Francisco e Barbosa. Dois mundos
Barbosa, que é um bom ator, poderia ter aproveitado a deixa da visita do papa e se afranciscar, melhorar a sua imagem, jogar fora a toga do ranço e da rabugem
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O papa está no Brasil, as emissoras de TV não nos deixam esquecer isso. Sabemos, também pelas emissoras de TV, que o papa é um cabra humilde, franciscano, sem frescuras.
Chicão, sendo o líder religioso mais influente no mundo ocidental, além de ser um chefe de estado, chega ao país no momento em que o Brasil descobriu Cabral. E descobriu que Cabral usa um helicóptero oficial do Estado para transportar a família, os amigos, a babá, a prancha de surfe e até o cãozinho para sua mansão em Mangaratiba nos finais de semana, veja você.
A visita do sumo pontífice também combina com o período em que o Brasil resolveu se indignar com os mandos e desmandos das autoridades insensíveis e deslumbradas que se utilizam do poder e do cargo que ocupam para favorecer amigos, parentes, levar um bocadinho pra casa e viajar em aeronaves pagas com o dinheiro da viúva, como o faz o nosso Cabral.
O papa Francisco, que eu chamo de Chicão por ser um vizinho nosso, mas em espanhol Francisco recebe o apelido de Pancho, mostrou-se ainda um líder popular, que caminha no meio do povo, que toca nas pessoas. Justamente no momento em que os nossos políticos se escondem em gabinetes ou são impedidos por manifestantes de entrarem nas assembleias ou saírem de casa.
Por tudo isso a visita de Chicão é constrangedora pra muita gente. Porque além da retidão, da ética e do desapego com o dinheiro e o luxo, o papa esbanjou diplomacia e cordialidade.
Tudo o que falta a algumas de nossas ilustres figuras públicas, como o nosso bom Joaquim Barbosa. Barbosa, que é um bom ator, poderia ter aproveitado a deixa e se afranciscar, melhorar a sua imagem, jogar fora a toga do ranço e da rabugem.
Mas não, diante de um papa que se anuncia ao mundo como humilde e magnânimo, o nosso Barbosa, sempre iracundo e imperial, não perdeu tempo de se vingar da mandatária da nação e não a cumprimentou na frente do pontífice.
A assessoria de imprensa do STF soltou uma nota em que alega que Barbosa e Dilma já haviam se encontrado antes da solenidade e que por isso o gesto do perto de mão era desnecessário. O que é uma engabelação.
Mesmo se fossem casados e tivessem dormido juntos, em uma solenidade pública eles teriam que se cumprimentar, é o que reza a cortesia.
Barbosa há muito se mostra irascível. Em 2008 chamou o ministro Eros Grau de burro e quase lhe deu uns catiripapos, mas foi contido. Grau você sabe, é aquele barbudo que se parece com o perito Molina e que anda amparado por uma bengala. Eros Grau queixou-se aos colegas sobre o belicoso Barbosa, "para quem batia na mulher, não seria estranho que batesse num velho também."
Midiático, Barbosa bateu boca com outros ministros, chegou a acusar publicamente Gilmar Mendes (que é a cara do deputado d'A Praça é Nossa) de estar "destruindo a credibilidade do STF". Em 2012 deu umas caneladas em Lewandowski e só não trocaram socos porque o ministro Ayres Brito intercedeu. Marco Aurélio de Mello também foi admoestado pelo veranista de Miami. Barbosa, achando pouco, ainda mandou o repórter do Estado de São Paulo, Felipe Recondo, chafurdar no lixo. Há mais, mas vamos parar por aqui.
Toda essa carga de ódio o levou à capa da revistaveja, veja você, como um herói, ícone da retidão, Catão da mídia, vestal, abnegado e sublime.
Mas aí começou a ser fotografado dormindo durante as sessões do STF, está sendo acusado de ter recebido 700 mil lascas da UERJ sem dar uma única aula, além de gastar 90 mil lascas na reforma do banheiro que usa no STF, não é de lascar?
Agora essa compra estranha e inusitada de um apê em Miami, meca dos novos ricos deslumbrados da América Latina.
Ele tem o direito de comprar um apartamento onde quer que seja. Acontece que se fosse coerente consigo mesmo, Barbosa haveria de se condenar; uma vez que no julgamento do chamado Mensalão, Joaquim pediu a condenação do deputado João Paulo Cunha por peculato.
Para o nosso implacável e justiceiro Barbosa, o parlamentar petista peculou por ter autorizado a contratação de uma empresa que foi considerada de fachada porque funcionava no endereço residencial do parlamentar, veja você.
O diabo é que para comprar o apartamento em Miami, Barbosa precisou abrir uma empresa de fachada de nome Assas JB Corp. Mas, veja que ironia, essa empresa tem como sede o endereço residencial do próprio Joaquim Barbosa aqui no Brasil e foi adquirida por módicos e suspeitos US$ 10, 00.
Vaidoso, ele anda dando caneladas e cotoveladas em tudo e em todos, menos no Luciano Huck, como se sabe.
Estes últimos episódios deixam claro que o ministro está se enforcando com a própria gravata.
Embora pareça um sociopata, Barbosa é, na verdade, um suicida.
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