Eleição ideológica racha Salvador de cima a baixo

De um lado, o conservadorismo do jovem e aguerrido opositor ACM Neto, discípulo da figura mais emblemática da política baiana, o ex-governador e ex-senador Antônio Carlos Magalhães (ACM); do outro, Nelson Pelegrino, do PT, que usa a força de Lula, da presidente Dilma e do governador Jaques Wagner na tentativa de impedir que o carlismo se reerga com a possível conquista do DEM na prefeitura da terceira maior capital do país

Eleição ideológica racha Salvador de cima a baixo
Eleição ideológica racha Salvador de cima a baixo (Foto: Edição 247)


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Romulo Faro_Bahia 247

O Brasil volta a ter uma disputa política ideológica. E é em Salvador, a primeira capital do país. A cidade é palco de segundo turno da disputa pela prefeitura configurado por duas forças políticas completamente opostas, de princípios contraditórios.

De um lado, o conservadorismo do jovem e aguerrido opositor ACM Neto, discípulo da figura mais emblemática da política baiana, o ex-governador e ex-senador Antônio Carlos Magalhães (ACM).

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Neto tem consigo lideranças da direita como o ex-deputado federal e presidente do DEM na Bahia, José Carlos Aleluia, implacável na fiscalização das ações do governo; e o ex-prefeito tucano Antônio Imbassahy, atualmente deputado federal com passado político considerado incorruptível e que também foi homem forte de ACM.

Como afirmou o presidente nacional do DEM, senador José Agripino, Salvador é prioridade para o partido na busca pelo sua revitalização. E para dar peso à sua candidatura, ACM Neto recebeu ontem o apoio formal do PMDB, do ex-ministro Geddel Vieira Lima.

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Em suma, ACM Neto não tem receio de se posicionar como o candidato da direita, que luta para fazer renascer o carlismo, período de duas décadas no qual a Bahia viveu sob domínio e liderança do falecido Antônio Carlos.

Vale aqui um parêntese para lembrar da marcante frase do governador Jaques Wagner (PT), a de que o carlismo foi "enterrado" com o ex-governador.

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Por outro lado, a disputa tem Nelson Pelegrino, do PT. Deputado federal por cinco mandatos e também dono de carreira política livre de escândalos e de corrupção. Com a força do ex-presidente Lula, da presidente Dilma e do governador Jaques Wagner, Pelegrino tenta impedir que o carlismo se reerga com a possível conquista do DEM na prefeitura da terceira maior capital do país.

Pelegrino não poupa a ideologia de sindicalista, de defensor dos pobres, desde a época na qual o ex-metalúrgico Luís Inácio Lula da Silva fazia discursos na porta das fábricas. O petista adotou exatamente este estilo de campanha, tem sido assim nas suas caminhadas.

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A intenção, contudo, não é dizer que ACM Neto não liga para os pobres. Tal qual Nelson Pelegrino, o democrata também visita a periferia, as invasões e todas as áreas de carência, até de miséria, da maltratada Salvador, mãe acolhedora de gente de todo o mundo.

Mas os números das urnas no primeiro turno mostra realmente uma cidade divida, uma cidade que, possivelmente sem consciência de boa parte dos eleitores (os de classe social menos favorecida), se dividiu ideologicamente.

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Ricos votaram em Pelegrino e pobres preferiram Neto

Mapeamento geográfico dos votos para prefeito em Salvador revelou uma cidade que preserva a antiga ideologia da política brasileira: ricos votam na direita, e pobres na esquerda. Foi assim no domingo (7).

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O candidato do DEM, ACM Neto, venceu Pelegrino no primeiro turno em 11 das 20 sessões eleitorais da capital baiana, todas abrangem eleitores de classe média e classe média alta. A votação mais expressiva do neto do ex-governador Antônio Carlos Magalhães foi na 1ª zona eleitoral, cuja abrangência é nos bairros como Graça, Barra, Ondina, Canela e Garcia.

Nesta área, ACM Neto obteve 60,9% dos votos válidos contra 25,1% de Pelegrino. A segunda maior votação foi registrada na 12ª zona - de bairros como Pituba, Itaigara e Costa Azul - onde o democrata registrou 59,5% dos votos contra 24,4% do petista.

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Já o petista Nelson Pelegrino, das nove sessões nas quais teve vitória, todas estão em bairros mais populares. Seu melhor resultado foi na 4ª zona eleitoral, que inclui bairros como Paripe, Periperi, Fazenda Coutos e as Ilhas dos Frades e de Maré. Nesta região, o petista obteve 52,8% dos votos contra 26,6% de ACM Neto.

O segundo melhor resultado foi registrado na 15ª zona, que inclui Itacaranha, Escada, Praia Grande. Nestes bairros, que também fazem parte do subúrbio ferroviário, a vitória de Pelegrino foi por 48,2% contra 30,7% de Neto.

Esse é o mapa dos votos dos soteropolitanos.

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