Com Aécio, acaba paciência estratégica com Mercosul

É o que afirma Rubens Barbosa, coordenador do programa de governo para a política externa e possível chanceler de um eventual governo do PSDB; em entrevista ao jornalista Guido Nejamkis, editor do 247 em espanhol, ele diz que, caso seja presidente, o tucano prevê uma "grande revisão" do bloco; "Aécio não aceitará descumprimento de regras", ressalta; ex-embaixador do Brasil em Washington e Londres e ex-coordenador do Brasil para o Mercosul avalia que "nos últimos quatro anos, o Brasil sumiu" e que "o governo Aécio irá restabelecer a projeção externa do País, além de reintegrá-lo no comércio internacional"

É o que afirma Rubens Barbosa, coordenador do programa de governo para a política externa e possível chanceler de um eventual governo do PSDB; em entrevista ao jornalista Guido Nejamkis, editor do 247 em espanhol, ele diz que, caso seja presidente, o tucano prevê uma "grande revisão" do bloco; "Aécio não aceitará descumprimento de regras", ressalta; ex-embaixador do Brasil em Washington e Londres e ex-coordenador do Brasil para o Mercosul avalia que "nos últimos quatro anos, o Brasil sumiu" e que "o governo Aécio irá restabelecer a projeção externa do País, além de reintegrá-lo no comércio internacional"
É o que afirma Rubens Barbosa, coordenador do programa de governo para a política externa e possível chanceler de um eventual governo do PSDB; em entrevista ao jornalista Guido Nejamkis, editor do 247 em espanhol, ele diz que, caso seja presidente, o tucano prevê uma "grande revisão" do bloco; "Aécio não aceitará descumprimento de regras", ressalta; ex-embaixador do Brasil em Washington e Londres e ex-coordenador do Brasil para o Mercosul avalia que "nos últimos quatro anos, o Brasil sumiu" e que "o governo Aécio irá restabelecer a projeção externa do País, além de reintegrá-lo no comércio internacional" (Foto: Aline Lima)


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Por Guido Nejamkis, editor do 247 em espanhol – Um eventual governo liderado pelo senador Aécio Neves, do PSDB, que disputará a presidência contra a petista Dilma Rousseff no segundo turno, em 26 de outubro, levará a Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela a necessidade de uma "grande revisão" do bloco do Mercosul, além da defesa dos valores da democracia e respeito pelos direitos humanos, disse o coordenador do programa de governo para a política externa do candidato tucano, Rubens Barbosa.

Ex-embaixador do Brasil em Washington e Londres, Barbosa, que também foi coordenador do Brasil para o Mercosul, disse que, caso chegue ao poder, Aécio Neves não aceitará violações das regras do bloco, mas observou que o Brasil buscará o diálogo com seus parceiros e vizinhos em busca de soluções.

"A partir de janeiro, o Brasil será o coordenador dos trabalhos do Mercosul, como parte da rotação da presidência. Se Aécio ganhar a eleição, o Brasil vai conversar com seus parceiros. Porque o Brasil quer uma reforma importante, uma revisão importante dos trabalhos do Mercosul comercial. Todos os outros grupos que tratam da parte social, política, vão continuar. Agora, o Brasil vai mudar de posição, no sentido de que o governo Aécio não vai aceitar esses descumprimentos do tratado (de Assunção, que criou o bloco), o isolamento em que o Mercosul está hoje", disse Barbosa, em entrevista ao Brasil 247 em espanhol.

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Estabelecido como uma união aduaneira em 1º de janeiro de 1995, o Mercosul tem suas regras quebradas sistematicamente desde 2012, quando a Argentina, por uma fuga de capitais que enfraqueceu as reservas de seu banco central, começou a aplicar restrições à importação, afetando o Brasil, seu maior parceiro comercial.

Barbosa ressaltou que o novo governo terá vontade de diálogo, mas salientou, no entanto, que "não vamos aceitar o que aconteceu nos últimos anos, quando o Mercosul ficou congelado, do lado de fora, isolado de negociações comerciais, e o Brasil ficou amarrado, incapaz de negociar". "Porque temos que negociar junto com o Mercosul", afirmou.

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As regras do bloco impedem seus membros de negociarem acordos comerciais com países terceiros ou blocos de forma individual. As declarações de Barbosa sugerem que o Brasil apostaria em um consenso para tentar flexibilizar essa regra caso os países parceiros do Mercosul não respondam positivamente à vontade para avançar em novos acordos comerciais.

O diálogo deve ter resultados, Barbosa explicou, indicando que deve deixar claro se há interesse em avançar com uma abertura para novos acordos comerciais. "Isso vai ser dito pelo Brasil, que vai coordenar o bloco, e se os nossos parceiros não quiserem isso, o Brasil não elimina nenhuma hipótese de trabalho. Vamos negociar, queremos que o Mercosul possa liderar, negociar com outros países... Agora, se não houver interesse por parte de outros membros de levar esta ideia adiante, o Brasil não deixará de lado nenhuma hipótese", disse ele ao 247.

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"Ao Brasil interessa um Mercosul que possa promover a liberalização do comércio entre os países membros, interessa que o bloco possa negociar com outros parceiros. Para começar, a negociar com a União Europeia, que está em curso e que o governo Aécio vai querer completar", disse ele, citando que, nos últimos anos, o bloco sul-americano assinou três acordos de comércio com Israel, Egito e Autoridade Palestina, "enquanto que, no mundo inteiro, foram assinados mais de 400 acordos".

Barbosa foi cauteloso ao se referir sobre a situação interna da Venezuela após os protestos que sacudiram o país nos últimos meses e que está em uma situação de crise, caracterizada pela escassez de produtos básicos, a inflação alta, superior a 50% ao ano, e a falta de segurança pública.

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Quando questionado se o Brasil iria agir a favor da libertação do líder político da oposição venezuelano Leopoldo Lopez, que está preso, Barbosa disse: "eu respondo de acordo com o programa de governo, que diz que, em matéria de democracia e direitos humanos, o Brasil defenderá externamente os mesmos valores que defende internamente".

Neste sentido, explicou que "o Brasil continuará a priorizar a política de relações comerciais com todos os países da região. Todos, com a Argentina, a Venezuela, com todos. Nós não vamos parar de dar prioridade aos nossos vizinhos", declarou, ressaltando, porém, que vai "defender seus interesses". Ele acrescentou: "O interesse comercial e político sem ideologia, nenhuma ideologia. A política de afinidade ideológica, de paciência estratégica, vai virar uma página do passado".

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Em relação à crise na Argentina, seu maior parceiro comercial na América Latina e com o qual o Brasil tem comércio superior a US$ 30 bilhões, além de 130 empresas que atuam em seu mercado, Barbosa disse que, em um eventual governo do PSDB, "o Brasil vai continuar a apoiar a Argentina no restabelecimento das condições para a estabilidade econômica, para o crescimento", mas sublinhou que "vamos ter de negociar com cada um dos países condições em que os interesses do Brasil não sejam contrariados, não sejam prejudicados por violações de acordos".

Ele também disse que serão iniciadas rodadas de negociações com os países vizinhos "para proteger as fronteiras" e "prevenir o crime transnacional, incluindo o tráfico de drogas, contrabando de armas".

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Barbosa disse que os "dois principais vetores da política externa" propostos por Aécio apontam para a "reinserção do Brasil competitivo no comércio internacional. E na área política, o restabelecimento de condições para que o Brasil possa projetar-se novamente".

Esta concepção é baseada, de acordo com o coordenador do programa de governo do candidato da oposição, no fato de que "nos últimos quatro anos, o Brasil sumiu. Não houve nenhuma política ativa, nenhuma grande iniciativa, como havia no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e no primeiro mandato de Lula (2003-2006). O governo Aécio irá restabelecer a projeção externa do Brasil e vai tomar medidas para reintegrar o Brasil no comércio internacional".

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