China abriu-se mais ao Brasil depois de Trump. Bolsonaro irá fechar?

Nem o golpe de Estado de 2016 alterou a relação comercial entre Brasil e China, tamanha a relevância que o país asiático tem para a economia nacional; os chineses, saltaram de 22,5% para 26,8% sua fatia nas exportações brasileira, em parte pela guerra comercial de Trump; por isso, entre diplomatas e empresários, entre outros, as declarações agressivas de Bolsonaro contra a China soam como, no mínimo, estapafúrdias.

China abriu-se mais ao Brasil depois de Trump. Bolsonaro irá fechar?
China abriu-se mais ao Brasil depois de Trump. Bolsonaro irá fechar?


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 - Nem o golpe de Estado de 2016 alterou a relação comercial entre Brasil e China, tamanha a relevância que o país asiático tem para a economia nacional. Os chineses, que de janeiro a outubro de 2017 já respondiam por 22,5% das exportações brasileiras, ampliaram a fatia para 26,8% nos dez primeiros meses deste ano. Por isso, entre diplomatas, empresários, nas universidades e centros de estudos sobre relações internacionais, as declarações agressivas de Bolsonaro contra a China são consideradas, no mínimo, estapafúrdias.

A guerra comercial de Donald Trump contra a China e quase todo o mundo -inclusive o Brasil- tem aprofundado a parceria entre brasileiros e chineses. já é sentida pelo Brasil, que nunca foi tão dependente das exportações para o país asiático como neste ano.

Como resultado do conflito comercial com os EUA, a China comprou mais produtos básicos brasileiros (grãos, carnes e minério, por exemplo), informam os jornalistas Marta Watanabe e Álvaro Fagundes no Valor Econômico (a íntegra aqui). Quase metade desses protudos (47,7%, ou US$ 47,3 bilhões) foi para o país asiático no acumulado até outubro, um avanço de 6,1 pontos percentuais em relação a igual período do ano passado. O desempenho fez os chineses aumentarem sua vantagem como maior parceiro comercial do Brasil. Os EUA, segundo lugar nas exportações, têm menos da metade: 12%.

continua após o anúncio

Mais ainda: a China sozinha responderá por mais da metade do superávit comercial brasileiro neste ano. De janeiro a outubro, o saldo positivo com os chineses somou US$ 25 bilhões, mais da metade do superávit de US$ 47,7 bilhões do total da balança comercial brasileira nesse período.

Desde 2001, as exportações de commodities não estavam tão concentradas em um único destino. Naquele ano, a União Europeia respondeu por 50,6% das vendas brasileiras de commodities, que somaram US$ 13,2 bilhões no período, mas em uma pauta muito menor. As commodities já representam US$ 99,2 bilhões das vendas de janeiro a outubro deste ano.

continua após o anúncio

As exportações totais para os chineses aumentaram em 28,8% neste ano (para US$ 53,2 bilhões), ritmo muito maior que os 8,5% no total das exportações - sem os chineses, a alta foi de 2,6%. A maior dependência vem num momento de tensão nas relações sino-brasileiras em razão das declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro, que durante a campanha demonstrou que vê com restrições os investimentos chineses.

Na sequência da vitória de Bolsonaro, o jornal estatal "China Daily" afirmou que o "Trump tropical" - como chamou Bolsonaro - arrisca gerar um custo pesado para a economia brasileira caso decida romper com Pequim.

continua após o anúncio

O Brasil tem sido favorecido pela guerra comercial que Trump move contra os chineses. A participação das iniciativas de Trump é inegável em dois dos três principais produtos vendidos para a China: soja e petróleo. Com a disputa comercial aberta pelo republicano contra os chineses, as vendas da oleaginosa subiram 27% em valor, para US$ 24 bilhões (em volume a alta foi próxima, de 20,4%).

O principal produto de exportação brasileiro se beneficiou da briga aberta pelo mandatário americano, de quem Bolsonaro tem buscado aproximação. Segundo o governo dos EUA, o Brasil responde por 66% das importações chinesas de soja, ante 48% na safra passada. Este avanço se deveu em grande parte aos EUA, que viram sua fatia cair em dez pontos percentuais, para 29%.

continua após o anúncio

No caso do petróleo, a participação de Trump foi indireta. O preço do barril, que no mês passado atingiu sua máxima em quatro anos, foi alimentado pelas ações do republicano, especialmente a decisão de retirar os EUA do pacto nuclear com o Irã e a retomada das sanções contra o país do Oriente Médio.

Com isso, as vendas de petróleo para os chineses cresceram 84% em valor e 57% em volume. Elas somaram US$ 11,5 bilhões até outubro e superaram com folga as de minério de ferro (US$ 8,6 bilhões). É a primeira vez em mais de 20 anos (contando o período de janeiro a outubro) que o Brasil vende mais petróleo para a China do que minério de ferro.

continua após o anúncio

Esse aumento reflete em parte uma série de acordos que a Petrobras tem feito nos últimos anos com empresas chinesas em troca de financiamento. Já em 2017, o Brasil foi o sétimo maior fornecedor de petróleo para os chineses, superando a Venezuela e ficando só atrás de tradicionais produtores como Rússia, Arábia Saudita e Irã.

Sem a China, a economia brasileira para. Bolsonaro irá comprar este risco?

continua após o anúncio
continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247