Vendem-se deputados

Quem escolhe é o freguês, no caso o patrão: se vai querer alugar ou comprar. Porque, dependendo do preço, em alguns casos, pode até compensar mais comprar logo de uma vez

Quem escolhe é o freguês, no caso o patrão: se vai querer alugar ou comprar. Porque, dependendo do preço, em alguns casos, pode até compensar mais comprar logo de uma vez
Quem escolhe é o freguês, no caso o patrão: se vai querer alugar ou comprar. Porque, dependendo do preço, em alguns casos, pode até compensar mais comprar logo de uma vez (Foto: Lula Miranda)


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Você pode até não ter se dado conta, pode até ter passado distraído pela porta do suntuoso prédio, lá em Brasília, e nem ter visto a tabuleta, mas, ontem, na calada da noite, colocaram a seguinte placa no Congresso Nacional: VENDEM-SE (OU SE ALUGAM) DEPUTADOS. Quem escolhe é o freguês, no caso o patrão: se vai querer alugar ou comprar. Porque, dependendo do preço, em alguns casos, pode até compensar mais comprar logo de uma vez.

Peço licença aos leitores para fazer aqui essa "tabelinha" com artigo do colega Paulo Moreira Leite, publicado em seu blog no Brasil 247, intitulado "Câmara avisa que tem patrão". Um primor. Sabe como é... é sempre bom jogar no mesmo time que um craque. De repente a bola pode sobrar pra gente e, tal qual um artilheiro oportunista, pode até dar para fazer um gol e assim ajudar a "esquadra sinistra" (ou gauche) a emplacar um pontinho ou outro a mais no campeonato. Falando sério, porque o assunto requer a devida seriedade, se ainda não leu o artigo de PML, leia, pois é leitura obrigatória.

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Tá certo que os políticos, ultimamente, não têm primado pela responsabilidade e por medirem as consequências dos seus atos. Ao contrário, têm sido, até de modo inacreditável, por demais irresponsáveis e inconsequentes. De sorte a tornar difícil, penoso, até mesmo constrangedor, o trabalho de comentaristas e analistas políticos.

Ocioso e até desrespeitoso relembrar, porém faço-o por dever, não por implicância ou crueldade, já teve caso de político que foi fazer implante capilar viajando com avião da FAB; teve outro que foi assistir a um jogo de futebol também viajando em aeronave da Força Aérea; outro cuja empregada doméstica era funcionária de seu gabinete, contratada como assessora parlamentar – e o indivíduo ainda embolsava parte do salário da pobre. E isso – veja bem! – veio à tona dias depois das extraordinárias manifestações de junho de 2013, nas quais, justamente, parte expressiva da população criticava e reclamava da impostura dos políticos.

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Difícil acreditar. Não é mesmo? São vários/diversos os episódios que desnudam a inconsequência, irresponsabilidade e amoralidade da nossa classe política. Teve um político – veja bem, um candidato à Presidência, e pela oposição! ¬– que chegou ao desplante de construir um aeroporto em terras e/ou nas proximidades de fazendas pertencentes a seus parentes. E ainda tem a cara de pau de aventar a possibilidade de impeachment da atual mandatária. Acredite se quiser.

Pode até parecer inacreditável, inverossímil, eu sei, mas é tudo verdade.

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Como é verdade também que, em plena explosão de um escândalo de corrupção de proporções gigantescas, estarrecedoras e reveladoras, no qual se desnudou, em definitivo, o modus operandi do sistema político brasileiro, em que empresários pagam propinas milionárias entregues em "malas pretas" a políticos (ou a seus operadores), de todos os grandes partidos (os pequenos parasitam os grandes), e/ou depositadas em contas off shore; exatamente quando se esperava do Congresso a votação de uma lei que acabasse com essa promiscuidade aviltante do financiamento privado de campanhas, na mesma linha que estava trilhando os ministros da Suprema Corte [Desengaveta, Gilmar!], eis que os senhores deputados, numa votação sub-reptícia e aviltante, optaram pela manutenção do sistema mais ou menos do jeito que está: os donos do capital manietam os parlamentares.

Olhe, eu vou até parar por aqui, porque tratar dessa gente, atualmente, me dá até engulhos, náusea. Mas ¬– fazer o quê? ¬– são os ossos do ofício. Ou navegamos – daí experimentarmos a náusea – ou nos afogamos.

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O que me/nos salva é que ainda existem bons e sérios políticos no Congresso – tanto na Câmara quanto no Senado – dignos de representarem o povo. E é em nome desses, e pensando nas mudanças que o país tanto carece, que a gente não pode se permitir o luxo de cair no ceticismo e entregar a rapadura, de jeito nenhum.

Ainda nos resta a esperança de que se cumpra o nosso inadiável destino: ou o Supremo restaura a moralidade na política ou, desgraçadamente, nos estreparemos todos. Encerro por aqui, entre a náusea e o desalento, com mais essa "tabelinha", no caso uma paráfrase, plagiando outro grande jornalista (ou seria mais apropriado chamá-lo de humorista?).

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A política perdeu a graça e a vergonha. Mas não podemos perder a fé.

Nem o norte.

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