ele respondeu que havia testemunhas vivas para comprovar as afirmações (o senador Fernando Bezerra Coelho e o deputado Eduardo da Fonte).

Disse o delator premiado que o fato de Eduardo Campos e Sérgio Guerra terem morrido, em nada desqualifica ou anula o valor da informação. Pois a dinheirama embolsada por ambos ( R$ 20.000.000,00 e R$ 10.000.000,00) foram utilizados para financiamento das campanhas do PSB e do PSDB. E há o testemunho dos parlamentares que estão vivíssimos, embora neguem que tenham recebido ou visto o dinheiro.

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Curiosamente ninguém contestou na comissão as respostas dadas por Costa sobre o envolvimento desses políticos. Pelo contrário, foi solicitado a ele a confirmação de todos os nomes sob suspeição. 0 desvio do dinheiro, para os políticos de Pernambuco, se deu por ocasião das obras de construção da Refinaria Abreu Lima.

Algumas das empreiteiras que deram o dinheiro eram sócias de empresas (Atlantico Sul) que forneciam peças e equipamentos à Petrobras. Por orientação de seu Janene, Paulo Roberto Costa autorizou o pagamento por aquelas empreiteiras dos valores já mencionados ao ex-governador de Pernambuco e ao ex-presidente do PSDB, bem como para vários deputados do PP.

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É o caso de se perguntar se o delator merece receber um prêmio, por ajudar a passar a limpo a corrupção eleitoral no Brasil, ou os políticos que se envolveram na falcatrua e morreram, antes de serem denunciados, processados e presos - exemplarmente? - Respondam vocês, leitores críticos e honestos. Se a impunidade vigorará mais uma vez, então terá valido o crime e seus beneficiários podem continuar rindo à toa, mesmo no outro mundo. Se a delação premiada faz do doutor e da Vsa. Paulo Roberto Costa um herói, também estamos diante de uma situação embaraçosa.

Afinal, trata-se de responsabilidades solidárias: o corruptor e os corruptos. Não tem ninguém mais inocente. Todos são responsáveis pelos ilícitos que cometeram. Todos devem pagar.

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