PF desmontou esquema de grampos e chantagem

Um senador, um ex-ministro, dois prefeitos e dois desembargadores foram vítimas da quadrilha desarticulada nesta segunda-feira pela Polícia Federal na Operação Durkheim, que também atingiu o vice-presidente da CBF, Marco Polo del Nero; na entrevista coletiva nesta tarde, na sede da PF em São Paulo, o delegado Alberto Troncon não deu os nomes das 180 vítimas identificadas, entre cerca de 10 mil; outra quadrilha, formada por sete grupos de doleiros, movimentou mais de R$ 20 milhões só neste ano e teve 27 carros de luxo apreendidos

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Gisele Federicce _247 - Um dos responsáveis pela Operação Durkheim, que nesta segunda-feira cumpriu 33 mandados de prisão, inclusive na casa de Marco Polo del Nero, vice-presidente da CBF, o delegado da Polícia Federal Valdemar Latance Neto explicou, na tarde desta segunda-feira, o foco da ação. "Houve uma banalização completa do direito à privacidade no Brasil", disse ele. "Surpreendeu muito a grande facilidade na obtenção dessas informações sigilosas". O objetivo era variado: espionagem de concorrentes por parte de empresários e até "pessoas comuns", que suspeitavam de traição.

A quadrilha, segundo ele, era composta por um grupo que furtava dados sigilosos - envolvendo policiais (inclusive um federal), um funcionário de empresa telefônica, um gerente de uma instituição financeira e um servidor público - como extratos telefônicos, bancários e fiscais. Os pacotes com essas informações eram vendidos a preços módicos - de R$ 30 a R$ 50, não passando de R$ 300 quando chegava ao consumidor final - a grandes empresários, um grande escritório de advocacia (cujo nome também não foi citado) e a pessoas comuns.

Ao todo, 180 pessoas já foram identificadas num universo de 10 mil vítimas que tiveram seus dados violados. Entre elas, estão um senador, um ex-ministro, dois prefeitos e dois desembargadores, além de um grande banco e de uma emissora de televisão. "Essas vítimas tiveram seus sigilos devassados de forma ilegal pelo grupo criminoso", declarou Neto. Os alvos da Operação Durkheim serão indiciados por corrupção ativa, corrupção passiva, divulgação de segredo, violação de sigilo bancário e funcional, formação de quadrilha e interceptação telefônica clandestina.

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Diretor da Polícia Federal, o delegado Alberto Troncon não forneceu os nomes das vítimas para não comprometer as investigações. "A operação ainda está em andamento", disse ele. Sobre o envolvimento do presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo del Nero, alvo de uma batida policial nesta madrugada, noticiada em primeira mão pelo 247, Troncon também não deu maiores informações. Apenas informou que o envolvimento do dirigente não tem a ver com o futebol e que ele prestou depoimento nesta manhã sobre a investigação. Del Nero foi liberado em seguida.

Além dos roubos de dados sigilosos, a PF identificou, na mesma operação, outra quadrilha que atuava em paralelo, dividida por sete grupos de doleiros. Eles chegaram a movimentar, apenas em 2012, uma quantia que ultrapassa R$ 20 milhões. O objetivo era repassar, especialmente para fora do País, dinheiro de origem ilícita. "Era um sistema financeiro paralelo, que exigia uma enorme quantia de dinheiro para funcionar", informou o delegado da Polícia Federal Júlio Baida.

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Segundo ele, foi identificada quase uma centena de contas bancárias no exterior, primeiramente em Hong Kong, mas que partia para países do mundo todo. Na operação deflagrada nesta segunda-feira, a PF apreendeu 27 carros de luxo, R$ 600 mil e bloqueou 20 contas bancárias no País. De acordo com Baida, as transações semanais do grupo chegavam a alcançar R$ 1,5 milhão. Em comum aos dois grupos, um advogado atuava como intermediador e se usava de diversos contatos na Polícia Federal para roubo e venda de dados sigilosos. A PF indiciou ao todo 73 pessoas - incluindo as 33 prisões - além de 87 mandados de busca e apreensão em cinco Estados: São Paulo, Goiás, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro e no Distrito Federal.

Origem da ação

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O inquérito policial teve início em setembro de 2011 com a investigação do suicídio de um policial federal na cidade de Campinas, no interior paulista, ocorrido em dezembro de 2010. O agente havia apontado a possível utilização de informações sigilosas, obtidas em operações policiais, para extorquir políticos, suspeitos de envolvimento em fraudes em licitações.

Na coletiva desta segunda, a Polícia Federal confirmou que estão bastante convendios de que a morte do policial tenha sido suicídio e que ele o havia praticado para proteger a família de crimes que ele teria cometido e teria de responder mais para frente. A operação foi batizada de Durkheim, intelectual francês, um dos pais fundadores da sociologia, que escreveu o livro "O Suicídio", em alusão aos fatos que deram início à operação.

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