"O PT não perdeu as ruas, mas elas não são as mesmas"

"Quando a oposição conservadora, sob os auspícios da Rede Globo, resolveu dar a tal trégua na sua caça à presidenta, muito se especulou sobre os motivos da súbita guinada. Logo ficaram evidentes as duas motivações básicas: o medo da crise econômica se acentuar, prejudicando ainda mais os negócios das elites e a falta de alternativas políticas rápidas e seguras", diz Celso Marcondes, diretor do Instituto Lula; "Um terceiro motivo para a freada no ímpeto golpista não ficou tão claro, mas depois das manifestações deste dia 20, só não o vê quem não quer: era o medo da reação popular frente ao golpe em articulação"

20/08/2015 - São Paulo - Manifestação no Largo da Batata em Favor ao governo Dilma Rousseff. Foto: Roberto Parizotti/ Cut
20/08/2015 - São Paulo - Manifestação no Largo da Batata em Favor ao governo Dilma Rousseff. Foto: Roberto Parizotti/ Cut (Foto: Leonardo Attuch)


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Por Celso Marcondes

Quando a oposição conservadora, sob os auspícios da Rede Globo, resolveu dar a tal trégua na sua caça à presidenta, muito se especulou sobre os motivos da súbita guinada. Logo ficaram evidentes as duas motivações básicas: o medo da crise econômica se acentuar, prejudicando ainda mais os negócios das elites e a falta de alternativas políticas rápidas e seguras.

Um terceiro motivo para a freada no ímpeto golpista não ficou tão claro, mas depois das manifestações deste dia 20, só não o vê quem não quer: era o medo da reação popular frente ao golpe em articulação. 

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O que aconteceu , em particular em São Paulo, repetiu exatamente o mesmo fenômeno assistido no final do segundo-turno das eleições de 2014: diante da ameaça de retrocesso, as forças progressistas e de esquerda não vacilam ao escolher seu lado e ir às ruas para defendê-lo. 

O que se viu, do Largo da Batata a Avenida Paulista, foi a demonstração vigorosa de um sentimento popular de defesa da democracia e das conquistas sociais do último período. O grito de “Não vai ter golpe” foi a expressão maior deste sentimento. 

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A manifestação vermelha, negra, pobre e jovem deve ter provocado calafrios nas varandas de edifícios dos Jardins iguais aqueles que senti ao andar pelas mesmas ruas no domingo, 16. 

As manifestações colocaram uma trava forte nos anseios de Aécio Neves, mas não foi só esse o seu sentido. Os gritos contra os ajustes, contra Eduardo Cunha e a “Agenda Brasil” do Renan, marcaram todo o trajeto.

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A vitória de Dilma nas urnas contou com a ajuda inestimável de um sem número de entidades, núcleos e movimentos populares organizados. Desde pequenos agrupamentos de articuladores de saraus nas periferias paulistanas até movimentos nacionais, como o MST, passando pelos movimentos de sem teto, GLBTs, do movimento negro, culturais, jovens, de mulheres e tantos outros mais.

Exatamente esses movimentos voltaram ontem às ruas de São Paulo. 

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Como ocorreu ao final das eleições de 2014, todos eles sentem - mas nem todos admitem - que não é só o PT e seu legado que estarão em risco se vier uma virada conservadora. Mas eles têm uma pauta de reivindicações pendente. 

A esquerda deu a largada para as manifestações de junho de 2013. A direita entrou em cena depois e passou a mostrar sua face conservadora e reacionária nas ruas, até então desprezadas por ela. 

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Entre o dia 16 e o dia 20 articulistas apressados vaticinaram: “o PT perdeu as ruas”. Se tivessem esperado mais alguns dias e dessem uma passadinha ontem no Largo da Batata teriam que, no mínimo, avaliar o cenário com mais nuances. 

O PT estava lá, mas não estava só. E todas as ruas agora apontam para uma bifurcação.

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* Celso Marcondes é diretor do Instituto Lula

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