Com distritão, Cunha pode ter 1ª derrota na Câmara

Com ou sem aprovação de um texto final pela comissão de reforma política na segunda (25), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), promete colocar em votação no plenário, no dia seguinte, o primeiro ponto da reforma, o sistema eleitoral; e, de acordo com a colunista do 247, Tereza Cruvinel, ele poderá sofrer sua primeira derrota, desde que assumiu o cargo e passou efetivamente a comandar a agenda da Casa, uma vez que sua proposta, o distritão, não deve ser aprovada; o modelo sequer conta com o apoio integral do PMDB e enfrenta resistências de outros outros partidos e críticas ferozes de setores organizados da sociedade; se o distritão for rejeitado, outras propostas serão destacadas, inclusive o voto em lista fechada, defendido pelo PT,  mas também sem chances de aprovação

DF - REFORMA POL�TICA/COMISS�O - POL�TICA - O presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), durante   instala��o da comiss�o especial designada para apreciar uma proposta   de emenda � Constitui��o (PEC) da reforma pol�tica, em Bras�lia,   nesta ter�a-fe
DF - REFORMA POL�TICA/COMISS�O - POL�TICA - O presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), durante instala��o da comiss�o especial designada para apreciar uma proposta de emenda � Constitui��o (PEC) da reforma pol�tica, em Bras�lia, nesta ter�a-fe (Foto: Valter Lima)


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Por Tereza Cruvinel

 Com ou sem aprovação de um texto final pela comissão de reforma política na segunda-feira, 25, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, promete colocar em votação no plenário, na terça-feira, o primeiro ponto da reforma, o sistema eleitoral. E poderá sofrer sua primeira derrota, desde que assumiu o cargo e passou efetivamente a comandar a agenda da Casa. A primeira proposta a ser votada será a do sistema eleitoral majoritário para deputados, o chamado distritão,  mas ela não conta sequer com o apoio integral do PMDB de Cunha. Enfrenta resistências de outros outros partidos e críticas ferozes de setores organizados da sociedade.

O distritão é um sistema que vigora em alguns países, pelo qual são eleitos os candidatos mais votados em cada estado. Hoje, temos o sistema proporcional, que leva em conta o total de votos obtidos por um partido ou coligação. Este total é que determina, proporcionalmente, o número de deputados conquistados pela legenda ou coligação. E com isso, as “sobras” de candidatos muito bem votados ajudam a eleger outros com baixa votação e representatividade.

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O distritão defendido pelo vice-presidente Michel Temer, por Eduardo Cunha e o presidente da comissão da reforma política, Rodrigo Maia, entre outros, tem vantagens e desvantagens. De fato garante maior representatividade e desestimula a proliferação de pequenos partidos. Mas em compensação, favorece os candidatos com mais dinheiro e estrutura de campanha, razão pela qual enfrenta forte oposição do PT e outros partidos de esquerda, como explica o deputado petista Henrique Fontana, autor de projeto de reforma que não conseguiu ser aprovado há dois anos:

– Este será o sistema em que se elegem os candidatos milionários, impedindo qualquer renovação e ampliação da participação política. Serão eleitos os que fizerem as campanhas mais caras em cada estado.

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No PMDB, uma enquete interna revelou um racha da bancada com maioria de apenas um voto a favor do sistema majoritário.  Os demais preferem que fique tudo como é hoje ou defendem outras modalidades, como o distrital misto,  preferido pelo PSDB,  pelo qual metade das cadeiras são eleitas pelo sistema majoritário e metade por distritos em que seriam divididos os estados.

Um grupo de 60 cientistas políticos, nele incluídos os nomes mais reluzentes do país nesta área de estudos, lançou manifesto contra o sistema distritão. Em depoimento na comissão especial, os cientistas políticos Jairo Nicolau, Murilo de Aragão e Rubem Barboza também fizeram duros ataques à proposta, afirmando que ela não reduz mas sim amplia a influência do poder econõmico nas eleições. OAB, CNBB e outras entidades que defendem uma outra reforma – com lista fechada de candidatos e financiamento público de campanhas – também criticaram o que o juiz Marion Reis, patrocinador do movimento “ficha limpa”, chamou de contra-reforma.

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Se o distritão for rejeitado, outras propostas serão destacadas e irão a voto, inclusive o voto em lista fechada, defendido pelo PT,  mas também sem chances de aprovação.

O ex-deputado e ex-ministro Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB, é pessimista em relação ao esforço de Cunha para aprovar a reforma política. Para que tivesse sido criado um consenso mínimo em torno de alguns pontos, diz ele, o assunto teria que ter mobilizado mais a Congresso. E, por conta do ajuste fiscal e outras questões, ele correu lateralmente até agora, sem envolver a maioria dos agentes políticos.

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