O Senado e o terror

Não existe lei antiterrorista que segure alguém que esteja disposto a explodir a si mesmo em defesa de uma causa ou de uma religião

Não existe lei antiterrorista que segure alguém que esteja disposto a explodir a si mesmo em defesa de uma causa ou de uma religião
Não existe lei antiterrorista que segure alguém que esteja disposto a explodir a si mesmo em defesa de uma causa ou de uma religião (Foto: Mauro Santayanna)


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Com a discussão no Senado da criação de uma lei “antiterrorista”, tem gente que anda dizendo por aí que o Brasil precisa “acordar” para o “terror”. O que não devemos é despertá-lo, cutucando a onça com vara curta, quando o felino não nos diz respeito e nunca nos ameaçou.

Na verdade, o que está por trás do discurso do “antiterrorismo”, com a desculpa da aproximação das Olimpíadas de 2016, é a mal disfarçada intenção de acelerar o alinhamento ideológico do Brasil com Washington e com países que atuam como auxiliares dos EUA em sua veleidade de agir como xerife do mundo, e que, como eles, invadem e bombardeiam outros países, e pagam caro por suas políticas de intervenção.

O Brasil, além de não seguir essa linha, nem mesmo durante o regime militar, tem, graças aos constituintes de 1988, o princípio de não intervenção em assuntos internos de outros países – cujo alcance e lucidez não é compreendido por quem quer se meter na vida alheia e dar lições aos outros, no campo dos direitos humanos, quando temos 50 mil assassinatos por ano e 40% da população carcerária detida em condições animalescas, sem ter sido ainda julgada – consubstanciado na sua Constituição.

Macaco velho não mete a mão em cumbuca.

Quem brada por uma lei antiterrorismo no Brasil – entre eles sionistas e norte-americanófilos infiltrados em nossas redações – tem que entender que a sua criação e implementação não será outra coisa mais do que o primeiro passo para que os principais grupos terroristas do mundo – incluindo os árabes e muçulmanos, com quem não temos problemas até agora – passem imediatamente a nos ver como inimigos potenciais, atrelados ao discurso anti-islâmico “ocidental”, quando, até este momento, para eles somos indiferentes, e para que atentados como os que afetam países que abjetamente seguem a política norte-americana – como a Espanha – passem a acontecer por aqui.

Isso, para não dizer que, além de absolutamente inapropriadas e contraproducentes, estratégica e diplomaticamente, leis antiterroristas são absolutamente inócuas, inúteis, do ponto de vista prático, a não ser para justificar mais abuso de poder e arbitrariedade contra os cidadãos, já que os países que as possuem são feitos de gato e sapato pelos grupos “terroristas” que os atacam, como ocorreu nos EUA, no controvertido atentado do dia 11 de setembro de 2001, e como ocorre frequentemente nos países vassalos que lhe prestam auxílio militar, em países como o Iraque ou o Afeganistão.

Não existe lei antiterrorista que segure alguém que esteja disposto a explodir a si mesmo em defesa de uma causa ou de uma religião.

A melhor lei antiterrorista que existe é lembrar, senhores legisladores, as sábias palavras de Tancredo Neves, que dizia que "cautela e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém", não se meter na vida alheia, e, no afã de mostrar subserviência a interesses externos, não querer ser mais realista que o rei.

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