Fernando Morais: "tremendo erro judiciário"

Escritor comenta o desfecho da Ação Penal 470, reafirma que o dinheiro "desviado" dos cofres públicos era da Visanet (atual Cielo) e foi usado em publicidade; ele diz ainda que os condenados foram submetidos a uma pena adicional por Joaquim Barbosa: a humilhação pública

Escritor comenta o desfecho da Ação Penal 470, reafirma que o dinheiro "desviado" dos cofres públicos era da Visanet (atual Cielo) e foi usado em publicidade; ele diz ainda que os condenados foram submetidos a uma pena adicional por Joaquim Barbosa: a humilhação pública
Escritor comenta o desfecho da Ação Penal 470, reafirma que o dinheiro "desviado" dos cofres públicos era da Visanet (atual Cielo) e foi usado em publicidade; ele diz ainda que os condenados foram submetidos a uma pena adicional por Joaquim Barbosa: a humilhação pública (Foto: Leonardo Attuch)


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247 - Fernando Morais, um dos maiores escritores e jornalistas brasileiros, concedeu uma entrevista ao blog do ex-ministro José Dirceu, na qual expressou sua visão sobre a Ação Penal 470. Leia abaixo:

Fernando, qual sua análise do julgamento?

[ Fernando Morais ] Sempre fui muito pessimista em relação ao desfecho desse processo. De todas as pessoas que estavam próximas do Zé Dirceu, do Genoino, e de outros, eu sempre fui dos mais céticos, não acreditava que isso terminaria de outra maneira. O desenrolar do processo indicava isso.

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Agora, o que mais me surpreendeu nisso tudo é essa superexposição a que estão submetidos os presos. Da forma como conduzem as prisões, os deslocamentos, parece haver a nítida intenção de expô-los à execração pública. Da forma como conduzem essas ações nada mais é do impor-lhes uma pena adicional a que eles não estavam condenados.

No auge da perseguição que sofreu de Joseph Stalin na União Soviética, Trotsky disse que “a pior das agressões a uma pessoa, a um cidadão, é expor-lhe a humilhações, porque elas desarmam o indivíduo e o agridem no essencial de sua dignidade”.

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E mesmo com a saúde frágil do Genoino…

[ Fernando Morais ] Sem falar no Genoino, de quem não quero, não posso e não consigo falar, ainda… Em qualquer parte do mundo um cardiopata como ele tem direito a tratamento, assistência médica completa, a uma internação hospitalar, a uma alimentação condizente com o seu estado. E eu li uma entrevista de uma das filhas dele dizendo que ele está comendo sanduíches, porque nem deixam a família levar-lhe comida.

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Zé Dirceu e os demais desse processo são vítimas de um aberrante, um tremendo erro judiciário. É sempre arriscado fazer avaliações políticas no calor dos acontecimentos, embora esse julgamento, desde o início do processo, seja eminentemente político. Mas, na hora que baixar a poeira, quando os ânimos serenarem, o Brasil descobrirá que nós estamos diante de um tremendo erro judiciário.

Você atuou no documentário do Raimundo Pereira “AP470 – o julgamento medieval”.

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[ Fernando Morais ] Sim, eu ajudei o jornalista Raimundo Pereira na pesquisa e na elaboração do documentário “AP 470 – o julgamento medieval” (clique aqui e confira o vídeo). Ali, com a obsessão do Raimundo pelo detalhe, pela minúcia, pela precisão, o erro judiciário fica absolutamente claro. Ele prova e comprova a exaustão que o dinheiro público dessa história, os R$ 74 milhões da Visanet, que constituem o maior montante que, dizem, foi usado no mensalão, na verdade foram empregados no pagamento de publicidade e patrocínios normais do cartão que se chamava Visa e hoje é Cielo.

No caso, a maior parte foi em pagamento de publicidade e de patrocínio às meninas do vôlei, ao tenista Guga… E boa parte desse dinheiro foi para premiar gerentes do Banco do Brasil, em bônus e prêmios porque como qualquer outro, o Banco do Brasil estabelecia cotas de venda de cartões para seus gerentes e os bonificava, os premiava quando eles as atingiam.

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A disparidade das penas também é outro dado que chama atenção. Por exemplo, Ramon Hollerbach, ex-sócio do Marcos Valério, foi condenado a 29 anos, 7 meses e 20 dias de prisão. O goleiro Bruno, do Flamengo, que mandou matar a namorada, esquartejá-la e distribuir seus restos aos cachorros, foi condenado a 22 anos de prisão. Isso dá bem a medida do que é a justiça no Brasil.

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