Falhou a inteligência do governo federal?

A resposta rápida do Planalto ao "caso Rose" já amenizou os efeitos da crise. Mas a operação deixa uma série de questões em aberto. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sabia? Se sabia, avisou a presidente Dilma? O ex-presidente Lula foi mesmo grampeado? O que a Polícia Federal, que mantém uma queda de braço sobre salários com o governo federal, levantou sobre a presidência da República? Para quem acha que são questões irrelevantes, um argumento: uma ação do FBI na Casa Branca jamais aconteceria sem que Barack Obama soubesse antes

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247 - A Polícia Federal, que andava sumida no início do governo Dilma, está de volta. Quando muitos achavam que as operações espetaculares, que foram a marca do governo Lula, haviam ficado para trás, os homens de preto retomaram a ação – e em grande estilo. Na sexta, a batida da PF aconteceu na presidência da República, em São Paulo. Nesta segunda, um dos alvos foi Marco Polo del Nero, o homem que seria o provável presidente da Confederação Brasileira de Futebol na Copa de 2014.

Sobre as novas ações, conduzidas pela superintendência de São Paulo, ainda há mais dúvidas do que respostas. Especialmente no que diz respeito à Operação Porto Seguro, que desarticulou uma quadrilha que vendia pareceres jurídicos no coração da máquina pública.

Eis, aqui, dez questões sobre o caso:

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1) O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a quem a PF é subordinada, sabia da operação? Aparentemente, não. Enquanto agentes cumpriam mandados na presidência da República, ele estava em Fortaleza, num encontro de ministros do Mercosul.

2) Considerando a hipótese de que soubesse, a presidente Dilma foi avisada? Pelo ar de surpresa e pelas reuniões de emergência convocadas na sexta e no sábado, ela também ficou vendida na história.

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3) Sendo assim, onde estavam os órgãos de inteligência, como a Abin, enquanto uma operação atingia o próprio gabinete presidencial em São Paulo?

4) Há algum componente de disputa interna de poder na operação? Convém lembrar que tanto o ministro Cardozo como o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams (cujo número dois foi indiciado), concorrem à mesma vaga no Supremo Tribunal Federal.

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5) O presidente Lula foi mesmo grampeado? Procede a informação de que há 122 conversas entre ele e a secretária Rosemary Nóvoa de Noronha, divulgada nesta segunda-feira pelo jornal Metro?

6) Se a operação atingiu a presidência da República, que juiz autorizou o monitoramento que ocorreu durante 19 meses?

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7) Assuntos sigilosos de Estado foram tratados?

8) O Ministério Público participou da operação?

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9) Qual é a autoridade responsável pela guarda do que monitorado na operação, como os eventuais 122 grampos que envolvem o ex-presidente Lula?

10) Há alguma relação entre a operação Porto Seguro e a queda de braço da Polícia Federal e do governo em torno de salários?

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Para quem considera essas questões irrelevantes, um alerta: nos Estados Unidos, uma operação do FBI que rondasse a Casa Branca não aconteceria sem que antes o presidente Barack Obama fosse avisado pela CIA ou pelo próprio FBI. Até para que medidas corretivas, como a demissão de funcionários corruptos, pudessem ser tomadas de forma preventiva – e sem constrangimentos.

No Brasil, a Polícia Federal é subordinada ao Ministério da Justiça. E se o ministro não sabia de uma operação desse alcance, quem está em risco é a própria presidência da República.

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