Impunidade juvenil

É necessário que a sociedade tenha a coragem de discutir abertamente a questão e propor medidas mais severas para os casos de crimes bárbaros como os que ocorrem no país



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A morte de uma criança de cinco anos, cujo único pecado foi chorar e pedir aos bandidos que não matassem sua mãe, chocou o Brasil na última sexta-feira e me levou mais uma vez a pensar: é necessário rediscutir o conceito e a filosofia da segurança no Brasil.

O bando de jovens entre 17 e 19 anos que invadiu a casa em que vivia o casal de trabalhadores bolivianos na zona leste de São Paulo assassinou covardemente a criança com um tiro certeiro na cabeça. Mesmo depois de receber os R$ 4.500, toda a economia que os pais tinham em casa. Além de crueldade, os garotos, como muitos outros no país, demonstram acreditar na impunidade.

Uma declaração dada à imprensa por um outro menor preso por assalto a uma farmácia, nos últimos dias, me estarreceu. Ele disse friamente: assaltei com uma réplica mas tenho uma pistola .40 mocozada e esta não entrego a ninguém. Indagado se estava arrependido porque agora iria para o Cage, debochou: para o Cage vou quando tiro férias, aquilo lá pra mim é recreio.

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Os pais de Brayan Yanarico Capcha, o garoto boliviano morto, partiram para a Bolívia. Foram enterrar o corpo de seu único filho na região onde nasceram, o povoado de Takamara, a duas horas de La Paz. Vieram para São Paulo em busca de uma vida melhor mas o que encontraram foi uma imensa dor. Afirmaram antes de viajar que nunca mais voltarão ao Brasil.

Vão tentar esquecer o que aconteceu, mas será que conseguirão? É possível a pais e mães esquecerem tragédias como essa? Obviamente que não. A vida segue, as feridas, no entanto, continuam abertas.

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No Brasil a cada dia cenas como essas se repetem. Cada vez com mais requinte de crueldade. E eu me pergunto, até quando vamos permitir que a violência abra feridas cujas cicatrizes estarão para sempre expostas em corações e mentes deste país?

Acredito que é chegado o momento de rediscutir seriamente com a sociedade a legislação que regula penalidades a serem impostas a autores de crimes deste gênero, sejam eles adultos ou menores. Nós da esquerda devemos perder o medo e o ranço que vem desde a época da ditadura de que botar na cadeia e punir é coisa ruim, é errado.

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Não podemos apenas continuar repetindo a afirmação clássica de que aumentar as penas para menores não vai resolver a questão da violência cometida por eles, que necessitamos no lugar disso de mais escolas, mais cursos técnicos e melhores condições de vida para a população carente.

Obviamente que sim. Estamos certos de que políticas públicas no eixo social que garantam educação em tempo integral, já sendo implementadas pelo governo, são de extrema importância. Uma coisa não exclui a outra. O que os fatos e o aumento da violência praticada por menores me leva a pensar é que deveríamos dar ao juiz o direito de decidir diante de crimes bárbaros, se o menor deve, em cada caso, ir ou não, direto para a cadeia.

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Outro ponto garantido na lei que deveríamos rediscutir é: porque um menor pode assaltar, estuprar e matar e sua cara não pode aparecer? Não seria o caso de mostrar sua cara a todos? desta forma não estaríamos ajudando a muitas pessoas a evitar se aproximar desta criatura, a reconhecê-lo e assim impedir que cometa mais crimes?

Muitas pessoas são contra a prisão de menores e a aplicação de penalidades altas a um jovem de 16 ou 17 anos. Até que alguém de sua família, uma irmã, uma filha, uma prima, sejam atacadas, estupradas, um filho, um irmão seja morto. Depois passam a encarar os fatos de outra maneira. Param para pensar o que deveriam ter pensado antes.

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Proponho que encaremos esta questão de frente. Que o boliviano Brayan Yanarico Capcha não tenha morrido em vão por tentar defender sua mãe, com apenas cinco anos de idade. Que seu sentimento por justiça se transforme na cara de uma grande campanha no Brasil contra a impunidade de criminosos que matam por matar, não em defesa própria, não porque suas vidas estão em risco, mas simplesmente porque não conseguem mais discenir os limites entre bestialidade e humanidade.

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