“Temos que responder aos milhões de brasileiros que não saíram às ruas”

O ex-ministro dos governos Lula e Dilma e atual presidente do Conselho Nacional de Administração do Sesi, Gilberto Carvalho, falou ontem, em Fortaleza, para uma plateia de mais de 500 pessoas. Ele fez uma avaliação crítica da atual crise enfrentada pelo governo da presidente Dilma Rousseff e mostrou-se otimista para superá-la. "O 15 de março foi a pressão, o sacolejo que precisávamos, para acordarmos...Temos que dar respostas, não para os manifestantes, mas para os milhões de brasileiros que não saíram às ruas", disse

O ex-ministro dos governos Lula e Dilma e atual presidente do Conselho Nacional de Administração do Sesi, Gilberto Carvalho, falou ontem, em Fortaleza, para uma plateia de mais de 500 pessoas. Ele fez uma avaliação crítica da atual crise enfrentada pelo governo da presidente Dilma Rousseff e mostrou-se otimista para superá-la. "O 15 de março foi a pressão, o sacolejo que precisávamos, para acordarmos...Temos que dar respostas, não para os manifestantes, mas para os milhões de brasileiros que não saíram às ruas", disse
O ex-ministro dos governos Lula e Dilma e atual presidente do Conselho Nacional de Administração do Sesi, Gilberto Carvalho, falou ontem, em Fortaleza, para uma plateia de mais de 500 pessoas. Ele fez uma avaliação crítica da atual crise enfrentada pelo governo da presidente Dilma Rousseff e mostrou-se otimista para superá-la. "O 15 de março foi a pressão, o sacolejo que precisávamos, para acordarmos...Temos que dar respostas, não para os manifestantes, mas para os milhões de brasileiros que não saíram às ruas", disse (Foto: Fatima 247)


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Ceará 247 - No auditório da UNIPACE (Assembleia Legislativa do Ceará), lotado com mais de 500 pessoas, entre militantes de partidos políticos, de integrantes de movimentos sociais, de ONGs, sindicalistas e público em geral, o ex ministro Gilberto Carvalho, um dos fundadores do PT e um dos quadros mais próximos ao ex presidente Lula, falou durante quarenta minutos sobre a conjuntura brasileira.

O evento foi promovido pelo Movimento Democracia Participativa, com o apoio da CUT, sindicatos e outras entidades.  Esse movimento surgiu há alguns meses e tem como objetivo discutir com a sociedade a questão da participação popular na vida política do Brasil e influir na definição de políticas públicas.

Também participou da mesa de debates o psiquiatra e psicanalista Valton Miranda, histórico militante de esquerda, hoje filiado aos Partido dos Trabalhadores, que integra a coordenação do Movimento Democracia Participativa. 

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Gilberto Carvalho falou sobre a crise política, meios de comunicação, relação com movimentos sociais, reforma política e destacou, abrindo o debate, que o ex presidente Lula está atento ao movimento das ruas e em um momento de ouvir muito.

Sobre a conjuntura atual ele avalia haver uma combinação de crises na economia, na governabilidade parlamentar e de valores, de ética. Segundo ele, "a crise ética desagua também para uma crise política, já que envolve partidos, parlamentares, além de funcionários públicos e de empresas". E destacou que o próprio governo, que tomou a iniciativa de fortalecer a ação da Policia Federal e do Ministério Público, é quem paga o preço como se fossem os inventores da corrupção.

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Em termos de crise econômica, Gilberto Carvalho disse que a escalada progressiva de sucesso e a ascensão social, promovida pelos governos petistas, nos últimos anos, começa a sofrer um processo de curto circuito. "A esperança de um progresso quase sem fim começa a ter problemas. Os níveis de emprego ainda são altos mas há sinais claros de crise na indústria e no crescimento deste ano. Algumas medidas tomadas pelo governo inclusive impactam na sua governabilidade social. Há um certo sentimento de que aquele sonho que tivemos durante seis ou sete anos começa a ter problemas, a refluir e há um mal estar super potencializado pela imprensa.

As críticas mais duras foram para a mídia, considerada por ele como um verdadeiro partido político, que defende interesses bastante concretos e particulares de grupos internacionais  criando um clima de negatividade no País." Se não aprofundarmos o debate sobre o papel que a mídia passou a exercer no País, não apenas como principal partido de oposição, mas como representante de interesses internacionais, de interesses que querem desestabilizar a democracia, nunca iremos resolver essa crise.

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Os meios de comunicação tiveram um papel central na mobilização para o dia 15. Um brutal processo para provocar, concitar, ampliar, inclusive nos números, e criar um clima de desestabilização chamando para o 'fora Dilma', 'fora PT' e para o impeachment. Um problema nosso é nunca termos entendido o papel do meios de comunicação. Muito aquém do tratamento democrático da informação, mas serem tornar verdadeiros partidos e defender interesses claros do capitalismo internacional".

O ex ministro mostrou-se bastante preocupado com a defesa do projeto de esquerda. "Está se criando um consenso que nós somos um mal para a democracia no País e temos que ser extirpados. Há um bombardeio direto de um padrão de informação, de um padrão de perseguição , de um padrão de política que tenta nos colocar o tempo todo com a pecha de bandidos e de ladrões".

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Gilberto Carvalho também fez uma forte auto crítica, destacando os erros cometidos pelos governos petistas, particularmente em não ter feito a reforma política quando havia melhores condições, em 2007. Ter errado na política institucional de comunicação, investindo milhões de recursos na mídia tradicional, ao invés de estimular a proliferação de pequenos meios de comunicação, à exemplo do que fizeram evangélicos e católicos, que hoje possuem seus próprios sistemas. Também fez uma avaliação crítica sobre a inclusão social promovida pelo governo, nos últimos anos.

"Se é verdade que somos vitoriosos na inclusão de milhões de brasileiros, fizemos muito pouco para mudar a cultura, no sentido de valores. No combate ao consumismo, ao sexismo e a outros valores. Na disseminação da fraternidade, da solidariedade. Nos jogamos ao consumo milhões de brasileiros, permitindo que adquirissem bens, condições de cidadania,  mas não fizemos a disputa ideológica, a disputa política. Permitimos que fossem ascendendo seguindo os mesmos valores, que nós combatíamos, de uma classe média atrasada, conservadora, com quem nós já tencionávamos naquele momento. Hoje nós pagamos um preço duríssimo. Vi jovens do Prouni contra o Bolsa Família".

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Sobre o Partido dos Trabalhadores, do qual é um dos fundadores, Gilberto Carvalho afirmou o vírus da velha política contaminou o partido e fez surgir os mesmos sinais, gestos e práticas dos outros."Foi assim que nós nos burocratizamos e nos afastamos das nossas bases.E que na medida em que nos tornamos governo tivemos dificuldade de seguir dialogando com as nossas bases, particularmente nos últimos anos.

Gilberto Carvalho finalizou a palestra propondo que o governo radicalize no combate à corrupção em medidas econômicas que ajudem a relançar o País num novo momento, criando  o impostos sobre as grandes fortunas, exigindo a transparência das empresas, e a retomada com o crescimento sem prejudicar a classe trabalhadora. " É preciso que o governo dê motivo pra nossa militância fazer a nossa defesa". Ele também defendeu a aproximação do governo com os movimentos sociais. "O governo já começa a entender isso de forma mais clara, o diálogo com a sociedade, com os movimentos sociais. Os projetos mais exitosos de políticas sociais do nossos governos foram fruto da relação tensa, dura, mas fecunda e fundamental com os movimentos sociais. O governo foi muito fechado nos últimos anos. A presidente faz uma autocrítica".

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E concluiu com a defesa da reforma política. "Finalmente, a questão da reforma política, essencial para o combate à corrupção, para fortalecimento da democracia. Espero que a presidenta tenha a clareza que nós precisamos, mais do que nunca, da reforma política, mas não da maneira como ela está sendo colocada no congresso. Nós temos que ter a capacidade de dialogar com as massas e mostrar de maneira clara,como ela é essencial para o combate à corrupção, para a democracia e começar já agora no mês de abril, para termos um grande momento nacional no 1º de Maio.

O 15 de março foi a pressão, o sacolejo que precisávamos para ir pra rua, para acordarmos".

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