Previdência traz o povo progressista e de esquerda de volta às ruas

Dá para ganhar essa; é possível derrubar a proposta de contrarreforma da Previdência feita pelo governo federal; essa sensação, a de que o jogo não está perdido, é seguramente um dos efeitos provocados pelo ato que encerrou, na noite de sexta-feira (22), na Avenida Paulista, o Dia Nacional de Luta em Defesa da Previdência, convocado pelas centrais sindicais e pelos movimentos sociais

Previdência traz o povo progressista e de esquerda de volta às ruas
Previdência traz o povo progressista e de esquerda de volta às ruas (Foto: Foto: Divulgação/RBA)


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FPA - Dá para ganhar essa. É possível derrubar a proposta de contrarreforma da Previdência feita pelo governo federal. Essa sensação, a de que o jogo não está perdido, é seguramente um dos efeitos provocados pelo ato que encerrou, na noite de sexta-feira (22), na Avenida Paulista, o Dia Nacional de Luta em Defesa da Previdência, convocado pelas centrais sindicais e pelos movimentos sociais.

Quatorze dias depois das manifestações do 8 de Março, os atos realizados na última sexta-feira, em mais de 120 cidades brasileiras, fazem parecer que o período de ressaca pós-eleição está sendo superado. Talvez em velocidade menor do que a brusca queda de popularidade do governo nas pesquisas, mas o fato é que a insatisfação popular vai se organizando nas ruas.

O início do ato na Paulista estava marcado para as 17 horas. Mais ou menos neste instante, chamava a atenção e balançava pés e quadris o samba-enredo da campeã Mangueira, propagado pelo único carro de som postado diante do Masp: “Brasil, meu nego/Deixa eu te contar/A história que a história não conta/O avesso do mesmo lugar/Na luta é que a gente se encontra/Brasil, meu dengo”.

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Não foi o único momento em que o Carnaval 2019 deu as caras ali na avenida. Por volta de oito da noite, enquanto lideranças sindicais e partidárias vociferavam críticas ao presidente da República e aos projetos do atual governo, os 70 mil presentes – segundo estimativas dos organizadores do ato – entoaram uma sonora sequência de “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c...”, repetindo o que haviam feito foliões por todo o Brasil durante a festa de Momo.

Em meio à fumaceira exalada das barracas de churrasquinho, à oferta de bebidas em caixas de isopor e sob um céu de chumbo que resolveu não desabar naquele fim de tarde, frustrando os ambulantes que vendiam capas e guarda-chuvas, nesse embalo os dirigentes que se revezavam ao microfone vaticinaram: se o governo insistir em querer aprovar a proposta que muda as regras das aposentadorias e afetam o sistema de Seguridade Social como um todo, vai ter greve geral no Brasil.

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“Temos uma grande chance de derrubar essa reforma”, afirmou Vagner Freitas, presidente da CUT, quase ao final do ato. “Se for votar a proposta, vamos fazer a maior greve geral da história deste país”, disse ainda o dirigente, para quem esta será a primeira grande derrota do governo.

É muito provável que se precipite aquele que considerar bravata essa fala do dirigente da CUT. O que se viu na Paulista e em diversas cidades brasileiras ontem foi uma demonstração de energia e capacidade mobilizadora algo surpreendente.

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O momento é outro. Os ataques desferidos desde o período Temer contra os movimentos sociais e o sindicalismo puderam ser notados na Paulista, sim, na figura do solitário caminhão de som – em outros tempos, costumavam ser ao menos três – e na ausência da miríade de bonés e camisetas distribuídos pelas centrais, assim como na falta dos ônibus outrora alugados para trazer delegações de outras localidades da região metropolitana. Eles não estavam estacionados nas ruas paralelas e transversais, como antigamente.

Portanto, os críticos dos “mortadelas” devem ter ficado surpresos com a afluência do povo até o tradicional vão do Masp, esparramando-se com o correr dos minutos pelas duas faixas da Paulista, entre as alamedas Casa Branca e Ministro Rocha Azevedo. Esses críticos torceram o nariz ao passar pelo fumacê das barracas de churrasquinho e provavelmente sentiram-se reconfortados ao ver que os jornalões impressos, salvo Folha de S. Paulo, ignoraram solenemente a manifestação. Torceram para que os parcos 21 segundos dedicados ao ato pela segunda edição do telejornal SP TV passassem despercebidos. Mas o espanto deles podia ser visto nos rostos contrariados de engravatados e madames apressados pelas calçadas.

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Com entonação de voz e gestos perceptivelmente inspirados na figura do presidente Lula, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos, destacou-se sobre o caminhão de som. Ao chamar o governo federal de “covarde” por não taxar os bancos e não cobrar as dívidas das empresas com a Previdência, foi bastante aplaudido.

(Por falar em Lula, ele esteve quase onipresente em faixas, camisetas, cartazes e nos discursos).

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O líder dos sem-teto também acusou o governo de “povofobia” e de sujeição aos Estados Unidos. Ao lembrar que o atual presidente afirmou nas redes sociais que as crianças de famílias que recebem ou receberam o Bolsa Família sofrem de baixo desenvolvimento intelectual e cognitivo, Boulos disparou: "Se tem alguém neste país com baixo desenvolvimento intelectual, está no Palácio do Planalto". A plateia de manifestantes veio abaixo.

 

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