Barbosa vê corrupção ativa de Valério sobre Cunha

"Licitação da contratação da SMP&B pela Câmara foi fraudulenta", cravou relator Joaquim Barbosa; ele começou seu voto pelo "núcleo publicitário"; citou explicitamente o publicitário Marcos Valério e o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha; "estão caracterizados os crimes de corrupção ativa de Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz e corrupção passiva de João Paulo Cunha", disse o relator; sessão tem intervalo

Barbosa vê corrupção ativa de Valério sobre Cunha
Barbosa vê corrupção ativa de Valério sobre Cunha (Foto: Edição/247 )


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247 - "Somente 17 mil reais de um contrato (com a Câmara dos Deputados) de dez milhões foram justificados pela empresa de Marcos Valério, a SMP&B", disse o relator Joaquim Barbosa, durante seu voto em torno do que chamou de "núcleo publicitário". Após bate-boca com o revisor Ricardo Lewandowski e votação entre os magistrados (leia abaixo), ele teve reconhecido o direito de votar "ítem por ítem" a Ação Penal 470, o chamado mensalão. Então, Barbosa começou a narrar a atuação do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha na administração da verba de divulgação da Casa. Os contratos com o jornalista Luís Costa Pinto foram citados diversas vezes, com a lembrança de que ele recebera vencimentos por intermédio da agência DNA, também de Marcos Valério. O magistrado disse que João Paulo admitiu ter recebido R$ 50 mil, sacados por sua mulher, Márcia, em agência do banco Rural de Brasília, cuja origem era a agência SMP&B, de Valério. "Mais tarde", disse Barbosa, "ele (João Paulo) afirmou que o dinheiro fora enviado pelo tesoureiro (do PT) Delúbio Soares". Seja qual fora a verdade, avançou Barbosa, isso "não afasta o fato de que ele recebeu o dinheiro em espécie". O relator disse que "não havia dúvida que o dinheiro não era do PT, mas sim da agência que fez a sua campanha. Ele (João Paulo) reuniu-se com o senhor Marcos Valério na véspera do recebimento (do dinheiro) indevido". O relator disse que Marcos Valério e seus sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz cometeram "corrupção ativa" sobre João Paulo. Isso indica que o ex-presidente da Câmara e atual candidato do PT a prefeito de Osasco poderá ser julgado por Barbosa como tendo praticado "corrupção passiva".

Barbosa insistiu, antes de declarar seu voto sobre o "núcleo publicitário", em deixar o mais claro possível a relação de intimidade profissional que havia entre Cunha e Valério.

E arrematou, depois de quase uma hora de sustentação: "Licitação da contratação da SMP&B pela Câmara foi fraudulenta", disse. "Estão caracterizados os crimes de corrupção ativa de Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz e corrupção passiva de João Paulo Cunha". Em seguindo, pediu e obteve "um intervalinho", concedido por meia hora pelo presidente Ayres Britto.

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Assista no link à sessão do STF ao vivo pela TV Justiça.

Abaixo, notícia anterior sobre esta quinta-feira 16 no STF:

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247 - Dia decisivo do julgamento da Ação Penal 470 no Supremo começa com bate-boca entre relator Joaquim Barbosa e revisor Ricardo Lewandowski. Relator afirmou que iria iniciar seu voto por "por itens, de acordo com o formulado na denúncia". Imediatamente,  Lewandowski se opôs. "A denúncia se compõe de oito ítens diferentes, e eu vou votar ítem por ítem", insistiu Barbosa. "A meu ver, se eu ler mil e duzentas páginas e o revisor ler mais mil e duzentas páginas, isso é uma aposta no caos", agregou. Lewandowski havia feito a critica ao tipo de votação proposta por Barbosa: "Isso seria aceitar os termos do procurador-geral", disse ele. "Isso é uma ofensa", reagiu Barbosa. "O sr. nunca se interessou pelo meu voto", devolveu Barbosa. Lewandowski pede leitura integral.

Ao declarar seu voto pelo sistema do julgamento, o ministro Marco Aurélio Mello falou em "pinçar" acusado por acusado, aleatoriamente, mas renegou esse processo. Ele lembrou que "um colega", o ministro Cezar Peluso, se aposenta compulsoriamente no dia 3 de setembro. Acrescentou que, se o sistema for ítem a ítem, Peluso poderá não estar mais presente antes do final do julgamento. Depois, sugeriu que questão fosse resolvida na base do "par ou ímpar".

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Celso de Melo buscou "solução para harmonizar" as duas posições. "Será a babel, será a babel", atalhou Marco Aurélio, criticando o voto ítem a ítem. "Poderíamos impor a cada juíz da Corte a estrutura de seu voto? O eminente relator diz que não, o eminente revisor também", disse Celso de Melo.

"Cada ministro adotará a estrutura de voto que considerar cabível", finalizou o presidente Ayres de Britto, determinando maioria de votos do plenário para essa fórmula, após ouvir todos os magistrados.

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"Começo pelo ítem 3, que é o mais complicado", disse, a partir de então, Joaquim Barbosa. Ele explicou que a divisão do voto foi feita por capítulos, tal como a formulação da denúncia. "Mas não cronologicamente", ressalvou, lembrando que fatos a serem julgados ocorreram alternadamente. Adiantou Barbosa que, acompanhando a estrutura da acusação, ele votará, pela ordem, sobre as acusações de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato. Citou por duas vezes o publicitário Marcos Valério, e outras duas vezes o "senhor João Paulo Cunha", ex-presidente da Câmara, dando a entender que o dono da agência SMP&B e o ex-presidente da Câmara, acusado de receber R$ 50 mil indevidamente, serão os primeiros a serem julgados (leia acima).

Abaixo, notícia anterior sobre o julgamento:

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247 – Chegou a hora da verdade. O Supremo Tribunal Federal abriu às 14h48 a sessão com a leitura do voto do relator Joaquim Barbosa, cuja extensão é calculada em mil páginas. O STF passa a avançar, sem possibilidade de retorno, nas votações em torno da Ação Penal 470, agora com 37 réus. O primeiro a ser julgado deverá ser o ex-presidente do PT e ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu. O voto de Barbosa a respeito dele deve ser duro, segundo todos os prognósticos. Só quando a sessão começar se saberá ao certo como será o formato do julgamento. Ontem, a cada definição de Joaquim Barbosa sobre pontos preliminares, o revisor Ricardo Levandowski tomava a palavra para também votar a favor ou contra, e assim, sucessivamente, todos os ministros, por manifestação oral ou simples concordância silenciosa. A tendência é a de que o julgamento prossiga dessa maneira.

No primeiro dia da leitura de seu voto, Barbosa foi tanto vencido quanto apoiado em suas principais teses. O relator foi acompanhado pela unanimidade dos ministros quando recusou pedido feio pela defesa do presidente do PTB, Roberto Jefferson, de inclusão do ex-presidente Lula na Ação Penal 470. Mas perdeu por 9 votos a 2, ao lado do ministro Luiz Fux, quando solicitou uma representação do Supremo à OAB contra três advogados que, segundo o ministro, o teriam ofendido. "Cada País tem a Justiça que merece", reclamou Barbosa após a proclamação do resultado. Ele ultrapassou com uma classificação incomum algumas alegações da defesa dos réus. "Abobrinhas", disse.

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O debate sobre ir mais ou menos rápido com o julgamento tomou conta do Supremo. Os ministros Marco Aurélio Mello, Celso de Melo e o revisor Ricardo Levandwski parecem da turma dos que querem dirimir cada ponto polêmico que surge -- e eles são muitos -- à exaustão. O relator Joaquim Barbosa, o ministro Cezar Pelluso, que será aposentado compulsoriamente em 3 de setembro, e a ministra Rosa Webber, com seu bordão "vamos para frente", parecem ser os que preferem  uma atuação mais célere.

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