Ministério da direita retrógrada, à imagem do chefe

O ministério do futuro governo tem um perfil político e ideológico de direita, com a presença de generais em pastas estratégicas, inclusive na área política, um ministro da Economia ultraliberal e problemas que têm origem na ação do clã Bolsonaro

Ministério da direita retrógrada, à imagem do chefe
Ministério da direita retrógrada, à imagem do chefe (Foto: Arquivo/Agência Brasil)


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247 - O presidente eleito, Jair Bolsonaro, montou um ministério política e ideologicamente alinhado com as forças mais retrógradas do país, à imagem e semelhança do chefe. Mesmo os ministros escalados sob o pretexto de serem apenas tecnocratas, carregam a marca da extrema direita e vão atuar a partir de Primeiro de Janeiro de 2019 para cumprir uma agenda antidemocrática, antissocial e antinacional.

O jornal Valor traz em sua edição desta quinta-feira (13) reportagem sobre o encerramento do processo de formação do ministério de Bolsonaro. E procura caracterizá-lo, à sua maneira.

Destaca-se a presença acachapante de generais da reserva, tutelando a atividade política. A conferir se terão habilidade para contornar os inevitáveis conflitos políticos próprios do relacionamento do Executivo com o Legislativo em regime presidencialista, ou se tentarão impor-se com os métodos castrenses.

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A reportagem assinala a presença de generais na infraestrutura, área decisiva, em que a excelência é atribuída por derivação dos cursos de alto nível do Instituto Militar de Engenharia. O Valor cita apenas de passagem a designação de Paulo Guedes para o Ministério da Economia, ressalvando que o indicado não têm passagem pelo setor público.

Titular de uma das principais pastas da Esplanada em Brasília, de onde emanam decisões que afetam a vida de todos os brasileiros, Guedes será alvo de críticas e sem dúvida do combate dos movimentos sindicais e populares, não por sua inexperiência no setor público. Sua missão é reorientar por completo os rumos da vida econômica brasileira, amoldá-la inteiramente aos interesses do capital financeiro nacional e internacional, escamoteados sempre pelo eufemismo "mercado". Privatizações selvagens, corte brutal da despesa pública - de que fazem parte a reforma da Previdência Social e a aniquilação de direitos trabalhistas e sociais - estão no centro da agenda de Guedes. Sua formação acadêmica e ideológica não deixa margem a dúvidas. Ele é egresso dos chamados Chicago boys, o suprassumo do neoliberalismo, que em países como o Brasil só pode ser aplicado por meio da subserviência ao capital financeiro e do mais desbragado entreguismo.

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A reportagem não faz considerações desta natureza, mas não deixa de levantar justificadas dúvidas sobre a equipe ministerial de Bolsonaro: "A inexperiência não os desabilita, mas a junção de ex-militares, burocratas e liberais que não gostam do Estado, mas estão lá para fazê-lo funcionar, deixa um enorme ponto de interrogação sobre o futuro. Os resultados seriam até certo ponto previsíveis se houvesse um programa de governo claro".

O jornal dá ênfase a esta incógnita: "O amálgama do ministério deveria ser o programa de governo, mas não há clareza de rumos. Pouco se sabe além das indicações de campanha, como a necessidade de privatizações, combate ao déficit público e simplificação do sistema tributário - objetivos importantes, urgentes e aglutinadores de políticas de longo prazo".

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Problema dos mais sensíveis que já é motivo de lancinantes dores de cabeça no governo de transição e sem dúvida estará na origem de contradições e conflitos é a ação do clã Bolsonaro: "Há ainda um problemático ministério paralelo, que pode se superpor a outros e que ninguém controla, composto pelos filhos de Jair Bolsonaro. Dois deles foram eleitos para o Legislativo, mas agem como se fossem porta-vozes do presidente eleito e provocam curto-circuito em um esquema de poder ainda confuso. Eduardo Bolsonaro, que indicou o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, parece ter se apossado da diplomacia brasileira sem ter mandato para isso. Flávio Bolsonaro, mais discreto, trouxe problemas por procuração. Seu ex-assessor, Fabrício Queiroz, está envolvido ña movimentação de dinheiro suspeito, parte dele depositado na conta da futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O próprio Bolsonaro assumiu a paternidade do dinheiro, que seria fruto de um pagamento de dívidas que pousou na conta de sua mulher. É um embaraço antes do previsto para outro superministro, Sergio Moro, da Justiça.

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