Vasconcellos a Vigilante: "aquele PT que você evocou não existe mais"

Em resposta à carta pública enviada pelo deputado distrital Chico Vigilante (PT) ao senador Cristovam Buarque (PDT), com críticas ao apoio do ex-governador do Distrito Federal à candidatura de Aécio Neves (PSDB) à presidência da República, o secretário geral do PDT no DF e 1º suplente eleito na chapa de Reguffe (PDT) ao José Carlos Vasconcellos, publicou carta em que questiona a atitude de Vigilante e faz críticas ao Partido dos Trabalhadores

Em resposta à carta pública enviada pelo deputado distrital Chico Vigilante (PT) ao senador Cristovam Buarque (PDT), com críticas ao apoio do ex-governador do Distrito Federal à candidatura de Aécio Neves (PSDB) à presidência da República, o secretário geral do PDT no DF e 1º suplente eleito na chapa de Reguffe (PDT) ao José Carlos Vasconcellos, publicou carta em que questiona a atitude de Vigilante e faz críticas ao Partido dos Trabalhadores
Em resposta à carta pública enviada pelo deputado distrital Chico Vigilante (PT) ao senador Cristovam Buarque (PDT), com críticas ao apoio do ex-governador do Distrito Federal à candidatura de Aécio Neves (PSDB) à presidência da República, o secretário geral do PDT no DF e 1º suplente eleito na chapa de Reguffe (PDT) ao José Carlos Vasconcellos, publicou carta em que questiona a atitude de Vigilante e faz críticas ao Partido dos Trabalhadores (Foto: Leonardo Araújo)


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Brasília 247 - Em resposta à carta pública enviada pelo deputado distrital Chico Vigilante (PT) ao senador Cristovam Buarque (PDT), com críticas ao apoio do ex-governador do Distrito Federal à candidatura de Aécio Neves (PSDB) à presidência da República, o secretário geral do PDT no DF e 1º suplente eleito na chapa de Reguffe (PDT) ao José Carlos Vasconcellos, publicou carta em que questiona a atitude de Vigilante e faz críticas ao Partido dos Trabalhadores.

Segundo Vasconcellos, a maioria da militância petista tem uma longa história construída na luta democrática e acaba julgada pelos atos de uma minoria, "a chamada elite partidária", que "quando podiam fazer as reformas estruturais em nosso sistema político, preferiram os métodos antes condenados para obter benefícios próprios".

"Agora professor, com a sua decisão de apoiar Aécio Neves – que é o mesmo que apoiar Fernando Henrique e sua política neoliberal – nós que sofremos tanto no governo FHC, estamos perplexos e decepcionados", afirmou Vigilante na carta publicada no dia 10 de outubro. O deputado diz ainda que a decisão do senador de declarar apoio ao tucano "muda o patamar de sua trajetória". "Isso significa que, desta vez, o senhor realmente optou pela direita. Não pertence mais ao nosso grupo de ideais. Sua defesa agora é a do capital, e a das elites deste país, a da grande mídia comercial familiar, que tanto te massacrou, quando nós te defendíamos", criticou o distrital.

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Em defesa de Cristovam, Vasconcellos afirma que seria "mais digno" questionar "quem realmente traiu o PT, a sua militância e o povo brasileiro". "Traíram o partido aqueles que se mantiveram fiéis aos seus princípios e valores ou aqueles de descumpriram compromissos, cederam às benesses do poder, roubaram ou deixaram roubar? Quem permitiu que o partido chegasse a essa situação – por ato ou por omissão – é que são os verdadeiros traidores do PT, da militância, e do povo brasileiro", diz o secretário geral do PDT-DF, que desfere críticas ainda mais incisivas a Vigilante.

"O silêncio e a complacência, de líderes como você, com os chamados malfeitos dos dirigentes partidários, na prática, é também um ato de traição. Ao deixar de combater o erro, você permitiu a desgraça de todos. Porque você se calou diante do “mensalão”, da organização criminosa, do “Petrolão” dos 3% de propina para o PT?", questionou Vasconcellos. "Não me lembro de sua indignação quando o governo do PT no DF gastou R$ 2 bilhões, com a obra superfaturada do Estádio Mané Garrincha, enquanto faltavam remédios para os doentes dos hospitais de Brasília". E, com veemência, o pedetista foi além. "Deputado, aquele PT que você evocou, não existe mais. E isso é uma pena", afirmou.

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Leia a íntegra da carta pública do secretário geral do PDT-DF, José Carlos Vasconcellos ao deputado distrital Chico Vigilante (PDT):

 

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Brasília, 14 de outubro de 2014.


Prezado Deputado Chico Vigilante,

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Ao ler a carta que você enviou ao Senador Cristovam Buarque, externando a sua indignação com o apoio dele ao Aécio Neves na campanha presidencial, tornou-se indispensável fazer alguns reparos importantes.

Não existe instituição que esteja acima do bem e do mal e que não seja passível a erros. Do mesmo modo, não há acerto que justifique desvios fundamentais de conduta.

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A maioria da militância petista tem uma longa história construída na luta democrática em torno dos melhores ideais. Com trabalho, suor e entusiasmo, venceu obstáculos que pareciam intransponíveis e conseguiu chegar até aqui com integridade e firmeza de propósito. Esses homens e mulheres de bem - que entregaram o melhor de suas vidas na construção do PT – estão sendo julgados por atos com os quais não teve nenhuma participação.

No entanto, uma pequena parte de suas lideranças, a chamada elite partidária, fraquejou ante seus compromissos. Quando podiam fazer as reformas estruturais em nosso sistema político, preferiram os métodos antes condenados para obter benefícios próprios.

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Os fins nunca justificam os meios. É por isso que, agora, o partido inteiro está pagando o alto preço do desgaste, da frustração, do desacerto, do malfeito, do desatino.

É verdade que foi pelas mãos do PT que o Cristovam adentrou na política partidária para ser Governador do Distrito Federal e, depois, Senador da República. É verdade que a militância petista foi fundamental para que isso acontecesse. Mas, também é verdade que o Cristovam foi um dos alicerces para o projeto que permitiu que o PT chegasse ao poder.

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Ao invés de atacar o Senador, mais digno da sua parte seria fazer a “mea culpa” e questionar quem realmente traiu o PT, a sua militância e o povo brasileiro.

Traíram o partido aqueles que se mantiveram fiéis aos seus princípios e valores ou aqueles de descumpriram compromissos, cederam às benesses do poder, roubaram ou deixaram roubar? Quem permitiu que o partido chegasse a essa situação – por ato ou por omissão – é que são os verdadeiros traidores do PT, da militância, e do povo brasileiro.

Esses é que devem ser os destinatários da sua indignação. E não aqueles que discordaram e discordam dos rumos e das práticas que desprezam os princípios e valores que outrora nortearam a trajetória do partido atualmente.


Não há situação política que justifique fidelidade incondicional. Quando há quebra de decoro, desrespeito às leis e às instituições é legítimo que cada um tome o seu rumo e siga de acordo com a sua consciência e seus ideais.

O silêncio e a complacência, de líderes como você, com os chamados malfeitos dos dirigentes partidários, na prática, é também um ato de traição. Ao deixar de combater o erro, você permitiu a desgraça de todos. Porque você se calou diante do “mensalão”, da organização criminosa, do “Petrolão” dos 3% de propina para o PT?

Não me lembro de sua indignação quando o governo do PT no DF gastou R$ 2 bilhões, com a obra superfaturada do Estádio Mané Garrincha, enquanto faltavam remédios para os doentes dos hospitais de Brasília.

Como justificar as recentes campanhas milionárias de deputados e de governador do PT no DF? Como justificar o dinheiro nas meias, nas cuecas e agora nos jatinhos particulares?

Como você pode criticar o Senador Cristovam Buarque ao assistir, calado, o seu partido fazer alianças com o que existe de mais podre na política brasileira e com os ultraconservadores de direita?

O PT teve a oportunidade de fazer a reforma política da qual o País precisava, mas, ao contrário, preferiu implantar um sistema de corrupção institucionalizado e tirar proveito dele. Isso sim, Deputado, é traição e crime de lesa pátria.

No DF, a soberba daqueles que ficaram embebecidos pelo poder e se sentiram acima do bem e do mal fez o partido ser expurgado do poder, já no primeiro turno das eleições 2014,através do voto direto de 80% da população. Um vexame e tanto.

Será que nem isso foi capaz de despertar a sua autocrítica?

Será que todos estão errados e só vocês, da elite partidária, estão certos?

Deputado, aquele PT que você evocou, não existe mais. E isso é uma pena.

Por isso, quero refutar, com veemência, a sua injusta acusação ao Senador Cristovam Buarque. Com a responsabilidade política que tem, o Senador externou a sua visão lúcida do processo político brasileiro.

Hoje, infelizmente, nenhuma das candidaturas presidenciais representa a mudança que o País reclama e precisa. Mas, sem sombra de dúvida, a alternância de poder que o povo vai sufragar nas urnas, irá provocar a reflexão necessária para que a nossa sociedade dê um passo adiante.

Portanto Deputado Chico Vigilante, a sua indignação não deveria ser dirigida a um amigo que tem a lucidez de enxergar os desmandos de um governo corrupto. A sua indignação deveria ser endereçada aos seus correligionários que cumprem pena na Papuda e aos que (ainda) estão fora dela sangrando a Petrobrás e sugando dinheiro público para aplicar nas campanhas milionárias, a título de se perpetuarem no poder engordarem as suas contas bancárias.

Cristovam Buarque é a liderança política que mais nos orgulha. Eleito governador uma vez, eleito e reeleito Senador com a maior votação da história do DF, sua opinião é cada vez mais considerada e respeitada. Por seu humanismo, por sua ética inabalável e por sua lealdade aos princípios democráticos, Cristovam Buarque tornou-se um líder político maior - referência para o DF e para o Brasil. Merece mais do que nosso respeito, nosso agradecimento e nossa deferência.

Espero que o PT e você reconheçam seus erros e reencontrem seus caminhos. No DF e no Brasil.


José Carlos Vasconcellos
Secretário Geral PDT – DF
1º Suplente de Senador Eleito

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