Moraes agrava crise: Conselho de Política Penitenciária renuncia

O presidente e outros seis integrantes do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, vinculado ao Ministério da Justiça, renunciaram coletivamente em protesto contra ações do ministro Alexandre de Moraes; entre elas, a manobra para aumentar a composição do órgão e, assim, conseguir transferir dinheiro do Fundo Penitenciário para a compra de armamento para as polícias; o grupo também critica falta de diálogo e o lançamento do Plano Nacional de Segurança Pública sem debate com a sociedade, além de dizer que Moraes ignorou estudos e projetos em andamento na pasta; sobre a renúncia, Moraes diz que grupo era ligado ao governo Dilma

O presidente e outros seis integrantes do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, vinculado ao Ministério da Justiça, renunciaram coletivamente em protesto contra ações do ministro Alexandre de Moraes; entre elas, a manobra para aumentar a composição do órgão e, assim, conseguir transferir dinheiro do Fundo Penitenciário para a compra de armamento para as polícias; o grupo também critica falta de diálogo e o lançamento do Plano Nacional de Segurança Pública sem debate com a sociedade, além de dizer que Moraes ignorou estudos e projetos em andamento na pasta; sobre a renúncia, Moraes diz que grupo era ligado ao governo Dilma
O presidente e outros seis integrantes do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, vinculado ao Ministério da Justiça, renunciaram coletivamente em protesto contra ações do ministro Alexandre de Moraes; entre elas, a manobra para aumentar a composição do órgão e, assim, conseguir transferir dinheiro do Fundo Penitenciário para a compra de armamento para as polícias; o grupo também critica falta de diálogo e o lançamento do Plano Nacional de Segurança Pública sem debate com a sociedade, além de dizer que Moraes ignorou estudos e projetos em andamento na pasta; sobre a renúncia, Moraes diz que grupo era ligado ao governo Dilma (Foto: Gisele Federicce)


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Paulo Victor Chagas e Débora Brito – Repórteres da Agência Brasil

Sete integrantes do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), dentre eles o presidente do órgão, Alamiro Velludo Salvador Netto, enviaram hoje (25) um pedido de renúncia coletiva ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. Com críticas à atuação do governo federal em relação à crise prisional deflagrada no país desde o início do ano, os especialistas na área reclamam que o conselho tem sido desprezado nos últimos meses e apontam "vícios de compreensão e caminhos equivocados" na condução do tema pelo governo.

Instalado em 1980, o CNPCP é responsável pela elaboração de políticas criminais e penitenciárias, por avaliar periodicamente o sistema prisional e estabelecer regras sobre a construção de estabelecimentos penais.

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Em uma carta na qual se desligam do CNPC em caráter "definitivo e irretratável", os conselheiros discordam da forma como foi apresentado o Plano Nacional de Segurança Pública, lançado pelo presidente Michel Temer no início do ano.

Eles afirmam que o ato que culminou com a decisão pela renúncia coletiva foi a publicação de uma portaria, assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, aumentando o número de integrantes do conselho. De acordo com os conselheiros, as novas vagas são uma "nítida mensagem de desconfiança" e transformam o CNPCP em "espaço endossatário das políticas".

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Para o advogado criminalista e doutor em ciências penais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Leonardo Yarochesky, um dos conselheiros que assinam a carta, a situação de "desrespeito completo vem desde o ano passado". Segundo ele, a nomeação por critérios políticos faz com que o órgão perca sua autonomia. O conselho era composto por 18 integrantes e passou a ter 26 membros, após autorização do ministro.

"Esse papel de subserviência, é preciso dizer, não condiz com a história de quase quatro décadas do CNPCP e, principalmente, com a missão institucional que ocupa o mais antigo conselho do Ministério da Justiça. Não podemos, portanto, permanecer", escreveram os conselheiros no documento entregue hoje ao Ministério da Justiça.

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De acordo com Yarochesky, outra atitude que desagradou os conselheiros foi a destinação de verbas do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) – que devem ser empregados exclusivamente em casas de detenção – para atividades de segurança e compra de armas, sem que o conselho fosse consultado.

Na carta de renúncia, os conselheiros criticam a confusão entre política penitenciária e segurança pública.

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"Comete-se o equívoco de confundir, como se tratasse de algo único, política penitenciária e segurança pública. Planeja-se a destinação de recursos e efetivo das Forças Armadas para cuidar de um problema prisional e social que é fruto da incapacidade congênita do País em lidar com suas unidades penitenciárias e com as facções internas que surgem como subproduto do próprio caos penitenciário e que passaram a retroalimentar, sob as barbas do descaso estatal, o ciclo de exclusão, violência e encarceramento. Não se pode tratar jovens pobres e brasileiros como inimigos, por definição, do Estado", registram ainda na carta de renúncia.

Assinam o documento, além de Alamiro Velludo Salvador Netto e Leonardo Yarochesky, os conselheiros Gabriel Sampaio, Hugo Leonardo, Leonardo Costa Bandeira, Marcellus de Albuquerque e Renato Campos Pinto de Vitto.

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Governo

Por meio de nota à imprensa, o ministério agradeceu o trabalho dos sete membros que pediram desligamento e justificou o aumento na composição do órgão como necessidade de "equalizar" o número de suplentes com a quantidade de titulares.

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De acordo com a pasta, o fundo penitenciário, que vinha sendo "alvo de sistemáticos contingenciamentos", foi utilizado "rigorosamente dentro" do seu escopo, que é, segundo o ministério, construção e equipagem de presídios.

O comunicado critica ainda a condução da política penitenciária do governo anterior e promete a indicação de novos conselheiros.

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"O grupo que ora se despede identificava-se com a gestão anterior. O conselho passará, ao natural, por renovação, o que proporcionará melhor compreensão do dramático cenário herdado. O descalabro penitenciário não é de hoje, não tem oito meses, mas décadas. Claro, sobretudo, foi acentuado nos últimos 14 anos. O conselho tem papel relevante no enfrentamento da situação e, agora, poderá aperfeiçoar sua contribuição, não apenas no diagnóstico da situação, mas, também, com medidas efetivas e corretivas", afirmou a assessoria de imprensa da pasta.

Confira aqui a íntegra da carta renúncia.

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