Cerveró: cláusulas omitidas "não eram relevantes"

Ex-diretor da Petrobras afirma, ao contrário da versão da presidente Dilma Rousseff, que cláusulas de Put Option e Marlim "não tinha representatividade" no negócio de Pasadena, e por isso não as incluiu no resumo executivo; "não houve intenção de enganar ninguém", disse; Dilma, que comandava o conselho administrativo da empresa à época, considerou relatório "falho" e "omisso"; em audiência na Câmara, Nestor Cerveró também negou, como havia dito seu advogado, que o resumo tivesse sido entregue 15 dias antes ao grupo; "Houve precipitação [do advogado], em nenhum momento eu disse [isso]"; ele admitiu que "Pasadena não foi, evidentemente, o melhor projeto do mundo"

Ex-diretor da Petrobras afirma, ao contrário da versão da presidente Dilma Rousseff, que cláusulas de Put Option e Marlim "não tinha representatividade" no negócio de Pasadena, e por isso não as incluiu no resumo executivo; "não houve intenção de enganar ninguém", disse; Dilma, que comandava o conselho administrativo da empresa à época, considerou relatório "falho" e "omisso"; em audiência na Câmara, Nestor Cerveró também negou, como havia dito seu advogado, que o resumo tivesse sido entregue 15 dias antes ao grupo; "Houve precipitação [do advogado], em nenhum momento eu disse [isso]"; ele admitiu que "Pasadena não foi, evidentemente, o melhor projeto do mundo"
Ex-diretor da Petrobras afirma, ao contrário da versão da presidente Dilma Rousseff, que cláusulas de Put Option e Marlim "não tinha representatividade" no negócio de Pasadena, e por isso não as incluiu no resumo executivo; "não houve intenção de enganar ninguém", disse; Dilma, que comandava o conselho administrativo da empresa à época, considerou relatório "falho" e "omisso"; em audiência na Câmara, Nestor Cerveró também negou, como havia dito seu advogado, que o resumo tivesse sido entregue 15 dias antes ao grupo; "Houve precipitação [do advogado], em nenhum momento eu disse [isso]"; ele admitiu que "Pasadena não foi, evidentemente, o melhor projeto do mundo" (Foto: Roberta Namour)


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247 - O ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró afirmou em depoimento à Câmara nesta quarta-feira 16 que "não houve intenção de enganar ninguém" na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela estatal em 2006. A tese central do depoimento e das respostas de Cerveró aos deputados foi a de que ele não foi o único responsável pela aquisição.

"Seguimos uma estratégia de entrar no mercado de refino americano", afirmou. A respeito do relatório que ele apresentou ao conselho de administração da Petrobras naquele período, que a presidente Dilma Rousseff considerou "omisso" e "falho", Cerveró procurou justificar a falta de apresentação das cláusulas de Put Option e Marlim, que obrigavam a Petrobras a, mesmo contra vontade, comprar os outros 50% da refinaria. "Essas cláusulas não são relevantes", disse ele.

Cerveró negou ainda a versão de seu advogado, Edson Ribeiro, de que o resumo executivo havia sido entregue ao conselho administrativo da Petrobras 15 dias antes da decisão sobre a negociação. "Houve precipitação [do advogado], em nenhum momento eu disse que o resumo foi entregue com 15 dias de antecedência ao conselho administrativo da Petrobras", disse o ex-diretor da empresa, derrubando sua maior arma no caso.

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Após longa apresentação introdutória às perguntas dos parlamentares, Cerveró disse que a refinaria "tem, tinha e continua tendo produção. Ela processa 100 mil barris por dia de petróleo leve". Questionado se havia enganado a presidente Dilma, que relatou que, se soubesse das cláusulas antes da compra, não teria aprovado a negociação, o depoente afirmou que "não houve intenção de enganar ninguém".

No terceiro bloco de respostas, Cerveró iniciou dizendo que "não aceita" admitir que a compra da refinaria tenha sido "malfadado". "Nunca sabermos qual rentabilidade teria sido alcançado, porque a estratégia da diretoria mudou radicalmente", disse. "Nós encaminhamos todos os documentos para a Diretoria. Nós estamos falando de um resumo executivo que tem uma página e meia, mas o contrato tem mais de 400 páginas. Ali (no resumo) é só o principal", agregou. "Não houve açodamento na decisão sobre isso, houve duas due dilligences. Esse processo foi extensamente avaliado. Um banco como o Citigroup não daria seu aval para um negócio que não fosse justo, adequado aos parâmetros de negociação internacional", continuou.

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Cerveró disse que não se sentiu punido por ter deixado a diretoria internacional da Petrobras, em 2008. "Eu fui substituído, o que é normal. Tive elogios em meu currículo. Não é justo classificar o projeto Pasadena como malfadado, mas evidentemente não foi o melhor projeto do mundo", afirmou, a respeito de Pasadena.

Antes do início da fala do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, deputados da oposição questionaram a ausência da presidente da estatal, Graça Foster, no debate. O requerimento para convite do ex-diretor também incluía Foster e o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão.

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"Se a presidente Graça Foster não comparecesse, o ministro Edson Lobão teria de vir. Acho importante que a presidente Foster venha aqui, ou Lobão ou [o ministro da Fazenda, Guido] Mantega, atual presidente do conselho de administração", disse o líder do PSDB, deputado Antonio Imbassahy (BA).

De acordo com o presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), houve um acordo para Graça Foster vir à Câmara na próxima quarta-feira (23). "Se tivermos a sinalização que Foster virá na próxima quarta-feira não terá requerimento [de convocação de Lobão]. Se não houver, vamos apresentar."

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Histórico

Cerveró é apontado como o responsável pelo resumo executivo que orientou, em 2006, a decisão do Conselho de avalizar a compra da refinaria. Segundo a presidente Dilma Rousseff, na época presidente do colegiado, o parecer só foi aprovado porque era "falho" e não continha informações sobre a totalidade da compra que custou mais de US$ 1,2 bilhão. Segundo a presidente, faltavam no resumo duas cláusulas essenciais que, se fossem conhecidas antes, o conselho não teria aprovado o negócio. Ontem, em depoimento no Senado, a presidente da Petrobras, Graça Foster, confirmou essa versão.

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Até agora, todas as tentativas de sua defesa de derrubar com ele membros do Conselho da estatal se mostraram constrangedoras. O advogado, Edson Ribeiro, na tentativa de defender o cliente para que ele não seja "bode expiatório" do caso de Pasadena, como ele mesmo diz, tem feito afirmações desmentidas por personagens do caso à época. Assim como o ministro Thomas Traumann, em nome do Planalto, e o empresário Jorge Gerdau, Fábio Barbosa, presidente-executivo do Grupo Abril, e também membro do colegiado da Petrobras em 2006, negou a versão de Cerveró, sobre a compra de Pasadena.

Os três afirmam que não receberam com 15 dias de antecedência, conforme alega o advogado de Cerveró, o contrato completo sobre a refinaria dos EUA. Ribeiro também admitiu que não tem provas para comprovar o fato: "Eu não tenho como atestar se o conselheiro A, B ou C recebeu algum documento sobre o caso específico. Se tiver necessidade, vou buscar provas", disse.

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A versão foi igualmente derrubada por documentos. Reportagem dos jornalistas Sabrina Valle e Vinicius Neder, do O Estado de S. Paulo, revela que o parecer com informações fundamentais sobre a negociação ficaram prontos apenas às vésperas da reunião do conselho que decidiu pela compra da refinaria do Texas, Estados Unidos. "Nove documentos estão anexados à ata dessa reunião, datados entre 27 de janeiro e 2 de fevereiro de 2006. Sua leitura mostra que uma série de alertas foi omitida do resumo executivo apresentado por Cerveró ao conselho. Todo o processo foi feito a toque de caixa", diz a reportagem.

O depoimento de Cerveró na Comissão de Fiscalização e Controle era aguardado com ansiedade pelas bancadas da oposição que forçam a aprovação da CPI da Petrobras.

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